Metroid Prime 4: Beyond – Nintendo Switch 2 Edition


Naquilo que tem sido hábito meu, para alertar a muitos pela passagem do tempo. Metroid Prime 3: Corruption saiu há 18 anos (eu sei, adiante). Um jogo que saiu na Nintendo Wii, que usou bem o Wiimote como arma de apontar, mostrando que esse curioso método de jogo era perfeito para first person shooters. Desse jogo até ao primeiro deslumbre de um novo Metroid Prime passou-se uma década, deixando muito dos fãs da série ansiosos pela continuação, algo que ficamos à espera durante toda a vida da Nintendo Switch original.

Eis que, finalmente, chegou Metroid Prime 4: Beyond, aquele que para mim, surgia como o jogo que demonstra como se deve usar o novo modo rato da Nintendo Switch 2, ou pelo menos assim esperava. Esta é uma nova aventura de Samus Aran na primeira pessoa, pelo desconhecido e explorando os perigos de novos mundos. Sublinho aqui esta parte, pois este é uma espécie de novo começo na série Prime, não sendo preciso ter jogado qualquer um dos anteriores antes de partir para este, até porque nem têm grande forma de o fazer, atualmente.


Começamos no meio do caos, muitos tiroteios e uma invasão que coloca Samus e a Galactic Federation em perigo, com a chegada (e ataque) de Sylux, aquele que se apresenta como grande antagonista para este novo capítulo. Um começo que acaba repentinamente, pois no meio do caos somos transportados para o desconhecido, e remoto planeta Viewros, que sofreu de um Apocalipse qualquer que desconhecemos. Seja que motivo for, tinha aqui um padrão familiar com a série Metroid, novamente respeitado: o de ir parar a um local desconhecido, aventurar-me e tentar escapar de lá.

Metroid Prime 4: Beyond é fiel às suas raízes logo desde o início, ou… vá, quase todas, mas já lá chegamos. Tal como os restantes Prime, este não é bem um first-person shooter, enquadrando-se melhor como um jogo de exploração e aventura na primeira pessoa, com alguns momentos em que temos de disparar contra inimigos que nos pregam uma rasteira. Temos todo o familiar arsenal de Samus de volta, seja o nosso fiel Scan Visor que nos permite observar tudo o que nos rodeia, aos diferentes tipos de mísseis, entre novas habilidades que vamos redescobrindo à medida que exploramos o jogo. Desta vez Samus ganha poderes psíquicos, que, na prática são apenas uma nuance nova do que já conseguia fazer nos jogos anteriores, agora com alguns twists no modo como usa os seus poderes. O disparo teleguiado acaba por ser a grande novidade do jogo, que nem usei assim tanto em combate como pensava usar, mas foi muitas vezes necessário para resolver diferentes enigmas.


Todas encaixam na perfeição na jogabilidade, sendo fácil usar tudo o que é ataque e mesmo o trocar de habilidades com um botão só. Aqui o novo modo rato, possível apenas para a Nintendo Switch 2 (e essa edição do jogo), sendo o principal modo com que joguei e, só tenho a dizer: quero mais jogos assim na consola. Não propriamente o usar o comando como um rato, isso já faço há décadas ao jogar no PC, mas o modo como facilmente levantava o Joy-Con e instantaneamente mudava o modo de controlo, sem ser preciso ir a menus. Não que fosse preciso, mas em vários puzzles ou até mesmo na exploração, preferia mudar para um modo mais de "comando" pelo joystick, ou pelos movimentos do comando, que para os fãs do "velho" modo de jogo de Metroid Prime 3, ou do remaster do primeiro jogo: o pointer mode, que replica os movimentos da Nintendo Wii, está de volta e melhor que nunca! Eu é que preferi jogar como se fosse um first-person shooter num PC, embora no conforto do sofá não seja a melhor opção.

Olhando para o jogo em si, estava feliz, voltava a um Metroid Prime tal como queria, onde facilmente me perdia a analisar tudo o que era fauna, flora e antigas ruínas deixadas por uma avançada espécie alienígena, tentando conhecer melhor o planeta de Viewros. Embora não obrigatório, é assim que conhecemos melhor o mundo que exploramos, com detalhes da história que vai sendo contada deste modo, o que para quem adora jogos de exploração e aventura, tem aqui muito sumo! Os diferentes biomas são o cenário perfeito para a exploração, da densa floresta ao perigoso vulcão, uma torre cheia de eletricidade ou uma perigosa montanha gelada, e… mais locais que não vou revelar.


