Scars Above

O género Sci-fi começa a interessar cada vez mais mais pessoas e com a procura começa a existir mais conteúdo relacionado com um tema que pode ser bastante tricky de acertar. O sucesso de Returnal veio cimentar esta afirmação e com eles muitos se inspiraram e tentaram beber ideias para criar os seus mundos. Scars Above vem um pouco nessa linha, pelo menos a nível de visual e de atmosfera, já que o seu gameplay é diferente, mais que não seja por não ser considerado um Roguelike.

Scars Above segue a história de uma equipa de astronautas, mais propriamente de um dos seus elementos, Kate, que fora incumbida de estudar uma estranha forma que apareceu junto à terra. Após um acontecimento que transportou toda a equipa para um planeta alienígena, Kate acorda sem qualquer memória do sucedido e separada da sua equipa. A sua missão passa assim a ser a de procurar respostas para o ocorrido. Guiada por um holograma alien de forma humanoide, Kate terá de desbravar o seu caminho entre localizações diferentes repletas de animais hostis, enquanto procura pelos seus companheiros e se deixa envolver por um mistério extra terrestre que cada vez mais se adensa. Confesso que as primeiras horas deixam o jogador completamente à sua sorte, sem grande desenvolvimento em termos de história para alimentar a sua imaginação. Ainda bem que consegui passar este ponto que poderá ser uma barreira para muitas pessoas já que é de facto uma experiência bastante boa. 


Ao inciar a sua aventura, Kate conta apenas com o apoio de uma arma que dispara uma espécie de raios. Muito embora, como fosse de esperar, seja possível adquirir novas armas ao longo do tempo e que aplicam tipos de elemental damage diferente. Divididos entre disparos de fogo, gelo, ou ácido que queima os inimigos, todas as armas terão acesso a um tipo de evolução. Estes upgrades estão espalhados pelo mapa, de maneira que a exploração de todos os seus recantos será sempre uma mais valia.

No campo defensivo, existe uma habilidade que permite a Kate se esquivar de ataques inimigos e uma panóplia de gadgets defensivos, como por exemplo um escudo temporário, as esperadas poções que aqui estão designadas uma uma espécie de seringa, campos de forças que atrasam o movimento dos inimigos, entre outros. 


A jogabilidade de Scars Above é sem dúvida um dos seus pontos fortes. Não só pela necessidade de usar as armas especificas em encontros contra inimigos que sejam fracos contra o elemento em questão, mas como permite ao jogador utilizar o ambiente a seu favor. Por exemplo, a arma que dispara raios torna-se ainda mais forte se o inimigo estiver em contacto com a água, quer seja dentro de numa poça de água como de baixo de chuva, ou então a possibilidade de usar aspetos como estalactites que ao disparar sobre as mesmas, podem cair em cima de inimigos, ou disparar balas de fogo sobre o chão de gelo onde se o inimigo cair dentro da água gelado o fará converter-se em literalmente um cubo de gelo. Infelizmente não achei o combate corpo a corpo satisfatório o suficiente para me fazer disferir uns golpes, muito por culpa dos ângulos estranhos da câmara que podem vir dessa ação, e também pelo dano aplicado ser pouco significativo.

A árvore de habilidades é bastante dececionante, sem grande profundidade de opções. Ao colecionar-se "conhecimento" dentro de pequenos cubos espalhados pelo mapa, que se traduzem em pontos, tornará possível o desbloqueio de certas habilidades, essencialmente passivas. Estas habilidades estão divididas entre níveis, que chegam até ao nível 4. Ao inicio realmente tomei atenção em que aspetos pretenderia ficar um pouco mais forte, mas rapidamente foi percebendo que existem demasiados cubos de experiência espalhados. Terminei a minha aventura em Scars Above com todas as habilidades passivas desbloqueadas e com experiência extra que, como esperado, não foi possível aplicar em nada uma vez já não existirem opções. Foi de facto um aspeto estranho e o primeiro caso em que isto me aconteceu. 


Ao contrário do que muitos possam achar, Scars Above não se compara nem a Darks Souls, nem a Returnal pelo seu tipo de jogabilidade. Neste último é inevitável a comparação em termos visuais, é realmente possível ver-se que a inspiração derivou das ideias de Returnal e foram aplicadas de maneira sublime. Scars Above essencialmente esculpe o seu próprio caminho. De maneira alguma é um jogo difícil, até mesmo se for jogado na dificuldade máxima. O que é fantástico neste título é a variedade de opções que dá ao jogador para se conseguir desenvencilhar das diferentes situações de aperto. Mesmo não sendo um jogo de terror, o ambiente sombrio dá espaço a alguns jump scares. Isso ou eu sou mesmo um "scaredy cat".

Visualmente é fantástico, não apenas pela atmosfera criada em volta de um planeta alienígena, mas todos os apontamentos de luz, efeitos e inimigos estão retratados de maneira sublime. Infelizmente as suas cutscenes sofrem de uma espécie de delay entre a animação e o movimento de lábios da personagem. Ainda neste contexto, as expressões faciais denotam talvez a falta de budget que assombram sempre um título Indie. Não esquecer que este é o primeiro título deste pequeno estúdio sediado na Sérvia.


Scars Above é uma experiência marcante que infelizmente sofre de um inicio de aventura algo atribulado, pela maneira como a história é apresentada. Se se conseguir ultrapassar essa fase inicial, é um título que se abre para uma aventura fascinante que envolve o jogador no mistério de um mundo desconhecido. 

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para Steam, gentilmente cedido pela  Prime Matter.

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