Final Fantasy VII Remake


Final Fantasy VII, um nome com um peso enorme na indústria dos videojogos, principalmente dos RPGs no ocidente. Lembro-me de manhãs passadas em frente da televisão a ver o Templo dos Jogos à espera de novas imagens do jogo, qualquer segundo que fosse era valioso! Antes do seu lançamento muito se falava sobre aquele que viria a ser um dos jogos mais importantes da indústria, ao ponto que depois do seu lançamento era normal ver alguém perguntar "que Final Fantasy é esse" quando jogávamos um RPG. O anúncio do Remake foi recebido de braços bem abertos e, após uma longa espera eis que nos chega finalmente às mãos!


Estamos perante a primeira de, talvez, várias partes a serem lançadas ao longo de anos, um início icónico que nos leva à cidade de Midgar, que marcou tanta gente e tornando-se o local mais icónico da série. As personagens principais, nomes como Cloud, Barret ou Tifa são facilmente reconhecidos tal como a sua demanda em enfrentar Shinra e destruir os reatores de Mako de Midgar, fonte de energia retirada ao planeta que o acaba por destruir aos poucos. Sendo o grande foco a (colossal) cidade em forma de pizza, os cenários isométricos em duas dimensões ganham toda uma nova vida, recheados em detalhe e agora imensamente habitados. Zonas que no original se resumiam a um par de ecrãs que duravam breves minutos transformam-se agora em capítulos onde passamos horas e visitamos ainda pontos da cidade que nunca havíamos entrado até agora, sequer.

Este é um Remake no bom sentido da palavra, uma nova visão sobre o clássico mantendo-se fiel ao material original e adaptando-o aos tempos modernos. As random battles por turnos transformaram-se num jogo repleto de ação frenética, com inimigos que devemos tirar partido dos seus pontos fracos. A exploração da cidade entrega-nos imensas surpresas, mesmo se conhecemos o original de uma ponta a outra. Os breves diálogos em texto transformaram-se em sequências de história cheias de momentos mais aprofundados, devidamente acompanhados por voice acting que nos fazem relacionar melhor com personagens. A própria banda sonora agora com novas músicas faz-nos facilmente viajar para Midgar, ou até mesmo no tempo, relembrando-nos de quando jogamos o original de 1997.


Os vários capítulos desenrolam-se uns atrás dos outros, sem muitas quebras entre eles e explorar os novos pontos de Midgar é uma novidade interessante. Curiosamente o meu capítulo favorito é completamente original, mas também o que menos gostei é totalmente novo, onde senti que se prolongou demasiado mesmo que desenvolvesse os personagens um pouco mais. A aventura é bastante linear até à sua conclusão, nada que surpreendesse quando pensamos na estrutura do original, sendo esta viagem enriquecida com missões secundárias, umas mais marcantes que outras, embora algumas sejam praticamente desnecessárias e pouco acrescentam. A estrutura do jogo acaba por ser uma faca de dois gumes: ao mesmo tempo que evolui imenso a cidade de Midgar, noutras ocasiões extende-se e leva-nos a vaguear ou repetir cenários e acrescentando pouco. Ainda assim pelo meio temos mini-jogos interessantes, lembrando-nos um pouco de Gold Saucer do jogo original, mesmo que não esteja aqui presente.

E o que dizer sobre os cenários e ambiente criado pelo jogo? É incrível! Mesmo que notemos que uns cenários estão mais desenvolvidos que outros: notei que tanto o primeiro capítulo como os últimos tiveram mais atenção. Mesmo que não dê para ignorar os muitos elementos, desde pessoas a partes do cenário ou texturas apareçam "do nada", ou a grande diferença de detalhe entre os personagens principais e os NPCs que dão vida a Midgar, dá um gozo tremendo re-visitar a cidade em todo o seu esplendor, poder observar em detalhe muito dos cenários antigos e até mesmo ver como evoluíram. Tentei observar ao máximo todos os locais por onde passava, são imensas as referências ainda bem vincadas, quase como se o jogo estivesse constantemente a piscar-nos o olho.

O sistema de combate é um dos pontos que mais gostei neste Remake, mesmo que em Normal não tenha encontra grandes dificuldades. É certo que bastava premir o botão de ataque para aniquilar grande parte dos inimigos comuns, mas os combates contra Bosses brilhavam em vários pontos, criando batalhas bem empolgantes! O sistema de Materia tal como os míticos Summons estão de regresso, devidamente adaptados à jogabilidade atual onde temos inclusivé novas Materia que tiram partido disso e, se não chegasse, temos ainda habilidades únicas para cada personagem que enriquecem ainda mais o combate, tal como um modo de lutar distinto dos restantes. Só peca pela inteligência artificial geralmente fraca, embora tenha passado grande parte do jogo a dar ordens constantes aos outros membros da equipa.


Talvez a grande dúvida que tinha antes de começar o Remake era o modo como a história ia-me afetar, lembrando-me do original e dos vários momentos que me deixou agarrado ao ecrã. Para além de contar com partes totalmente novas, existem alterações tanto na backstory do jogo como no desenrolar do mesmo, mas vamos por partes. Logo nos primeiros capítulos (e até mesmo na demo do jogo) podemos ver que a história e os eventos que se desenrolam não vão ser exatamente iguais aos que nos lembrávamos. Por exemplo, a Shinra é mais ativa nos seus planos e apanha-nos deprevenidos. Tendo terminado o jogo e sem entrar em grandes detalhes, existem alterações e novidades no enredo que, sinceramente, não fiquei fã. Mas ao mesmo tempo, deixa-me em pulgas para saber como vão ser os capítulos seguintes, até porque os momentos que mais gosto no original surgem depois da equipa sair de Midgar e se lançar pelo mundo fora. Tenho apenas receio que a segunda parte demore longos anos até ser lançada, mas cá a espero e, até lá, tenho aqui uma nova desculpa para pegar novamente o jogo original.

Tal como a história as várias personagens que compõem o jogo receberam um tratamento muito mais detalhado face ao jogo original, explorando melhor as suas personalidades e histórias que não existiam de todo, até agora. Juntando isto com o aparecimento de novos personagens é interessante ver o desenrolar de todos os acontecimentos e, principalmente, ver como o Cloud evolui. Este é outro dos pontos que mais gostei do jogo, Cloud tornou-se um personagem muito melhor explorado e bastante mais empático, e quem diz ele diz até mesmo outros personagens com participação mais ativa no jogo. Gostei muito de como todos eles evoluem, tendo só pena que Red XIII acabe por ser pouco explorado e tenha uma participação que deixa muito a desejar, mas ele terá o seu tempo de brilhar nos capítulos que se seguirão.


Passaram-se 23 anos desde que Final Fantasy VII chegou ao ocidente e abanou por completo a indústria, tornando o género RPG numa coisa popular, servindo de ponto de partida para muitos jogadores. Desde a tech demo na PlayStation 3 que recriava a introdução do jogo que eram muitos os que pediam por um remake deste clássico e, agora que chegou, facilmente recomendo o jogo mesmo aos que não jogaram o original, embora esses possam não perceber tão bem uma ou outra referência.

Nota: Esta análise foi efetuada com base numa cópia final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Ecoplay.

Latest in Sports