Dead Island 2


O verão está aí à porta e vocês estão à procura do local certo para passar as férias, não é? Que tal vos soa uma viagem a Hell-A? Ah e tal, há um apocalipse zombie... Exatamente! Essa é a melhor parte! Sem falar do alojamento que está mais barato que nunca.

Toda a gente se lembra do icónico trailer que vimos na E3 em 2014 para Dead Island 2, certo? Um tipo com algo que parece ser uma mordida no pulso a dar uma corrida por Venice Beach enquanto atrás dele vemos zombies a comer pessoas, edifícios em chamas, uma limusine descontrolada; caos total. E, quando reparamos, o nosso corredor já se transformou e foi decapitado por uma carrinha de sobreviventes. Se há uma franquia que é conhecida pelos seus trailers, é Dead Island, cujo jogo original contou também com um excelente clipe.

Nove anos depois, finalmente temos a oportunidade de deitar as mãos a Dead Island 2 e tenho a dizer que, estranhamente, para um jogo com menos de uma semana, o mais recente título da Dambuster Studios mostra a sua idade. Mais intrigante que isso, talvez, será o facto de que isto não é uma crítica, já que não é algo que acabe por prejudicar a qualidade de Dead Island 2.

Então, como é que um jogo que acabou de ser lançado pode "mostrar a sua idade"? Bem, a verdade é que a sequela do clássico jogo de 2011 esteve em desenvolvimento durante quase uma década, período durante o qual chegou a trocar de estúdios e esteve próximo de ser cancelado. Em 2014, quando foi anunciado, não havia muitas coisas mais populares que zombies, mas, 9 anos depois, as coisas mudaram. Felizmente, por muitas mudanças que aconteçam no mundo dos videojogos, arrisco-me a dizer que desfazer mortos-vivos com um leque de armas customizáveis que vai de uma espingarda a umas garras que fazem lembrar o Wolverine, passando por clássicos como a espada e o taco de beisebol, nunca deixará de ser divertido.

Não há muito que Dead Island 2 faça de original. O gameplay é bastante divertido, mas não é particularmente inovador. A narrativa não vai moldar a forma como os videojogos contam histórias daqui para a frente e o jogo segue muitos dos clichés e tendências popularizadas noutros jogos. No entanto, contra todas as expectativas, Dead Island 2 é um sucesso na medida em que todas as suas apostas resultam num jogo extremamente divertido, estiloso, satisfatório e francamente hilariante.

Preocupo-me sempre que uso a palavra "divertido" para descrever um jogo. A verdade é que já ultrapassámos há muito a altura em que ser divertido era suficiente para um jogo ser apreciado. Muitas vezes, utilizar esse adjetivo para descrever um jogo pode até soar um pouco condescendente, mas, neste caso, ser divertido é a melhor qualidade de Dead Island 2. Somos atirados de cabeça para a ação e não demoramos muito a conhecer as verdadeiras estrelas do jogo: os zombies. E aqui se encontra a maior conquista de Dead Island 2. A primeira vez que pisamos a cabeça de uma destas aberrações é tão satisfatória como a última. No fundo, é isto que queremos de um título como este. Poucas coisas dão mais prazer que esmagar cabeças com um taco de beisebol, destruir rótulas com uma marreta ou usar uma machete para cortar zombies a meio. Não estamos a jogar um Resident Evil ou o próximo The Last of Us. Em Dead Island 2, sentimos (quase) sempre que estamos em controlo e, em parte, é isso que faz do seu combate tão satisfatório. Nós não estamos presos em Los Angeles com os zombies, eles é que estão presos connosco.

O outro aspeto que contribui para o sucesso do combate é a variedade de armas que encontramos, bem como o nível de customização de que dispomos para as personalizar de acordo com o nosso próprio estilo de jogo. Obviamente, temos os clássicos, como o machado, o taco de beisebol ou o simples pedaço de madeira. No entanto, à medida que progredimos na história, encontramos armas cada vez mais elaboradas, como umas garras ao estilo do Wolverine ou um par de katars, uma arma de origem indiana que lembra as lâminas escondidas de Assassin's Creed. Dependendo da raridade de cada uma das armas, podemos customizá-las com um número crescente de perks e mods, que tanto fazem modificações simples, como aumentar o dano causado ou a durabilidade, como eletrificam uma katana ou fazem nascer uma junção entre uma marreta e um lança-chamas. Infelizmente, apesar do vasto leque de armas disponível, foi difícil não dar preferência a um conjunto de 3 ou 4 armas que incluía uma espingarda, um machado e um taco de beisebol, muito devido às desvantagens das outras armas, principalmente aquelas mais lentas ou que não causavam o tipo de dano que eu mais queria infligir.

