Hunt the Night


Não é costume pensar muito nisto: além dos RPGs, um outro género que sou extremamente fã são de jogos de terror, ou que nos levem a mundos onde o horror é rei e o ambiente é soturno, mas parece que uma procura constante ao misturá-los não é assim tão frequente como poderia desejar. Certo, há vários e bons exemplos (já lá chegamos) que misturam bem os dois géneros num só, e quando me perguntaram se queria jogar Hunt the Night, um jogo que além de fazer isto mesmo e ainda apresentar-se como um jogo ao estilo retro, imediatamente a resposta foi “sim” sem sequer ver muito sobre o jogo.


Tenho sempre um fraquinho por jogos inspirados pelo universo retro que me leva aos velhos tempos da Super Nintendo e Mega Drive, algo que me atraiu bastante de imediato, mas que, após alguns minutos lembrou-me de também outro tipo de apostas que me vendem facilmente: uma estética muito “RPG Maker”. Com isto quero dizer jogos criados nesse já velhinho motor de desenvolvimento de RPGs onde nos finais dos anos 90 e durante a década de 2000 eram centenas de jogos que ia experimentando. Hunt the Night lembra-me imenso da estética bem vincada nessas demonstrações feitas por do género, visuais acompanhados por uma jogabilidade simples de RPG de ação em que vamos melhorando, pouco a pouco, as nossas capacidades de combate. E aqui o estúdio espanhol independente Moonlight Games trouxe muito dessa época, sem quere puxando muita da nostalgia que tenho por esses anos onde via tantas boas ideias a serem ali criadas, pequenas experiências que infelizmente nunca se tornavam num jogo completo.

Aqui acompanhamos a aventura de Vesper, membro dos “The Stalkers” cuja missão é salvar o mundo de… bem… a noite. Algo macabro corrompeu o mundo de Medhram, aniquilando a humanidade e tornando tudo numa espécie de lodo macabro rico em olhos, tentáculos, veneno, tudo de bom para facilmente nos matar. Uma série, ou até mesmo género de jogo que mistura muito bem RPGs com terror é Dark Souls e derivado, e aqui Hunt the Night tenta também ele ser um souls… até certo ponto. É uma aventura onde morremos, várias, mas várias vezes, regressando sempre ao último ponto onde gravamos, sendo sempre recebidos por um conjunto de flores vermelhas que lá nos esperam. Sei que é um género de jogo bastante popular, mas vá, nem tudo tem de ser “um Souls” e neste jogo a experiência é apenas frustrante e não desafiante, pois não nos dar as ferramentas certas. Mesmo muita da dificuldade era devido a elementos inesperados, como inimigos que apareciam do nada e atacavam-nos logo, ao que decorávamos que há umas ténues silhuetas estranhas em pontos concretos dos mapas.


Com isto não quero dizer que a jogabilidade seja má, ela é bastante interessante e à medida que progredimos vamos descobrindo novas habilidades, cenários com diferentes perigos e bosses com mecânicas bastante diferentes, mas precisa de ser refinada para lidar melhor com o que apresenta, como trabalharem melhor no modo com a nossa hitbox interage com as dos inimigos (ou talvez isto seja mais um pormenor “à Souls”). Para lidar com tudo isto temos à nossa disposição um leque de armas de curto e longo alcance que podemos melhorar, mas dei por mim a usar durante muito tempo a arma que nos dão logo no início, pois as alternativas conseguiam ser mais lentas e dar o mesmo dano. É certo que servem para se adaptarem à jogabilidade de diferentes jogadores, mas sendo um jogo retro muito se resume em ataques horizontais onde muda apenas o sprite da arma que faz esse ataque. Já as armas de longo alcance variam mais, desde o dano provocado, o alcance do ataque e até mesmo o número de balas, 6 preciosos tiros que vamos geralmente recuperando através de ataques com a nossa arma principal.

Vesper não se encontra sozinha nesta aventura contra a noite e, tem consigo, um curioso espectro de nome Umbra que se vai manifestando pouco a pouco, dando novas habilidades que tanto nos ajudam em combate como servem para desvendar puzzles. Não esperem daqui nada ao estilo dos Zelda mais tradicionais, ou até mesmo o clássico da PlayStation “The Adventures of Alundra”, um RPG de ação 2D com uma temática bem ligada ao horror, mas tem alguns puzzles curiosos…, mas até aqui faltou um pouco de criatividade. Talvez para nivelar as expetativas dou o exemplo dos primeiros puzzles do jogo, onde temos de premir coisas numa ordem específica tal como aquele puzzle irritante dos quadros, no Resident Evil original. O mais interessante é mesmo os combates contra os bosses, que nos fazem reagir de maneira diferente e pensar como e quando devemos atacar.


Tudo isto situado num mundo que está a ser consumido pelo macabro, onde devemos ter cuidado para não morrer porque tropeçamos num buraco ou usamos mal as nossas habilidades. Até porque, tal como tinha dito, a morte é frustrante e ter de recomeçar grandes partes do mapa só porque morremos contra uns 3 inimigos que apareceram do nada, não é bom. Mas teimoso como sou tentava sempre sobreviver para encontrar o próximo Save Point precioso, recuperar a vida toda e saber que, quando morrer da próxima vez começava mais à frente. Tudo isto é acompanhado por uma história simples que nos vai dando a conhecer melhor o mundo de Medhram, a história de Vesper e algumas personagens que vamos conhecendo. Como pano de fundo temos uma boa banda sonora criada por Hiroki Kikuta, compositor de Secret of Mana, que cria o ambiente certo para os diferentes cenários por onde percorremos.


Hunt the Night é um jogo indie bastante interessante, simples, mas com bastante para explorar, e não fosse a frustração em vez do desafio estaria preso ao jogo horas seguidas a melhorar as estatísticas de Vesper, melhorar o seu armamento e procurar as habilidades que melhor se adaptam à minha jogabilidade. Uma boa mistura de RPG e horror para nos entreter!


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Steam, gentilmente cedido pela PR Hound.

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