Romancing SaGa: Minstrel Song Remastered International
A história de Minstrel Song assenta no possível regresso de Saruin (não confundir com um certo Sauron), o deus do mal, derrotado num tempo longínquo pelo lendário herói Mirsa. Este recebeu as chamadas Fatestones do benevolente deus Elore, e usou-as para selar Saruin, estas que seriam depois dispersas pelo mundo de Mardias. Com a passagem do tempo, o povo começou a esquecer a guerra travada entre o bem e o mal, com apenas os cultistas de Saruin a permanecerem atentos a uma possível oportunidade para fazer o seu deus renascer. Ora é precisamente isto que o jogador deve evitar, contudo, ao contrário do que acontece em outros RPGs, a narrativa não é linear, assentando em outras pequenas histórias que eventualmente irão conduzir-nos ao duelo final com Saruin e com os seus seguidores (curiosamente, até mesmo o jogador pode ser um desses seguidores).
Este jogo não tem apenas um protagonista, mas sim oito, com cada um deles a representar uma abordagem totalmente diferente ao jogo. Primeiro temos Albert, um nobre de boa índole, filho da família que governa Isthmus Keep. Este viu a sua terra atacada por monstros, sendo enviado pelo pai para alertar o príncipe regente do reino de Rosalia, da ameaça que estas criaturas colocam. Segue-se Aisha, uma rapariga nómada dos Taralians, uma tribo que habita as estepes de Galessa. A sua vida tranquila viu-se drasticamente perturbada quando a totalidade da sua tribo foi misteriosamente raptada. Cabe-lhe então a ela a árdua tarefa de descobrir o paradeiro dos seus conterrâneos, naquele que pessoalmente creio ser o mais desafiante dos cenários desta saga.
Em terceiro temos o astuto ladrão Jamil. Este tem que resgatar a mãe de um dos elementos do seu bando, das mãos de perigosos agiotas com as quais esta se envolveu. A sua aventura começa na cidade de South Estamir. Em quarto segue-se a jovem arqueira Claudia. Uma rapariga órfã que foi criada pela bruxa da floresta de Mazewood, Eule. Claudia eventualmente deixa Mazewood e parte não apenas para descobrir o mundo, mas também as suas raízes. Em quinto temos o pirata Hawke. Derrotado em combate pelo também pirata Butcher, Hawke é vítima de ainda mais infortúnio quando a sua nau, a ironicamente apelidada de Lady Lucky, é apanhada num temporal e naufraga, o que força o famoso pirata de Coral Sea a ter que continuar as suas aventuras por terra. Esta é provavelmente a segunda melhor personagem para um principiante começar, com a primeira a ser o anteriormente mencionado Albert.
Em sexto surge a guerreia Sif, nascida na vila de Gato, é incumbida com a tarefa de restaurar o brilho da enigmática orb do dragão. Pelo meio ela tem que lidar com criaturas que infestam as grutas em torno da sua vila. Em sétimo temos o misterioso mercenário Gray que se depara com uma espada enferrujada nas profundezas de um dos muitos covis de dinossauros que existem na planície de Preston. Essa misteriosa espada fala-lhe e dá-lhe a tarefa de a restaurar à sua glória original. Por último, temos a dançarina Barbara, que recebeu das mãos da personagem cujo nome está no título, o Minstrel, uma das lendárias Fatestones.
Cada uma destas personagens representa um determinado cenário, com as suas próprias sidequests e com diferentes localizações para explorar e personagens para recrutar. Convém salientar que todos estes protagonistas podem ser recrutados em qualquer dos cenários concorrentes. Tudo irá depender das missões secundárias acedidas e completadas. Em Minstrel Song, ao contrário do que acontece com outros RPGs, o foco vai estar todo nestes objetivos, uma vez que este é um jogo aberto, no sentido de termos a possibilidade de explorar, sem termos um caminho fixado pela narrativa principal. Na verdade, por vezes só teremos acesso a essa "narrativa final" muito mais à frente no jogo. As sidequests são desbloqueadas mediante a passagem do tempo (representada por um pequeno relógio do lado inferior esquerdo, presente no menu da party), contacto com certos NPCs, entrada numa nova e inexplorada região ou conclusão de uma sidequest anterior. A conclusão bem sucedida destas missões gracejará o jogador não apenas de ouro e gemas (dois elementos fundamentais no jogo), mas também novos itens, armas e possibilidade recrutar mais aliados.
Temos presente um número bastante aceitável de personagens recrutáveis, com o próprio Minstrel a ser uma delas. De salientar que algumas dessas personagens são temporárias e eventualmente irão abandonar a nossa party (se bem que muitas podem ser recrutadas novamente). Estes aliados podem ser encontrados nas diferentes cidades, vilarejos e acampamentos que premeiam o mundo de Mardias. Pubs, barracas militares ou mesmo na praça pública, qualquer um destes locais serve para se conhecerem e recrutarem novos aliados. Esses locais encontram-se ainda repletos de NPCs cujas pistas são essenciais para não apenas conhecermos mais acerca do mundo que nos rodeia, mas também acerca de muitas das referidas sidequests nas quais estamos envolvidos. As povoações servem ainda como forma de comprar mais provisões para as nossas aventuras, melhorar ou restaurar as nossas armas, melhorar a nossa classe ou aprender novas habilidades (as proficiences) e feitiços. Tal pode ser feito através dos um dos inúmeros vendedores existentes, aprender via um dos mestres da guilda, ou simplesmente por pernoitar na Inn local. Por exemplo, no cenário de Gray, deparei-me com uma cidade inicial de Preston que tinha quatro tendas diferentes, que ofereciam uma vastidão de serviços, desde venda de armaduras, armas e itens de cura, até forging e reforging de armas.
