Blasphemous


Desenvolvido pelos estúdios espanhóis da The Gaming Kitchen e publicado pela Team17, Blasphemous é certamente o jogo Indie mais inquietante do ano. Um action-platformer 2D que pode ser brutal em alguns momentos, estruturado como um metroidvania e com uma forte história a rondar o mundo religioso.

A trama do jogo é passada numa terra chamada Custodia, um império religioso onde a fé satura todos os aspetos da sociedade. Toda esta religião é totalmente dedicada ao milagre da maior dor, um acontecimento divino impercetível que torna todo o pecado e culpa “manifestado de maneira visível e tangível” em todos os demais. As pessoas infligem diferentes tipos de tormentos a si mesmas, a fim de se livrarem dessa culpa, chamando-a de Penitência.

O jogador por sinal, controla um guerreiro conhecido apenas pelo “The Penitent One”, que carrega em seu poder uma espada amaldiçoada e um capacete demasiadamente alto. No início do jogo, “The Penitent One” acorda rodeado de cadáveres, todos nus, mas com o pequeno pormenor de usarem todos o mesmo capacete. Deixando esta imagem para trás, ele propõe-se a encontrar três artefactos que abrirão o caminho para a fonte do próprio milagre. Estes são os alicerces da história.


À medida que o jogador avança na terra de Custodia, irá encontrar vários itens que incluem pequenos apontamentos de “lore” ou história, bem ao estilo de Dark Souls. No entanto, a maioria destes pedaços de história parecem ser um pouco vagos e sem sentido aparente de conectividade perante os outros, ou seja, não torna uma história tão abrangente como acontece em Dark Souls. Acontece o mesmo com os itens e “upgrades” para a armadura e espada que o jogador poderá recolher, contam uma história curta, todas com o mesmo tema à volta do mundo religioso e sofrimento humano.

A jogabilidade de Blasphemous funciona de maneira semelhante a muitos outros jogos de plataforma ambientados em mundos metroidvania. Além de atacar, a defesa é muito importante e, ao seu dispor, o jogador terá um movimento que lhe permite esquivar a ataques inimigos, ou outro para realizar um “parry” evitando assim o ataque do inimigo. Ambos funcionam de maneira perfeita e são um aspeto essencial para a sobrevivência.

Em termos de habilidades, ditas mais avançadas, e “power ups” o jogador terá ao seu dispor alguns apontamentos que o ajudam na sua demanda. Não será possível ter um punhado de power ups equipados, uma vez que existe um limite de slots para cada peça de armamento.

Em “Rosary Beads”, habilidade passiva, poderá garantir proteção contra toxinas, reduzir o tempo da habilidade de dodge, aumentar a defesa do jogador entre outras. Também em jeito de atividade passiva, “Relics”, um dos exemplos possíveis é o “Blood Perpetuated in Sand”, que permite ao seu portador chegar a locais que outrora não conseguia chegar, apresentando uma plataforma à base de sangue, ou o “Shroud of Dreamt Sins” que permite ouvir as últimas palavras dos cadáveres caídos. Este último não adiciona nada de especial ao gameplay propriamente dito, apenas um pormenor que pode ajudar a envolver o jogador na atmosfera do jogo.


Já em “Prayers”, encontram-se as habilidades de ataque especiais que consomem a barra de azul, ou barra de “mana”. Por exemplo o “The Penitent One”, tem a possibilidade de atirar a sua espada, como que se de um boomerang se tratasse, em troca de uma percentagem da sua barra azul de “mana”. Outro exemplo de ataque, será a possibilidade de o jogador ter um “buff” de ataque, fazendo com que perca uma percentagem de vida em troca.

Esta barra azul, ou barra de almas, é recuperada à medida que disfere ataques ditos “normais” nos seus inimigos. Após a morte do jogador, a sua barra especial, usada para esta variedade de ataques especiais, será cortada até encontrar o ponto em que morreu e se livrar da culpa.

É necessário ter um certo nível de conforto a usar estas habilidades básicas para se conseguir defrontar de maneira satisfatória os “Bosses”. Falando em inimigos e apesar deste título ter um visual 2D, existe uma grande variedade em termos de formas e de ataques por parte das personagens inimigas. Desde bebés gigantes de olhos vendados, passando por pessoas presas a um sino que disferem ataques corpo a corpo onde é conveniente desviar-se dos mesmos, ou até um conjunto de pessoas grotescas que aparecem do subsolo e atiram pedras.

Como em qualquer metroidvania, existem ao longo da aventura vários pontos de “save” ou de restauro de vida. O jogador irá colecionando “lágrimas” conforme aniquila os seus inimigos. Estas lágrimas são utilizadas para aumentar as habilidades do jogador ou trocadas por objetos na loja.

As paisagens pixelizadas que compõem os cenários do jogo também são extremamente detalhadas e bem feitas. Tudo isto alimenta a atmosfera poderosa do jogo que é complementada com uma música ambiente minimalista mas super absorvente.


Blasphemous será facilmente um dos melhores deste ano no mundo dos Indie. Com uma jogabilidade imensamente satisfatória, um estilo de arte memorável e estruturas de mapa que fazem sentido, é um jogo obrigatório para todos os que gostam do género metroidvania.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para o PC, adquirido pelo próprio.

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