Power Chord

Desenvolvido pela Big Blue Bubble, Power Chord é um roguelike deck-builder com metal à mistura! A sua premissa é bastante simples. Há muito tempo atrás, abriu-se uma fenda entre 2 dimensões e um exército de demónios invadiu Midverse. Os heróis metaleiros de Midverse lutaram com grande coragem, retaliaram de forma a proteger o seu mundo e criaram uma super arma, a Chronocaster.
Graças a ela conseguiram impedir a investida e trancar o portal, os restantes demónios fugiram e espalharam-se pelo mundo. Está na altura de reunir uma banda para limpar o resto da escumalha que ainda tenta provocar o caos e desordem.

A banda tem 4 elementos: um tanque (baterista), um DPS (guitarrista), um healer (vocalista) e um suporte (baixista). Cada membro tem seu próprio conjunto de cartas e estilo de jogo inerente às suas características, o que convida à experimentação de sinergias entre cartas de maneira a procurar os melhores combos. Dentro dessas categorias podemos ainda escolher várias personagens (que vamos desbloqueando ao longo do jogo), cada uma delas também com as suas próprias características que  aumentam ainda o leque de opções de ataque ou defesa.

Um mapa aleatório é gerado com vários caminhos para escolher e que vão progressivamente ficando mais difíceis, qualquer um deles terminando no mesmo boss final, num total de 5 inimigos finais diferentes. Cada um desses trajetos têm checkpoints que variam entre batalhas, vendedores de cartas, vendedores de curativos, ressurreição de personagens e eventos aleatórios onde podemos escolher alguns buffs ou tomar decisões que ficarão até ao final do loop.


Power Chord é uma mistura espiritual de jogos como Slay the Spire, Monstrer Train ou Darkest Dungeon (principalmente este). Não quer dizer que seja uma cópia integral de mecânicas mas podemos dizer que quase vestiram uma roupinha diferente às personagens, meteram metal a bombar como música de fundo e siga que se a fórmula resultou noutros jogos aqui vai resultar certamente...

Sim, e não.

No papel, existem muitas coisas a funcionar em relação ao aspeto deck-building do jogo. As cartas são variadas, tem sinergia entre elas e com as várias personagens que temos ou desbloqueamos ao longo do jogo.
É isso que o jogo nos mostra durante as primeiras tentativas\loops. O nosso deck é curto e temos muitas cartas que são poderosas e elas saem com muita frequência o que facilita muita vitória durante a nossa progressão. Quanto mais vezes sairmos vitoriosos das batalhas, mais cartas ganhamos e facilmente vamos enchendo o nosso deck com muito "entulho" que vai diluindo a probabilidade das cartas "importantes" saírem . Assim sendo a progressão no jogo fica brutalmente ligada à sorte, ao RNG e muito pouco a estratégia ou escolha de cartas.
Tudo isto torna o jogo muito repetitivo, pouco justo e ficamos agarrados a uma espécie de grind em que esperamos por algum loop em que sejamos bafejados pela graça dos deuses com cartas que, por um lado, sejam fortes e por outro que tenham sinergia com as personagens que selecionamos.
O jogo beneficiava de um forte balanceamento nestes aspetos, reforçaria a jogabilidade a meio do jogo que, de momento, é sofrível, principalmente para quem não é fã do gênero. 

Sublime na sua apresentação visual, a palete de cores apresentada salta à vista. É um jogo cheio de cores, cheio de nuances gráficas que vibrantemente emula tudo o que se está a passar no ecrã. Desde a representação estética das personagens e inimigos, os efeitos dos seus poderes ou os indicadores de energia, tudo neste campo foi feito para saltar à vista e ser prazeroso. Acompanhando todas estas sensações visuais temos uma banda sonora onde se nota claramente falta de orçamento para pagar licenças de músicas mais conhecidas do género musical mas que cumpre bem o seu propósito. Pena que faça apenas e só isso... O headbang e o bater do pezinho rapidamente perdem o seu vigor à medida que as horas jogadas vão passando e a metalada genérica se transforma em música de elevador para metaleiros.

Quando falamos de roguelikes parece que obrigatoriamente temos fazer menção ao problema da repetição que por norma acompanha este tipo de jogos. Aqui infelizmente acaba por acontecer o mesmo e não só me refiro ao quase omnipresente problema habitual de estar sempre a repetir as mesmas mecânicas, nos mesmo ambientes, para chegar quase sempre ao mesmo destino mas também às animações e efeitos sonoros das personagens que são bastantes reduzidos em termos de variedade e que oferecem pouco estimulo adicional aos ataques.

Power Chord começa super acessível e rapidamente se revela muito desafiante, no entanto, após horas passadas com ele acaba por se perder onde todos os roguelikes se perdem se não acrescentarem algo substancialmente diferente ao longo da progressão dos ciclos de jogo, quer em termos de mecânicas quer em termos de narrativa… na repetição. A banda sonora, embora um pouco genérica dá um ar de sua graça e tendo uma palete de cores bastante apelativa, o jogo sobressai visualmente.

Embora não traga nada de novo ao género é um deck-builder competente, no entanto, em fases mais avançadas, o leque de cartas torna-se demasiado variado e aleatório diluindo o nosso poder de combate. O estúdio já prometeu que futuramente existirá mais conteúdo e updates de melhoramento, talvez ao longo desse percurso possa haver algo que o faça elevar de patamar.

Power Chord saiu no dia 26 de janeiro de 2022 PC (Steam) e também estará disponível para a Nintendo Switch brevemente.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PC, gentilmente cedido pela Evolve PR.

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