The Last of Us Parte I - Versão PC


Lançado originalmente em 2013 e após anos e anos de espera, o agora intitulado The Last of Us Parte I chega finalmente ao PC sob a tutela da marca “PlayStation games for PC”, que de forma bastante consistente tem vindo a trazer as grandes obras primas que até agora eram apenas exclusivas às consolas da Sony. 

Esta quarta versão é um port do remake do remaster do jogo original (nunca resisto!) que desde há 10 anos para cá é conhecido na indústria como a referência n.º1 no que toca à excelência do contar de uma história que de forma sublime despertou emoções e imortalizou personagens.

Num mundo pós apocalíptico este jogo conta-nos a viagem de Joel e Ellie.
Joel é um homem amargurado pela perda da sua filha no início da pandemia que mudou o mundo tal como o conhecemos e que por ironia do destino se vê agora novamente com a responsabilidade de tomar conta de uma menina. Ellie não é uma rapariga qualquer pois é no seu corpo que está a resposta para a salvação da humanidade.

Rapidamente, o que seria um “entregar de mercadoria” para Joel se transforma em algo muito mais pessoal e para Ellie, uma figura solitária, emocionalmente carente e com uma personalidade profundamente moldada pelo mundo hostil que sempre a rodeou, de igual modo começa a ver no seu parceiro de viagem uma figura paternal.

Um autêntico jackpot da Naughty Dog que, sob o comando e visão de Neil Druckman, viu o mundo dos videojogos entrar em estado de contemplação e a considerar de forma meritória este título como um dos melhores jogos de sempre.

Porventura terá sido mesmo por essa razão que este jogo já teve direito a várias versões, cada uma delas de certa forma a celebrar cada uma das novas plataformas da Sony. O jogo original saiu no fim da era PS3, o seu remaster viu a luz do dia cerca de 1 ano depois do lançamento da PS4 e também pouco mais de 1 ano depois do lançamento da PS5 tivemos direito a um update, desta vez não em forma de remaster mas de remake, fazendo atualizações mais profundas e trazendo o jogo mais em linha com os atuais padrões gráficos.

E é o port desta versão PS5 que os jogadores de PC têm direito com este lançamento e com ele o anúncio de várias funcionalidades específicas e inerentes a esta plataforma.

Tal como aconteceu em anteriores versões de jogos Playstation podemos contar com a “bruxaria” do AMD FSR 2.2 e o Nvidia DLSS que ajuda a fazer subir a contagem dos frames por segundo. Temos VSync e frame rate cap disponíveis bem como uma panóplia sem fim de opções gráficas e sonoras. Pela primeira vez podemos jogar The Last of Us em formato Ultrawide quer a 21:9 quer a 32:9.
Obviamente que o suporte DualSense está presente e nunca é demais lembrar que só podemos usufruir de todo o seu potencial ligando-o através de um cabo usb.
Quer usando teclado e rato, quer usando comando temos à disposição uma total liberdade de escolher o layout que quisermos em termos de funcionalidade de botões.

Que a qualidade do jogo é suprema já todos o sabemos por esta altura. Será que a versão PC faz jus a todo este legado?

Sim e… não!

Sim! Porque a Naughty Dog e a Iron Galaxy (estúdios que fizeram dupla na realização deste port) trouxeram para cima da mesa tudo aquilo que tinha sido prometido em termos de funcionalidades anunciadas e liberdade de opções gráficas. O jogo está lindíssimo, beneficiando de um perceptível upgrade nas texturas do jogo e nos vários sistemas de iluminação do ambiente. O Dualsense cumpre escrupulosamente o seu propósito de transmitir sensações tal como o inevitável som 3D que acrescenta substância ao ambiente já de si bastante conseguido no jogo.

Agora vamos à parte do não. E é um não bastante grande.
Toda a experiência desde o momento em que carreguei para iniciar o jogo até agora tem sido penosa. Desde cerca de 50 min. à espera que os shaders se deixassem compilar para que não houvesse problemas durante o jogo (mal sabia eu!), aos crashes que tive no jogo porque experienciei memory leaks ou porque a VRAM que o jogo pedia começava a ser gulosa demais para a minha gráfica sem que houvesse justificação aparente. Foi um festim. Saliento que já existiram relatos de jogadores que passaram mais de 2 horas no processo da compilação de shaders e nunca é demais lembrar de que a política de devolução do Steam (por exemplo) determina que essa deve ocorrer durante as 2 primeiras horas de jogo. Soa a problemas certo? Certo.

Outro dos grandes problemas deste jogo neste preciso momento é o mouse stutter. Por muitos fps’s que estejam a ser debitados a camera do rato acrescenta cortes de frames na imagem fazendo com que o jogo aparente não estar a mais do que 30/40 fps, acrescentado desconforto à experiência de teclado e rato. Aqui a solução que encontrei foi ligar o Dualsense e acrescentar um pouco de blur ao jogo amenizando assim este problema.

Juntamos a isto tudo uma flutuação errática de frames durante todo o jogo e os ocasionais drops de performance. É indiscutível que este jogo, neste estado atual, não é totalmente recomendável para a maioria dos PC’s que existem nas casas dos jogadores (fazendo fé nas estatísticas mensais que a Valve exibe).
Parece-me impossível que com a quantidade de recursos à disposição da Sony e dos seus estúdios, algo assim tenha passado todos os testes de qualidade sem que ninguém tenha dado conta que este lançamento poderia correr mal.

Entretanto consegui jogar sem problemas de maior mas para isso tive de passar bastante tempo a tentar otimizar ao máximo o jogo em relação à máquina que possuo e ir consultando as dicas e feedback da comunidade.


The Last of Us Parte I é sem margem de dúvidas um dos melhores videojogos de todos os tempos. Isso não muda na versão do PC. Quando funciona, este jogo no PC apresenta ao jogadores uma experiência superior às anteriores versões e todas as funcionalidades anunciadas para esta plataforma existem e funcionam na perfeição.

No entanto, torna-se óbvio que este jogo precisava de ter muito mais do que as 4 semanas de adiamento de que foi alvo e podemos deduzir que foi só mesmo lançado para estar dentro da janela de hype gerada pela série da HBO. Desde crashes, a stutters, a tempos de carregamentos longos e faltas de performance e otimização, a nível técnico este jogo padece de muita coisa e só um computador suficientemente potente consegue mitigar todas estas contrariedades.

A experiência premium que a Sony queria dar aos jogadores do PC acaba por falhar durante a sua janela de lançamento. Acredito piamente que assim que todos estes problemas estiverem resolvidos através de futuros updates, esta versão PC tecnicamente estará à altura da experiência narrativa que este jogo proporciona à vários anos.



The Last of Us Parte I saiu no dia 28 de março de 2023 para PC na Steam e na Epic Store.



UPDATE: Entretanto o jogo já foi alvo de 2 patches que melhoraram os tempos de carregamento do jogo, o mouse stutter e supostamente irão reduzir o número de crashes mas em ultima instância continua um jogo mal optimizado e não será em 2 ou 3 dias que conseguirão resolver esse pequeno grande pormenor.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela SIEE.

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