Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp

Em tempo de remakes, remasters e relançamentos, Advance Wars marcha até aos dias de hoje trazendo consigo uma dupla de jogos agora num só, neste Re-Boot Camp para a Nintendo Switch.

Como o próprio nome indica, Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp conta com todos os conteúdos dos clássicos da GameBoy Advance que há duas décadas deliciavam os fãs dos jogos de estratégia. Esta foi uma série com origem na Famicom (a NES no Japão), mas que atingiu o seu apogeu no mercado portátil nos tempos da GBA e depois na Nintendo DS, muito graças ao formato portátil que se revelou como ideal para este estilo de jogo. Advance Wars era simples, colorido, fácil de aprender mas difícil de dominar e acabou por, na prática, convencer a Nintendo que os jogos de estratégia poderiam funcionar no ocidente.

Desenvolvido pela WayForward, este é um remake que reúne Advance Wars e Advance Wars 2: Black Hole Rising, originalmente desenvolvidos pela Intelligent Systems, respeitando integralmente o conteúdo original, com todas as funcionalidades e mais algumas. Por causa da sua temática, porém, o jogo acabou por ser adiado por causa da guerra na Ucrânia, que começou pouco tempo antes da data prevista para o seu lançamento. Mais de um ano depois, o jogo prepara-se para finalmente chegar ao mercado, mas mesmo assim nota-se uma certa preocupação da Nintendo na sua promoção. Afinal, este é um jogo colorido, viciante e divertido, mas também importa referir que é tudo menos realista: acaba por ser mais parecido com o que poderia ser um jogo de tabuleiro.

De uma forma resumida, o sistema de batalha consiste em exércitos que podem contar com soldados e veículos (terrestres, aquáticos ou aéreos) que se podem deslocar pelo mapa em forma de grelha com diferentes terrenos, como estradas, florestas ou montanhas, que irão afetar tanto o movimento como o ataque e defesa de cada um. Cada exército tem a sua sede principal (HQ) e, conforme o mapa, pode ter cidades e fábricas de produção. Finalmente, cada exército tem o seu CO (comandante), com uma habilidade especial que poderá mudar o rumo da batalha. Esta é a premissa para uma infindável mistura de possibilidades e cenários onde poderão combater entre 2 a 4 exércitos, para os mais variados desafios. Mas antes de se começar a criar os próprios cenários, o ponto de partida será mesmo jogar o modo de campanha.

Neste Re-Boot Camp, a história principal divide-se pelas campanhas dos jogos originais, e os jogadores terão de completar a primeira campanha para poder aceder à história do segundo, até pelo facto de esta ser uma sequela direta. Depois de as terminar, já poderão aceder livremente a qualquer um dos níveis destas duas campanhas para tentar melhorar a pontuação ou testar um modo mais difícil. Por defeito, o jogo conta com as opções "casual" ou "clássico" disponíveis de início, mas recomendo a todos que comecem por jogar em modo clássico - é sempre possível mudar depois para mais fácil caso pretendam.

Dito isto, o jogo conta com uma história simples e leve, onde se vão estabelecendo as confianças e competições entre os diversos COs das várias regiões deste mundo. A casualidade com que fazem batalhas, por vezes só para testar os adversários, parece sempre um pouco estranha numa guerra, pelo menos até passarem a ter todos um inimigo em comum. Na primeira campanha, as missões são relativamente lineares, geralmente com o objetivo de derrotar todos os adversários ou capturar a sua sede, ou então conquistar primeiro a maioria das cidades. Já na segunda história o jogo traz desafios mais interessantes e objetivos mais variados, para além de novos COs jogáveis com técnicas muito diversas: se no primeiro os poderes eram muito à base de recuperar energia ou dar mais força ou defesa, aqui brinca-se com o poder de construção e formas alternativas de ganhar dinheiro.

Este é um verdadeiro jogo de estratégia, onde todas as decisões são importantes, incluindo o posicionamento de cada elemento do exército e jogar com as suas forças e fraquezas. Neste remake, mantendo-se fiel ao look dos jogos na GBA em termos de estética, todos os cenários parecem agora um jogo de tabuleiro, onde os diferentes tipos de "casas" se distinguem facilmente. É muito fácil, a qualquer momento, fazer zoom out de forma a ver todo o cenário, enquanto que o zoom in permite apreciar melhor os detalhes - especialmente em zonas com muitas personagens em conflito. Já os combates são apresentados em animações 3D num ecrã uma equipa de cada lado. Nada aqui é propriamente extraordinário em termos visuais, note-se, mas as personagens principais contam com belíssimas ilustrações e boas animações. Devido à sua natureza, pode afirmar-se que seja um jogo principalmente feito para jogar em modo portátil, mas tem na mesma muito bom aspeto ao jogar na TV.

Passar todos os níveis no modo de campanha com cerca de 40h de jogo no total (dependendo sempre do desempenho de cada jogador) é apenas um começo para incontáveis horas de diversão. Todos os níveis do jogo "principal" são desbloqueáveis através de uma loja onde os jogadores podem trocar os pontos obtidos no jogo por cenários e personagens que poderão depois ser utilizados para todo o tipo de desafios, sejam eles a solo contra um bot, ou em multiplayer contra os amigos. Há até vários cenários feitos de propósito para estes modos, pelo que não irá faltar conteúdo para muito mais horas de jogo.

O que faz deste um jogo praticamente "infinito" é o seu poderosíssimo modo de criação de cenários e desafios. Com um menu extremamente simples e prático, os jogadores terão aqui muito com que se divertir, quer gostem de criar os seus próprios níveis ou enfrentar os cenários elaborados por outros jogadores, já que poderão ser partilhados localmente ou através da internet.

No que diz respeito ao multiplayer, existem ao todo 3 formas diferentes para se jogar com amigos, começando pela possibilidade de todos poderem jogar todos na mesma consola, passando-a de turno a turno, sendo a opção mais simples e acessível de todas. Depois há o multiplayer entre consolas, seja online com amigos ou presencialmente em wireless local, onde aí cada jogador precisará da sua cópia do jogo. Entre partidas com amigos e desafios contra a CPU, podem contar com dezenas e dezenas de horas de diversão.

Sejam peritos de jogos de estratégia ou novatos a querer uma boa introdução para o género, Advance Wars 1+2: Re-Boot Camp é um remake que promete agradar a todos os jogadores, com um aspeto simples ao estilo de um jogo de tabuleiro e um sistema de combate fácil de aprender, mas cheio de táticas para dominar.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Nintendo.

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