Silence


Fiquei bastante curioso com o trailer do Silence. Interessado, mas não o suficiente para dar mais de 35 euros por ele. Podia escrever linhas e linhas sobre o assunto longevidade versus preço, mas não quero que esta análise seja sobre isso.

A Daedalic Entertainment criou esta experiência de narrativa à laia de um Detroit: Become Human, com uma pitada de point and click e uns puzzles engraçados. Um conto de fadas que continua o primeiro jogo The Whispered World, de 2009 (não há na Switch).

Como disse, o trailer do anúncio deixou-me curioso, encantado e interessado, mas também reticente porque só mostrava a cinematografia de Silence e nenhuma jogabilidade. Ora, isto era perigoso: ou têm muita confiança no jogo, ou o contrário e sabem que é mau. E foi por essa razão que o quis analisar, mas quando comecei a jogar tive exactamente o que o trailer mostrou: uma experiência quase toda ela cinematográfica e com pouca jogabilidade. Há quem se afaste destas mecânicas, mas os meus lábios desenhavam um sorriso à medida que me ia ambientando àquele mundo nada silencioso de Silence.


Sim, Silence tem pouco de jogo! Existem algumas decisões, escolhem diálogos; os puzzles são facílimos e podem saltá-los se quiserem e o point and click é só para avançar para a próxima cena. Até parece que os próprios produtores já sabiam o que o povo queria: desfrutar da história e o resto é paisagem. Não que haja mal nisso, eu só queria mesmo ver o que acontecia a seguir porque já estava demasiado envolvido nas aventuras do Noah e da Renie, no reino de Silence.

A história, mesmo não sendo original, lembra uma história de encantar à antiga com mundos distantes, criaturas mágicas, rainhas más e profecias. Tudo começa com os irmãos Noah e Renie a esconderem-se de um ataque aéreo. Presos num abrigo, contam com a imaginação do irmão e a sua capacidade para contar histórias até que entram na última… mas as coisas não são assim tão encantadas… Para fugirem da Rainha Falsa e dos seus Seekers, os irmãos cruzam-se com rebeldes, pedras falantes e uma lesma chamada Spot que os ajudará ao longo dos curtos capítulos.

É uma aventura de algumas horas, curta e doce, colorida e vibrante. Os visuais puxam-me para os filmes de animação. Não aqueles da Pixar todos vistosos, mas aqueles que passam directamente na televisão. Não quero dizer que sejam maus, até são bem competentes naquele contexto, mas estava sempre a pensar em jogos PS2, inícios de PS3. Já o som era irrepreensível, desde a banda sonora envolvente às vozes das personagens e aqui gostaria de sublinhar um detalhe: as vozes soavam bastante amadoras, mas não aquele amador de mau, mas de uma pessoa a conversar normalmente, principalmente a voz da Renie que era de uma inocência tal.

A minha experiência teve um saldo positivo, mas com duas nódoas: não usa o ecrã táctil, o que é uma omissão tola num point and click e, no fim do jogo, tive um bug onde as personagens passavam pelas paredes ou demoravam a carregar. A equipa de QA jogou tudo, mas cansou-se aqui.


Silence trouxe-me memórias de Over The Garden Wall – uma série com uma premissa semelhante, fez-me sentir sentimentos tristes no final e gostei do meu tempo naquele mundo. Fazem falta mais jogos assim, mas não consigo recomendá-lo àquele preço. A metade seria uma pechincha, assim tenho as minhas dúvidas, mas se quiserem arriscar, não ficam mal servidos, mas não digam que não foram avisados.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Daedalic Entertainment.

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