Nioh 2
Cerca de 50 anos antes do primeiro jogo, assumimos o papel de um Shiftling, uma entidade meio humana meio Yokai com poderes que vão desde transformar-se num demónio a invocar o poder de vários demónios que vamos encontrando ou derrotando pelo caminho. O personagem é totalmente criado por nós num método de criação bastante detalhado, que a qualquer momento no jogo podemos alterar por completo sem qualquer consequência. Poucos minutos depois de termos tudo pronto somos logo introduzidos ao primeiro "bicharoco" do jogo, um mid-boss que nos obriga a lembrar de tudo o que aprendemos em Nioh, quase que como tivéssemos acabado de o jogar. Estamos de volta!
Em pouco tempo recordamos os maneirismos que os Yokai tanto gostavam de abusar, reconhecer os seus movimentos e padrões de ataque para desviar, contra-atacar e dar bom uso dos Ki Pulses, um rápido premir do botão que nos recupera a barra de Ki, mais vital que a própria barra de vida: ela estando a zero não temos como atacar, deixando-nos extremamente vulneráveis a ataques que nos podem matar num só movimente. A jogabilidade é fiel ao jogo original, acompanhada por novos truques, tipos de armas ou a transformação em Yokai, sendo que todos os pontos já familiares do jogo anterior estão mais refinados. Explorar as novas armas deu-me um gozo tremendo, a Switchglaive rapidamente tornou-se na minha arma de seleção. Todas as armas, tal como outros pontos na evolução do personagem, contam com uma ótima Skill Tree recheada de truques a desbloquear e, mesmo que não tenha sofrido nenhuma evolução drástica face ao jogo anterior, temos uma grande seleção pela frente.
As habilidades de Yokai são uma ótima adição, que não nos deixa tão forte como poderíamos imaginar: demora algum tempo até nos conseguir nos transformar e mesmo essa transformação não dura assim tanto tempo, sendo que com a progressão do jogo vamos desbloqueando também novas habilidades para esta transformação. Para além de invocar o ataque de um Yokai, um truque que abusamos constantemente é o Burst Counter, um forte contra-ataque que várias vezes deixa os inimigos sem defesa, criando o momento perfeito para os atingir. Muitos dos inimigos comuns que encontramos são repetidos grande parte do jogo e grande parte deles parecem retirados do primeiro, com uma alteração cosmética. Entre eles os humanos continuam a servir de carne para canhão, derrotados em meia dúzia de ataques e servem principalmente para nos encher os bolsos de dinheiro ou equipamento.
Tão rapidamente empolgava-me de novo como recebia uma chapada de mão cheia do quão impiedoso Nioh conseguiu ser, muitas vezes pela minha aselhice mas também porque aqui a vida não nos é facilitada. Não basta subir de nível ou ter armas melhores para conseguir derrotar facilmente os bosses, há que aprender os seus movimentos quase que como uma dança, reconhecer os momentos em que nos podemos desviar e quando devemos atacar. Continua a ser gratificante quando conseguimos dominar o combate, sendo que estando melhor preparados o sentimento é ainda maior, pensando que somos "imparáveis" até levar com um rochedo e morrer esmagados contra a parede. Ou morrer queimados vivos, numa poça de veneno, paralizados, comidos vivos... são muitas as armadilhas a decorar. São também muitos os bosses a enfrentar, com boas recompensas se explorarmos todas as missões disponíveis no jogo.
A história parece um pouco contada aos saltos, com passagens de tempo que se limitam a uma data que aparece no ecrã quando avançamos nos capítulos, mas ainda assim a evolução do enredo é positivo. Não é obrigatório ter jogado o primeiro jogo, mas há pontos feitos a pensar nos que o jogaram, cujos detalhes não vou revelar. Quer avançar nas missões principais como secundárias, damos por nós a depositar várias horas na aventura, muitas horas dessas que, se forem como eu, são de todas as vezes em que foram derrotados.
Nioh 2 vem recheado de ótimos momentos de ação, muito bem acompanhados por uma sensação constante de perigo e desafio que ao mínimo descuido somos recebidos por um Game Over, mas com prática e paciência damos por nós a derrotar com facilidade os vários Yokai que nos são apresentados. Enquanto que em Nioh surgia em mim uma nostalgia por Onimusha, relembrando-me esse clássico da Capcom, agora sinto que Nioh é uma série já bem estabelecida, mesmo que tenha apenas dois jogos.