Dredge
Lovecraft foi um génio do conto de história sobre o desconhecido, criando ambientes e momentos marcantes nas linhas dos seus livros. Esses mesmos ambientes perduram até hoje, demarcado por vários vários projetos, incluindo o mundo dos videojogos. Dredge pega em elementos deste mundo bizarro e aplica-os a um género de jogo onde a exploração e pesca estão entrelaçados no mesmo fio.
Tudo começa quando uma figura, o jogador, dá à costa da vila piscatória de Greater Marrow, que conta com a presença do imponente farol, após um fatídico acontecimento em alto mar, que deixou o seu barco bastante danificado ao ponto de estar irreparável. A ajuda vem rapidamente vinda por parte do presidente desta vila envolta em mistério, que pensa que o jogador é o novo pescador. Isto tudo porque o antigo pescador que ajudava a vila com peixe fresco, desapareceu sem deixar qualquer rasto. Neste sentido, é-lhe oferecido um novo barco, mas nem tudo é assim tão fácil já que é necessário pagar por este pequeno presente. Existe bastante peixe nas redondezas, portanto, apanhar peixe será uma tarefa até relativamente fácil, ainda que exista um pequeno se não... é importante regressar a porto antes do pôr do sol, ou o mais certo será ter-se o mesmo desfecho que o pescador anterior. O que realmente aconteceu no momento do desastre? Será que a personagem enlouqueceu no meio do nevoeiro repentino que rodeou o seu barco.
A narrativa desta aventura é contada por meio de interações pessoais entre personagens, ainda que exista sempre algo escondido entre linhas e que deixa transparecer algum desconforto entre os habitantes desta região e o que anda à espreita em alto mar no segredo da noite. Todas as peças deste puzzle serão colocadas nos pontos certos à medida que todo o mapa é explorado. O objetivo principal que move o jogador será o de capturar cinco relíquias bastante antigas espalhadas por cinco regiões diferentes. Sem dúvida que a exploração é bastante necessária e o ponto fulcral para evolução da própria embarcação. Cada região terá a sua particularidade, tanto em termos de aspeto e a sua pequena história, como todo o peixe diferente e bastante... "diferente", que pode ser capturado. Toda a exploração é inteiramente conduzida pela linha principal de história que leva o jogador a todos estes locais, mas em parte, também cabe ao jogador fazer a sua parte, ao tentar fazer sentido das mensagens deixadas em pequenas garrafas com cartas e lendo as entrelinhas de conversa derivadas das interações com as diferentes personagens.
Ainda que estranho, Dredge pode ser um jogo bastante relaxante, mas sem dúvida marcante. Existe claramente algo especial neste título que me levou a colocar horas a fios em momentos de pesca e exploração. Queria por tudo evoluir o meu barco para conseguir explorar todos os recantos mais rapidamente, ou por outro lado, conseguir fugir a todos os problemas que poderia encontrar durante a noite. Este processo não é de todo enjoativo, passo a expressão, o ambiente, a banda sonora e todos os pequenos apontamentos sonoros, como o bater das ondas no barco, o vento e os sons arrepiantes proferidos por sabe lá o que, ajudam a manter tudo super interessante.
Mecanicamente é super simples, a premissa de pesca assenta no simples click de botões no tempo certo, ainda que seja necessário o material necessário para pescar as diferentes espécies, já que estão divididas em diferentes grupos associadas a várias profundidades do oceano. Neste sentido é necessário material especifico para os capturar. Cada material de pesca, ou seja, cana de pesca ou mecanismo, objeto, relíquia ou, peixe capturado, apresenta tamanhos diferentes. A embarcação começa por ter um espaço bastante modesto para armazenar o seu conteúdo, de maneira que é necessário ter algum tipo de estratégia par armazenar todo o material de maneira mais eficaz, numa espécie de puzzle bastante interessante.
Já há algum tempo que não me debruçava sobre título que me levasse as horas sem eu dar por isso. Dredge é especial e ao longo das 14 horas que passei por lá fez tudo parecer um mimo.
