Tchia


Existem culturas com um folclore relacionado com monstros variados ou até mitos ou histórias que passam de geração em geração, com o simples propósito de imprimir a ideia aos mais pequenos, que realmente ouvir os concelhos dos pais ou pessoas mais velhas, é o mais acertado a fazer. Vendo as coisas uns anos mais tarde, todos percebemos que era tudo um esquema para nos portarmos bem ou, o papão vinha aí para nos levar. Tchia é ambientado numa história que assenta nestes moldes, existe uma criatura superior com poderes mágicos que, infelizmente para os mais pequenos, provêm de uma dieta peculiar feita de crianças.

Tudo começa à volta de de uma fogueira numa ilha da Polinésia francesa, num acampamento que acolhe crianças que se encontram perdidas ou que perderam os seus progenitores, quando uma senhora de semblante cansado pela idade, começa a contar a história de Tchia e o seu mundo repleto de aventuras. Tchia não é uma criança travessa, muito pelo contrário, é bastante aventureira e amiga de seu pai. Infelizmente a sua aventura sofre um momento bastante complicado, quando o seu pai é capturado por uma entidade maligna chamada, Maevora. Rapidamente as habilidades de exploração de Tchia são postas à prova quando o seu objetivo é o de libertar o seu melhor amigo das garras deste ser maligno. Isto significa abandonar a sua pequena ilha e explorar novos ambientes ricos em diferentes espécies animais. Tudo neste título é bastante eye catching, desde a cor do céu que muda consoante as horas do dia, as paisagens de tirar o folgo e até mesmo os animais, que mesmo apresentando-se algo minimalistas, fazem o seu papel.


Tchia é uma criança especial, com um poder especial, com o qual nasceu mas que só a partir deste momento é que entende como o utilizar. A habilidade serve o principio de trocar de forma ou com um objeto ou animal. Alguns exemplos são os animais marinhos, que possibilitam atravessar locais submersos mais rapidamente, ou sem o perigo de perder o folgo, ou por exemplo pássaros, que sem dúvida, são o método de deslocação mais rápido logo a seguir ao fast travel. Relativamente aos objetos, funcionam como o método de aplicar dano a inimigos, embora este título não seja de todo focado nestes momentos, existe de facto a necessidade de derrubar alguns inimigos, de pano, espalhados pelo mapa. Ora pano não combina com fogo, logo Tchia poderá trocar de forma com um tronco em chamas de uma fogueira ou até mesmo uma candeeiro a óleo.

A exploração é sem dúvida o ponto mais forte desta aventura. A variedade e fluidez de movimentos que Tchia tem ao seu dispor, torna a vertente de exploração bastante divertida. Existe um mapa, no entanto, não é apresentado de forma tradicional. O mapa aparece limpo de qualquer ponto ou marcador, é claro que aparecerá o ponto para o qual o jogador terá de se deslocar para seguir a história principal, mas todo o conteúdo colecionável, que é secundário, encontra-se "escondido". A exploração é a chave para o desbloquear. Ao passar por um ponto especifico que contém algo colecionável ficará marcado no mapa, ou se se pretender, existe um ponto alto no mapa, bem ao jeito de um Assassin's Creed e os seus momentos de sincronização com o mapa, que desbloqueiam tudo ao longo de uma área. Ainda assim, é curioso perceber que Tchia não aparece no mapa como um pequeno ponto. Para ajudar a guiar o jogador nos primeiros momentos, existem pequenos poste de direções onde, aí sim, se o jogador interagir com os mesmos, irá aparecer a figura de Tchia no mapa a marcar o ponto preciso onde se encontra. É claro que todos os problemas e desorientações que podem existir num primeiro momento são rapidamente ultrapassados, com a ajuda de marcadores deixados pelo jogador no mapa e uma pequena bússola.  


É interessante perceber que existem pequenos minigames que conseguem colocar as habilidades do jogador à prova e que culminam num propósito diferente. É assim possível esculpirem-se máscaras num tronco de madeira que ao serem colocados no local certo, abrem a porta a locais mágicos e secretos, ou construir-se uma torre de pedras que após a sua conclusão, ensinam uma nova melodia que pode ser tocada no Ukulele, com o intuito de darem um buff momentâneo, como por exemplo, a possibilidade de ter uma bolha à volta da cabeça, permitindo aventurar-se em ambientes subaquáticos sem ter o problema de perder o folgo. Falando em Ukulele, os momentos musicais são bastante marcantes, dando a possibilidade de conexão com os povos presentes nos diferentes locais.

Ao longo dos 10 capítulos é difícil apresentar dados concretos sobre o tempo de termino da história. Na verdade, este título grita para ser explorado, muito embora a maior parte do conteúdo seja apenas estético é interessante conseguir mudar tanto a personagem como os elementos presentes no barco. Sim, existe um barco que permite atravessar o mar e chegar a novas ilhas.
 

Tchia transborda de amor e referências a uma cultura nova e, como referi, grita para ser explorado. A música, o ambiente e as habilidades de exploração, culminam numa aventura tocante e divertida para todos os que decidirem por lá passar.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Steam, gentilmente cedido pela Kepler Interactive.

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