Company of Heroes 3


Os fãs da série Company of Heroes tiveram de esperar um bom par de anos para verem a trilogia completa. Para os mais entendidos na matéria, diz-se que o primeiro título deste série é um das experiências mais importantes no que toca ao género de Real Time Strategy e o que de certa maneira o começou a moldar. Não tendo qualquer tipo de linha de história conjunta, este para mim foi a primeira experiência no seu campo de batalha que conta com um modo de campanha extenso, em dois locais bastante diferentes entre si, o campo de batalha no Norte de África e a bela Itália.

Company of Heroes 3 apresenta-se com imenso conteúdo para ser desbravado pelo jogador, quer seja ele mais hardcore ou mais casual nestas andanças, existe conteúdo e obstáculos para serem abatidos em todos os seus recantos. Com o seu modo multiplayer que permite combater em guerras 1vs1 ou até 4vs4 jogadores diferentes e uma campanha que de desdobra em dois ramos diferentes de história, contando com as típicas missões em Real Time Strategy.


A Campanha Sul Africana é bastante linear, onde o jogador terá de seguir as indicações dadas pelo comandante e avançando numa espécie de missões guiadas. No geral cada missão é bastante satisfatória, embora a o modo de jogo seja sempre o mesmo, o approach a cada situação é sempre diferente, de maneira que cada missão apresenta-se sempre fresca, desafiando a estratégia do jogador de alguma forma. Existem missões onde é necessário proteger áreas, e outras onde é necessário proceder-se ao ataque de posições de interesse antes de se partir para o ataque final à base do inimigo.

Um aspeto super interessante é como a narrativa desta campanha é contada. O jogador receberá indicações de Erwin Rommel, general do Corpo Africano Alemão (Afrikakorp), no entanto, as cutscenes mostram a perspetiva do povo judeu que luta do lado da resistência. Mesmo tendo de chegar ao objetivo proposto pela campanha é de facto criado um paralelismo que foca os horrores aplicados na época pelos Nazis e como as suas ações afetaram as pessoas.


Noutro prisma, a Campanha Italiana é bastante mais robusta em termos de mecânicas, e leva o jogador a controlar as Forças Aliadas, na sua demanda por Itália com o intuito de controlar novamente Roma. Esta não é uma missão tão linear, já que é apresentado um mapa enorme, bem ao jeito de um Total War, que permite ao jogador deslocar-se e embarcar em combates ao seu belo prazer.

A narrativa será apresentada por meios de diálogos entre 3 generais, no entanto, este será o ponto secundário nesta aventura já que as mecânicas apresentadas neste modo são o aspeto que mais saltam à vista. O jogador terá a possibilidade de controlar companhias, sejam elas de homens a pé, tanques, ou até mesmo barcos com a possibilidade de bombardear localizações até um certo range. Em todos estes casos é apresentado uma distâncias para se deslocar diferentes, como um jogo de tabuleiro, com o intuito de controlar zonas ou destruir as companhias de inimigos, enquanto procedem para o ponto principal. 


Embora em alguns combates seja possível clicar na opção de proceder ao combate de forma automática sem qualquer intervenção do jogador, indicado para situações onde o jogador terá uma vitória garantida, para se controlar certos pontos chave é necessário entrar-se em combate direto, que pode consistir em missões com objetivos diferentes ou em modo skirmish. Em todos os casos o jogador terá de delinear uma estratégia consistente para levar a melhor sobre o seu inimigos, em mapas construídos de forma sublime. Estes mapas estão repletos de edifícios, que apresentam refugio a ambas as tropas, zonas de cidade mais apertadas, onde é extremamente importante o posicionamento de tropas em locais estratégicos para evitar estratégias de flanqueamento por parte do inimigo. Tive de repetir algumas missões e repensar a estratégia em certos momentos da ação.

Embora algo lento e com imensa falta de informação em certas mecânicas do mapa e generais, esta Campanha deixou-me tremendamente engaged e com o fervor de controlar diferentes pontos do mapa, deixando as forças inimigas cada vez mais desgastadas. Como referi, este modo pode ser abordado de maneira mais linear ou com o intuito de explorar o mapa ou, controlar cada cidade apresentada no mapa. Neste sentido é difícil apontar o número de horas para o seu término e dependerá sempre da abordagem feita por cada jogador.


Existem 3 generais com o intuito de ajudar o jogador a delinear um plano estratégico e que eventualmente terão acesso a missões secundárias. Cada general terá acesso a uma espécie de skill tree e ao aceitar-se as suas indicações é possível avançar na mesma recolhendo os seus benefícios. No entanto, isto poderá levar ao descontentamento de outro general e com isso a barra de relacionamento baixará. O problema é que não é apresentado a experiência ou a consequente perda de relacionamento que poderemos ter por cada ação.  

O modo multiplayer é um salve-se quem puder. Preparem-se para imprimir algumas horas neste modo, já que se um simples jogo pode tornar-se bastante extenso. Infelizmente não consegui encontrar uma sala 4vs4, mas mecanicamente este jogo consegue sugar qualquer um. A ideia não é só lançar filas de companhias para a linha da frente do combate. Cada companhia apresenta variações, como a possibilidade de lançar granadas, mudar o tipo de arma para bazucas para encontros contra tanques inimigos e até mesmo os tanques podem ser controlados manualmente, dando uma profundidade que nunca antes me tinha cruzado.


O combate de Company of Heroes 3 é super imersivo e apresenta uma linha de aprendizagem bastante elevada para quem realmente se permitir gastar umas horas a aprender mais sobre este título. Sem ter qualquer tipo de comparação com os títulos anteriores, o modo Campanha é bastante completo e interessante, principalmente sobre as mecânicas de jogo de tabuleiro presentes da Campanha Italiana.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Steam, adquirido pelo próprio.

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