Disse que este jogo é fiel às suas raízes, mas há ali um ou outro ponto que acaba por fugir àquilo que tanto aprecio na série. Metroid é uma série onde estamos geralmente isolados, ao que aqui temos um leque de personagens secundárias que surgem e acompanham-nos no jogo, quebrando um pouco desse isolamento que tanto adoro no jogo. Não é terrível, continuamos com imensos momentos completamente sós até sermos relembrados que não estamos efetivamente sozinhos, o que até resultam em momentos emocionantes com estas personagens. Outro ponto que senti uma quebra com aquilo que marcou a série entra mais na exploração, que como devem saber o género metroidvania não tem ali o nome Metroid por acaso.

A exploração neste jogo é mais linear, o que não é terrível, mas perdeu-se muito daquele hábito em que revisitamos locais antigos com novas habilidades, de modo a explorar zonas previamente inacessíveis. Continua a acontecer, atenção, mas surgem em momentos tão pontuais que os NPCs até nos avisam que talvez fosse a altura perfeita para voltar a locais antigos. Também o mapa de Viewros não contribui muito para o sentimento de exploração, com um enorme deserto que vamos atravessar umas quantas vezes para progredir no jogo, perdendo um pouco aquele sentimento que tudo estava interligado, que estava habituado nos jogos anteriores. Este deserto é um local amplo para explorar com a nossa fiel mota VI-O-LA, um artefacto deixado pela raça alienígena que vamos descobrindo o que lhes aconteceu, aos poucos. Andar em cima deste veículo, principalmente com o novo fato de Samus, grita estilo em tudo o que é poros (ou, através dos vários leds, que a armadura da nossa caçadora de prémios tem)!


O deserto é amplo, tem uns quantos segredos e, em certa parte, lembra-me o Hyrule Field de The Legend of Zelda: Ocarina of Time, mas repleto de areia e uns cristais verdes que temos de apanhar pelo caminho, de modo a prosseguir com uma missão secundária. Aliás, curiosamente este Metroid Prime em vários pontos é muito mais parecido com os tradicionais jogos de Zelda, do que os recentes Breath of the Wild ou Tears of the Kingdom! Cada um dos biomas funciona como uma dungeon, com power-ups associados e bosses que nos levam a explorar habilidades que aprendemos até então, sendo que todos os combates têm também um certo quê de puzzles a resolver durante o combate. São vários os inimigos que descobrimos as suas fraquezas ao usar o scan, mostrando as suas fraquezas ou até mesmo dando dicas como lidar com determinados ataques, o que me leva um pouco atrás ao que dizia sobre o jogo.

Este é mesmo um first-person adventure game, onde os combates que acontece aqui e acolá são mais uma espécie de puzzle do que simplesmente disparar à maluca até que o inimigo tombe. Temos os típicos inimigos com pontos fracos a atacar no início da aventura, aos bosses em que temos mesmo de descobrir como lidar com eles à medida que o combate desenrola, tendo de pensar e reagir no momento. Foi extremamente gratificante quando descobria como lidar com ataques no momento, lembrando-me que todas as habilidades aprendidas devem ser consideradas, até porque há combates que me tiraram mesmo do sério face ao número de vezes que vi o ecrã de game over. Atenção, este não é um jogo difícil, mas há mesmo momentos que me irritaram porque, simplesmente, estava a levar uma tareia.


E é nisto que Metroid Prime 4: Beyond brilha, a jogabilidade continua viciante, gratificante e incrível tal como nos Prime anteriores, que dá vontade de jogar e explorar só porque sim. Ainda não descobri tudo a 100%, o jogo conta com toda uma galeria que vamos desbloqueando como recompensa da nossa exploração e, eventualmente, hei de a completar. Ainda por cima o jogo está belíssimo, onde podemos optar por uns muito fluídos 120 frames por segundo, sacrificando um pouco a resolução para o Full HD, ou abraçar antes o modo com mais detalhe visual, a 4K, ficando pelos 60 frames por segundo sempre estáveis. Foi um jogo para jogar ligado ao monitor, embora fosse jogando um pouco no modo portátil, que corre às mil maravilhas, mas isto era mesmo jogo que pedia um ecrã de maior dimensão. Dando apenas a nota que joguei apenas na Nintendo Switch 2, desconhecendo por completo como está o jogo na primeira Nintendo Switch.

