Atomic Heart


A sensação que tive quando terminei Atomic Heart foi... mista. Entre felicidade, por finalmente ter terminado o suplicio e de riso pelo modo como efetivamente a sua história culminou. O primeiro contacto que se tem é sem dúvida impactante, o choque entre uma estética vintage e um mundo futurístico repleto de carcaças robóticas, misturado com cores vibrantes e situações surpreendentemente fortes é no mínimo fascinante.  


Atomic Hearts bebe de inspiração de outros títulos como Bioshock, Fallout ou até mesmo de Wolfenstein e mistura momentos onde até o mundo de Super Mario está presente? Sim, é sem dúvida estranho. A história tem início após a segunda guerra mundial, onde as forças da União Soviética saíram vitoriosas e, com esse poder, desenvolveram uma tecnologia robótica bastante avançada que consiste no conceito de controlar um robô com a mente humana, com o intuito de controlarem todo o mundo. No entanto, algo não correu como esperado e o plano foi por água abaixo. Acontece que todos os robôs até então criados, começaram a atacar indiscriminadamente todos os humanos que encontrassem pelo caminho. O jogador entrará na mente perturbada de P-3, um soldado de elite encarregue de investigar a misteriosa causa deste problema robótico.


Equipado com um arsenal de armas criativo, P-3 tem assim nas suas mãos o destino da humanidade. Confesso que as minhas armas favoritas foram o Zvezdochka Axe e a pistola Electro, que dispara uma espécie de tiros elétricos, sem a necessidade de utilizar balas, já que utiliza energia. O jogador terá também consigo uma luva que é muito mais do que apenas um elemento decorativo. Esta permite desferir poderes, como por exemplo, campos magnéticos que elevam os inimigos, a possibilidade de criar um escudo à sua volta, entre outros. Sem querer desvendar muito, a luva tem um papel tremendamente importante na desenlace da história, já que para além de tudo o que mencionei anteriormente, também apresenta a sua própria inteligência artificial e é com ela que P-3 terá a maior parte das interações. Outra mecânica importante é a possibilidade que a luva tem de ao fazer scan aos inimigos apresentando os pontos fortes e fracos de cada um, permitindo assim ao jogador ter uma abordagem diferente a cada momento de ação.

Apesar de todas as armas terem um aspeto retro as suas animações são bastante catchy e misturado com a agilidade de P-3 e os seus desvios rápidos com o simples pressionar de um botão, confere ao jogador uma aura de super herói. Ainda assim, nada que já não tenha sido visto em outros títulos, nomeadamente nos já mencionados anteriormente.


Embora a jogabilidade seja uma das principais features desta aventura, pode tornar-se algo repetitiva e tremendamente frustrante. Existem momentos em que a personagem fica presa entre os inimigos e uma parede ou um elemento no chão, e premissa de existir pequenos robôs que estão sempre a fazer revive a outros robôs abatidos over and over again, torna a vertente de exploração uma tarefa algo complicada. Há maneiras de contornar a situação, como aplicar uma descarga elétrica nos spawners deste inimigo em especifico ou esperar que o spawner deixe efetivamente de os produzir. O problema é que cada spawner espalhado pelo mapa pode enviar o robô mesmo a grandes distâncias. Neste sentido não é só importante manter atenção ao que se passa no chão, mas também destruir estes inimigos voadores.

Confesso que não explorei mais o mapa precisamente por esta razão, o que não me permitiu adquirir todas as armas disponíveis ao longo das 17 horas de jogo. Para produzir cada arma, tirando as inicias, é necessário encontrar-se uma blueprint. Posteriormente é possível montar-se, se se tiver todos os elementos necessários, na máquina afeta aos upgrades da personagem e armas. Relativamente aos upgrades, senti que colocar os pontos no personagem fosse a opção mais acertada, já que cada upgrade nas armas não apresentava uma mudança significativa comparando com a outra opção.


O confronto contra Bosses são bastante satisfatórios e por vezes até mesmo complicados. O importante será aprender o padrão de ataque e esperar pelos momentos certos. Apesar da minha necessidade de repetir alguns combates, não houve mudanças de comportamento para padrões de movimento ou ataques aleatórios.

Infelizmente, a maneira como o diálogo se desenrola é bastante fraco. O modo como a personagem interage com tudo o que o rodeia, a constante repetição de frases quando algo de mau acontece, deixa muito a desejar. Até mesmo a máquina onde é possível efetuar upgrades, de seu nome Nora, é uma máquina bastante diferente. Apresenta-se como uma máquina bastante "excitada" e com um desejo carnal, à falta de melhor termo. Ao inicio é divertido, até deu para soltar uma gargalhada ou outra, mas ao longo do tempo, torna-se uma piada gasta. Para dificultar ainda mais as coisas, a presença de elementos contra Ucrânia, registos que fazem comparações da população da Ucrânia a porcos, entre outros, é no mínimo deplorável... E daí advém parte da contestação que este título está envolto.
 


Atomic Heart não é um título necessariamente mau. Está repleto de coisas positivas da mesma maneira que está de coisas más. O combate é divertido mas tornar-se frustrante, assim como as seções de plataformas, e assim como toda a sua narrativa. O resultado final para mim foi um mixed bag de experiências que ainda não consegui discernir. Ainda assim, é importante referir que este é o primeiro título deste estúdio.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para PC, gentilmente cedido pela Focus Entertainment.

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