Projected Dreams


Todos nós, enquanto crescíamos, brincámos às sombras. Tentávamos recriar animais ou objetos apenas com as mãos. Mas, e se toda a premissa de um videojogo fosse justamente essa: reconstruir, através de sombras, os modelos formados por pequenas recordações desses momentos em que sonhávamos ser adultos, porque imaginávamos que isso nos traria independência? Podemos voltar a ser crianças?

Projected Dreams é uma experiência de puzzle serena, sem qualquer tipo de pressão. É descomplicado, intuitivo e conta uma história reconfortante, através das memórias de uma personagem chamada Senka. A narrativa é contada sem uma única linha de voz, apenas com pequenos apontamentos de texto e fotografias que ilustram momentos marcantes da sua vida.


Com uma paleta de cores suave, o jogo irradia charme por todos os poros. A estética remete para os anos 90, acompanhada por apontamentos musicais que transportam o jogador para uma época cheia de nostalgia. Até essas pequenas peças musicais surgem através de cassetes escondidas pelos diferentes cenários. Por isso, é preciso estar atento, para que não passem despercebidas.

A mecânica de jogo baseia-se na recriação de silhuetas projetadas na parede. Para isso, o jogador tem ao seu dispor todo o tipo de objetos: canecas, brinquedos, chapéus, entre outros. É necessário rodá-los, empilhá-los ou usar certas interações específicas dos vários níveis. A jogabilidade é intuitiva, mas, ao mesmo tempo profunda, exige criatividade e raciocínio espacial, especialmente à medida que novas mecânicas vão sendo introduzidas.


A narrativa desenrola-se de forma subtil, através das fotografias e das mudanças no quarto onde decorrem os níveis. O capítulo final adiciona uma carga emocional significativa, oferecendo um desfecho suave e tocante.

No geral, é uma experiência relativamente curta, demorei cerca de 3 horas a completar todos os capítulos. No entanto, planeio regressar para desbloquear todos os achievements, o que certamente me irá render mais algumas horas de jogo.


Toda a minha experiência foi feita com rato e teclado. Alguns movimentos de rotação 3D poderiam estar mais refinados, há momentos em que falta alguma precisão. Por vezes, certos objetos ficam presos ou caem fora do cenário, o que obriga a reiniciar o puzzle. Existe também algum trial and error, sobretudo quando é necessário colar elementos: se não forem colados corretamente, o puzzle tem de ser repetido desde o início. Isso pode causar alguma frustração pontual.


Projected Dreams é ideal para quem procura uma experiência de puzzle tranquila, reflexiva e com um toque artístico. Destaca-se pela sua atmosfera envolvente, nostalgia bem conseguida e design criativo dos puzzles. Apesar de alguns problemas ocasionais com a física e os controlos, é uma recomendação fácil para quem aprecia jogos do estilo, com subtileza e desafio na dose certa.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC, gentilmente cedido pela JF Games.
 

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