Acompanhando os belíssimos visuais do jogo temos uma banda sonora tal e qual como a série habituou-nos, com melodias (literalmente) de outro mundo, com toques de fantasia e coisas alienígenas, misturando os instrumentos com coros constantes. Quando a ação apertava a música acompanhava perfeitamente, a própria exploração era seguida por músicas que evoluíam à medida que avançávamos em cada "masmorra", dando uma perfeita sensação de exploração que me agradou muito! Mesmo ao nível de voice-acting, embora Samus não diga uma única palavra, todos os diálogos eram acompanhados com vozes, mesmo que não fossem constantes, e ainda bem. Há que manter muito a sensação de (quase) total isolamento aqui. 


Só tenho pena que a aventura tenha chegado ao fim, que honestamente (e sem entrar em detalhes) fiquei algo desconsolado com a chegada dos créditos, pois queria mais neste jogo, depois da longa espera por ele. Demorei quase tanto tempo como demorei no primeiro e terceiro Metroid Prime, o que estranho a sensação de desconsolo que tive agora, mas talvez fosse mesmo fome por mais. Embora tenha perfeita noção que isso provavelmente não volta a acontecer, espero por um novo Metroid Prime daqui por uns anos, e não daqui por duas décadas. Até porque este é um novo começo da série, que traça agora como deve ser o modo rato a sair na Nintendo Switch 2, e quem melhor que esta série para mostrar "como se deve fazer bem"? São vários os detalhes que apontam que, sim, temos aqui muito mais a extrair para continuar a série Prime, mas isso é algo que prefiro discutir assim que já muitos acabaram o jogo.

É jogo que não vou abandonar tão cedo, quero muito explorar tudo o que o jogo tem a oferecer, encontrar tudo o que é power-up, upgrades e segredos espalhados por Viewros até ter a certeza que não ficou nada por descobrir, fazendo tudo isto abraçando o nível de dificuldade máxima que está ali a piscar-me o olho! Tenho perfeita noção que não fiz scan a tudo, que me falharam um par de itens e tenho umas quantas salas que não soube a solução, embora agora que estou mais artilhado, sei o que fazer. Mas… coisas a fazer numa segunda run do jogo.


Metroid Prime 4: Beyond – Nintendo Switch 2 Edition foi um regresso como deve ser aos Prime, com quase vinte anos de espera desde a conclusão das aventuras de Samus na Nintendo Wii, que agora abre o apetite por mais. Pode não chegar ao nível do primeiro Metroid Prime, mas preferi-o muito mais do que Echoes e tanto como Corruption, tendo-me divertido mais neste muito graças à jogabilidade refinada, o que me leva a querer uma "Nintendo Switch 2 Edition" da trilogia original (não faz mal pedir, certo?). Não é um jogo feito a pensar nos que procuram estar constantemente aos tiros, mas é perfeito para aqueles que adoram o sentido de exploração que a série Metroid Prime nos deu a conhecer.


De certo modo marca também a grande estreia de Samus na Nintendo Switch 2, apesar de ser um jogo também disponível na consola de 2017, que fecha assim de uma maneira incrível o ano que viu o lançamento da nova consola da Nintendo! Um jogo perfeito para a precisar de headphones na cabeça, mergulhar a fundo no mundo de Viewros e fugir ao mau tempo que o inverno traz lá fora.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch 2, gentilmente cedido pela Nintendo.


"Termino do modo como sinto que o tenho de fazer, partilhando o entusiasmo contagiante que o Telmo tinha com Metroid, principalmente com os Metroid Prime. Durante anos ele esperou impacientemente por este quarto jogo, sempre à espera de novidades onde até um novo artwork da série era motivo para renovar o hype! Lembro-me bem dos dias que dedicamos a Metroid Prime 3: Corruption, das semanas que se seguiram em que só falávamos do jogo, do dia em que o remaster do primeiro jogo chegava à Nintendo Switch. É um sentimento amargo saber que ele não pode experienciar um jogo que tanto esperou, mas, que de certo modo espero que ele possa ter acompanhado a nova aventura de Samus."

Latest in Sports