O essencial para conseguir tirar pleno uso disso é ter uma boa quantidade de ouro e gemas. Tanto um como outro podem ser obtidos em batalhas com inimigos, após conclusão de determinadas sidequests ou via os múltiplos baús existentes nas dungeons do jogo. O ouro serve para comprar itens, armas e desboquear as proficiences, ao passo que as gemas são usadas na melhoria da classe da personagem e na obtenção de novas skills. Podemos mudar a classe da nossa personagem em qualquer altura e com isso ganharmos uma mescla de diferentes skills que nos poderão ser úteis mais adiante. Num jogo no qual o grinding não é aconselhável, uma vez que o inimigo na área onde estamos evolui connosco, o combate continua a ser fundamental, uma vez que através dele iremos aumentar a nossa proficiência com um determinado tipo de arma ou com um certo feitiço, e com isso desbloquear novas formas de ataque e defesa.
Na verdade, a jogabilidade de Romancing SaGa: Minstrel Song é de tal maneira vasto e complexo que provavelmente precisaria de partir esta análise em duas partes só para o explicar ao pormenor. Para além dos ataques singulares da nossa personagem, temos ataques conjuntos, combos, surges de poder, deflects entre muitos outros eventos que muitas vezes podem ocorrer em apenas uma batalha. Numa das minhas batalhas inicias, por exemplo, desbloqueei dois novos ataques de espada com uma das minhas personagens, o cavaleiro Galahad, apenas por estar a enfrentar inimigos fortes. O gameplay não se esgota nas lutas, mas estende-se também ao deambular pelas masmorras, com as já referidas proficiences a terem aqui uma importância essencial. Estas, que podem ser obtidas por via de um dos mestres presentes nos locais que estejamos a visitar, permite-nos o acesso a acções que passam por encontrar tesouro, esgueirarmos dos adversários, saltar, escalar, apanhar ervas, entre muitos outras. Estas habilidades abrem ainda mais o leque de possibilidades do jogo, ao permitir acesso a áreas que no início nos estariam cortadas (neste jogo o backtracking é uma certeza).
Neste jogo, os inimigos estão visíveis a maior parte do tempo, podendo ser evitados se assim desejarmos. Contudo, diferentes tipos de inimigos têm diferentes padrões de movimento, pelo que saber quais são esses padrões é uma forma importante evitar emboscadas ou os nefastos chain attacks. Estes últimos consistem em ataques levados a cabo por múltiplos grupos de inimigos, dos quais o jogador não poderá fugir.
Voltemos agora à nossa party. Esta pode ter até cinco elementos, os quais podem ocupar até três posições diferentes no terreno. A boa colocação das personagens é outro elemento essencial para o sucesso no jogo, uma vez que a eficácia ofensiva e defensiva delas depende disso. Outro ponto importante a ter em conte reside nas armas. Estas têm durabilidade, pelo que cada ato levado a cabo deve ser ponderado ou podemos acabar com uma arama partida a meio de um combate. Felizmente, as armas podem ser restauradas na Inn da nossa cidade.
Os cenários presentes são variadíssimos e luxuriantes, com muita cor e um feeling oriental em muitos deles. Eles representam bem a essência do jogo original de 1992, e mantenham a frescura do remake da PlayStation 2. O único ponto de contenção, embora seja aocâmear meu ver não muito importante, são as personagens, representadas num estilo chibi que não é tão apreciado no ocidente. Um dos pontos que de facto creio que poderia ter sido melhorado neste remaster é a questão da câmara. O facto desta ser fixa não faz propriamente sentido num jogo 3D e muitas vezes, sobretudo nas masmorras, veio dificultar a navegação (mais do que uma vez dei por mim a ser atacado por monstros que surgiram do nada, devido a isto mesmo). A presença do mapa (que tem de ser obtido no jogo) vem suavizar ligeiramente esta questão. As melodias, por sua vez, mantêm toda a sua glória e esplendor, o que juntamente com um voice acting competente elevam a experiência.
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Romancing SaGa: Minstrel Song Remastered International é um jogo difícil, cuja estrutura solta no que à progressão da história diz respeito e o seu gameplay "anti-grinding"pode afastar muitos jogadores, sobretudo os que estiverem à espera de uma experiência Dragon Quest ou Final Fantasy. Um pouco agreste por tudo isso, a novos jogadores, mas altamente aconselhável a quem esteja em busca de um novo desafio.
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Red Art Games via PressEngine.











