My Time at Portia


Lançado há um ano para o PC via Steam, originalmente em formato "Early Access", My Time at Portia chega agora às consolas PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch. O Meus Jogos teve acesso à versão disponível para a Xbox One, uma óptima desculpa para revisitar este mundo de fantasia e descobrir o quão melhor estará após um ano adicional de desenvolvimentos.

Este é um RPG ao estilo "sandbox" cujas referências facilmente saltam à vista. Para começar, os visuais inspirados na obra de Hayao Miyazaki, especialmente filmes como Nausicaä do Vale do Vento ou O Castelo no Céu. Depois, a história que rapidamente nos remete para Harvest Moon, pois a nossa personagem irá ter de recuperar o negócio abandonado pelo pai. Rune Factory, Animal Crossing e Minecraft são outros exemplos de grandes videojogos no DNA deste que, ainda assim, consegue ter uma identidade própria, mais focado nas construções.

Em My Time at Portia, o protagonista é herdeiro de uma oficina arruinada, pelo que terá imenso trabalho pela frente até chegar a Mestre de oficinas. A única coisa que o pai lhe deixou foi uma casa a precisar de obras e algum terreno onde poderá criar as suas próprias ferramentas de construção. Para isso, porém, terá primeiro de obter a sua licença de construtor, o que servirá como uma espécie de tutorial.


Antes de mais nada, é preciso recolher materiais. Uns galhos de madeira, umas pedras, lá fica pronto um primeiro machado e picareta, para depois se ir buscar mais madeira e melhores pedras. Com isto já é possível fazer uma fornalha e, com ela, começar a trabalhar metais e não só. Tudo funciona em ciclos de recolha de materiais e montagem. Ao fim de pouco tempo, começa a ser um problema o armazenamento, pois a pobre personagem não aguenta com tudo no bolso. Criar armários para guardar coisas em casa é uma boa solução.

Mas não só de construções se trata este jogo. Quer dizer, tudo vai lá parar na mesma, mas há mais coisas para fazer, desde caçar a cultivar, escavar ou simplesmente explorar, sem esquecer uma forte componente de socialização com os restantes habitantes deste mundo. O que seria dos seus problemas sem a oficina do protagonista? Ora, teriam de recorrer às outras oficinas rivais! Não ficou de fora uma vertente competitiva, onde o jogador terá como objetivo ser o dono da melhor oficina da região. Felizmente, para ajudar, o pai deixou todo um inventário de materiais necessários para criar tanto as ferramentas da oficina, como as construções que poderão depois servir aos habitantes de Portia.

No centro da vila é onde se encontra a maior parte das personagens. Além das diversas lojas para se tratar de compras e vendas e outros espaços sociais como a igreja ou a Câmara Municipal, muitas das interações do jogo serão feitas neste local. A relação com as outras personagens vai melhorando conforme se vai interagindo com elas, seja ao conversar, oferecer presentes ou até mesmo jogar ao pedra-papel-tesoura. Naturalmente, construir as coisas que lhes estão a fazer falta irá contribuir imenso para o seu bem-estar.


Para avançar no jogo, será também preciso explorar algumas masmorras, onde se encontram os materiais mais raros e preciosos para as construções. Aqui há uma mecânica interessante de escavação com a picareta, que permite construir túneis em busca de materiais que vai localizando no subterrâneo com a ajuda de um scanner. O ideal é visitar estes locais com muito espaço nos bolsos, mas convém trazer armas e alimentos para curar, não vá aparecer algum inimigo. Adicione-se o combate à lista de coisas para fazer neste jogo.

Há uma forte componente de RPG neste título, onde além de acumular experiência e uma árvore de skills para melhorar a personagem, há ainda várias modificações (upgrades disfarçados de mobília) que podem melhorar as suas estatísticas. A principal de todas é o "SP", que limita as ações que podem ser feitas num dia antes do protagonista ficar exausto, depois disso só lhe resta dormir e recuperar energias para o dia seguinte. Caso para dizer que uma casa arrumadinha contribui para o bem estar. Dia após dia, o tempo vai passando e, com o avançar do calendário, vão ocorrendo vários eventos na vila e na região, incluindo o passar das estações.


O jogo apresenta uma maior profundidade e complexidade do que se poderia pensar à primeira vista e consegue ser bastante envolvente, com um grafismo adorável e várias mecânicas que incentivam a jogar "só mais um bocadinho" durante horas a fio. O grande problema, transversal a tudo isto, é que a jogabilidade fica aquém daquilo que o jogo merecia. Desde movimentar a personagem até à utilização das ferramentas e o sistema de combate, passando pelos próprios menus do jogo, mais confusos do que seria preciso, tudo transmite a sensação de que poderia estar melhor. Bem melhor, em alguns destes casos.

Graficamente, a versão para a Xbox One está muito bem conseguida, com a renderização de detalhes como as plantas e os animais a acontecer a uma grande distância, praticamente até perder de vista. Em contrapartida, outras questões mais ligadas ao design do próprio jogo poderiam estar melhor conseguidas e, por vezes, a personagem parece estar a "flutuar" acima dos elementos que se encontram no chão, com um mapeamento dos cenários que nem sempre corresponde ao que os gráficos mostram no ecrã.


My Time at Portia é cativante e envolvente, mas também poderá facilmente revelar-se como repetitivo ou até mesmo aborrecido para quem não estiver familiarizado com o género. Os apreciadores irão encontrar aqui algo onde rapidamente gastarão mais de uma centena de horas, "sem dar por ela", como se costuma dizer. Haja tempo para se gastar em Portia.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Xbox One, gentilmente cedido pela Team 17.

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