No entanto, dois aspetos que realmente se destacam no combate são as habilidades que adquirimos na forma de cartas e as chamadas curveballs (molotovs, shurikens, bombas, etc.). Comecemos pelas Skill Cards, habilidades que podemos equipar em cada personagem e que ajudam a personalizar o estilo de jogo de cada um. Cada personagem começa com um par de cartas que forma a base do gameplay de cada uma delas mas, à medida que progredimos na história, desbloqueamos novas habilidades; algumas são exclusivas a certas personagens, enquanto que outras estão disponíveis para todas. Se tiveres apetite para algo mais estranho e arriscado, podes equipar certas cartas que fornecem alguns dos bónus mais potentes disponíveis, mas também trazem os seus próprios riscos. A outra ideia interessante do sistema de combate de Dead Island 2 são aquilo a que o jogo chama de curveballs, que inclui as típicas bombas, molotovs e até shurikens. No entanto, ao contrário de outros jogos em que estamos equipados com um número finito de consumíveis, existe aqui um sistema de cooldown, o que leva a um uso mais frequente dos mesmos, em vez de uma acumulação sem sentido à espera do momento certo para os usar.

Graficamente, Dead Island 2 impressiona, e brilha principalmente no que toca ao sangue e entranhas dos zombies que vamos usando para colorir as ruas de Los Angeles. O sistema de dano dinâmico proporciona momentos deliciosos, como uma tacada na cabeça que expõe um bocado do cérebro de um zombie, ou uma machada nas pernas que o obriga a rastejar na nossa direção. Os gráficos de Dead Island 2 podem ser morbidamente impressionantes nestes momentos, mas também impressionam no que toca ao estilo de "Hell-A". Acontece que Los Angeles é a cidade perfeita para este jogo. Matar zombies a torto e a direito já é bastante divertido, mas fazê-lo com algumas das localizações mais icónicas da cidade dos anjos como plano de fundo é infinitamente mais prazeroso. Felizmente, estes locais foram recriados de forma fiel e estilosa, fazendo de cada localização genuinamente interessante e visualmente distinta.

O aspeto menos interessante de Dead Island 2 acaba mesmo por ser a história. Começamos com uma breve sequência cinematográfica que nos mostra o caos que seguiu a erupção do surto zombie e que nos apresenta as seis personagens jogáveis, das quais escolhemos uma. Ao longo da história conhecemos algumas personagens interessantes, outras nem tanto, mas é claro que a narrativa não está ao nível dos outros aspetos. As primeiras horas receberam a maioria da atenção. É em Bel-Air, a primeira área que visitamos, que a Dambuster Studios se esforçou mais por construir algo interessante. Mais tarde, quando passamos pelos esgotos ou chegamos a Venice Beach, as personagens são bastante superficiais e passamos muito menos tempo com elas. Na verdade, Venice Beach foi a minha área preferida de "Hell-A", tendo ficado muito desiludido quando descobri que essa área só é palco para 2 missões principais; em menos de uma hora, o jogo já me estava a mandar para outro sítio.

Dead Island 2 não é particularmente inovador e a sua história não é muito interessante, mas a verdade é que executa com grande sucesso aquilo que se compromete a fazer. Nunca deixa de ser divertido usar o variado leque de armas que nos são oferecidas para fazer dos mortos-vivos os nossos sacos de pancada pessoais. Dead Island 2 conta com um argumento muitas vezes hilariante e, enquanto que nem todas as personagens são criações de sucesso, aquelas que receberam mais atenção acabam por ser memoráveis. Não é perfeito, longe disso, mas Dead Island 2 não tem vergonha daquilo que é; um jogo extremamente divertido, visualmente impressionante e imensamente satisfatório.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PS5, gentilmente cedido pela Ecoplay.

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