Crisis Core - Final Fantasy VII - Reunion


Não há dúvidas da força do nome Final Fantasy VII (FF7), aquele que foi a estreia da série na Europa e para toda uma geração o sinónimo de RPG. Para mim era aquele jogo que ficava sempre à espera que o Templo dos Jogos mostrasse um bocadinho mais do jogo, para muitos a primeira vez que jogavam um RPG por turnos e, para o Japão é um nome tão grande que esta semana registaram o dia 31 de janeiro como o “Dia de Final Fantasy VII”. É o jogo que a SquareEnix decidiu transformá-lo numa franquia por si, através de um conjunto de produtos multimédia que vão de filmes de animação a jogos em diferentes plataformas. Com o aparecer de Final Fantasy VII: Remake renasceu também o nome e, com ele, surge Crisis Core - Final Fantasy VII - Reunion.


Por muitos rumores e especulações sobre o regresso do jogo estava impacientemente à espera do seu lançamento. Afinal é dos meus jogos favoritos da (já antiga) PlayStation Portable, por explorar um bocado mais o universo de um jogo que me marcou imenso e, ter uma nova desculpa para o jogar novamente é sempre bom. Assim que revelado apresentou-se como um Remaster, mas com um aspeto tão incrivelmente melhorado que roçava o que poderia ser um remake. Pensei que talvez a SquareEnix quisesse criar a sua própria visão do que são ports, remakes ou remasters, mas foram precisos alguns minutos para entender então o porquê de ser um remaster. Este jogo é praticamente frame a frame uma cópia do original, com uma cara lavada onde tudo é extremamente mais detalhado, mas dos cenários às sequências de história, passando pela animação de tudo é praticamente igual.

Aqui acompanhamos Zack Fair, aquele que para muitos é o verdadeiro herói do jogo por muito que Cloud teime em aparecer em todo o lado. Vivemos os momentos marcantes por que passou que levaram aos eventos de FF7, conhecemos melhor várias das personagens que conhecemos e somos introduzidos a novas caras que nunca mais são faladas, exploramos melhor locais já conhecidos e outros que… também nunca mais soubemos da sua existência. Crisis Core inventou imenso, criando camadas de complexidade num jogo que por si já tinha muito para falar, trazendo personagens que desconhecemos por completo e nos levam a procurar na internet se elas de facto são faladas no jogo original. No meio disto tudo ainda temos uma origin story da mítica Buster Sword de Angeal Zack Cloud e o motivo para não a conseguimos vender, ficando ali para sempre no nosso inventário.


Assistimos também à transição do herói Sephiroth para vilão, consumido pelos seus traumas e ausência de conforto maternal, começando a sua demanda para destruir o mundo. Não podendo ele ser o vilão do jogo foi criado Genesis, outro SOLDIER 1st Class à semelhança de Sephiroth que, sempre que aparece, tem de recitar as linhas do épico Loveless, que moldaram a sua personalidade. Não me querendo prolongar demasiado, Genesis é um péssimo vilão, não acrescenta à história e sempre que aparecia ficava impacientemente à espera que acabasse o seu monólogo, sentindo os “shut up” que Zack gritava uma ou outra vez. Tudo isto já existia no jogo original e este remaster respeita o material de origem na íntegra, dando a conhecer a toda uma nova geração de fãs uma personagem que ficou por aqui. Mesmo a história mantém-se inalterada, o que não querendo entrar em spoilers sinto que é uma oportunidade perdida de ligar este capítulo aos eventos de FF7 Remake.

Para além dos visuais bastante mais refinados, que aproximam o jogo ao estilo que temos no filme Advent Children ou o FF7 Remake, toda a interface do jogo foi aproximada ao estilo que tivemos nesse jogo. Das maiores diferenças é a jogabilidade, que no início não me parecia assim tão diferente, até ter pegado no original e ver que estava enganado. Desde animações mais fluídas, um combate mais rápido e com menos cortes, poder controlar a câmara e mesmo um sistema de lock-on nos inimigos melhorado. Há novas mecânicas nos principais combates e também os inimigos que acompanham o ritmo de combate mais frenético! Temos todo um conjunto de ferramentas refinada que nos permitem customizar mais e melhor Zack, melhorando a nossa prestação em combate ideal se optarmos por jogar numa dificuldade mais alta e enfrentar bosses especiais.

Ao mesmo tempo alguns dos elementos infelizes do original também transitam como é o sistema de DMW, uma slot-machine que aleatoriamente nos dá alguns bónus em combate e permite-nos usar Limit Breaks ou Summons. É um sistema que ainda hoje me irrita pela sua aleatoriedade, principalmente porque Zack aumenta de nível com a combinação certa. Também me irrita a constante senhora que tende em repetir quando começa e termina um combate, mas esse é mesmo um ódio de estimação.


Sinto também que este remaster merecia um bocado mais em dois pontos que nos acompanham em todo o jogo. Um deles é a dimensão dos cenários, compreensível quando estávamos perante as limitações da PSP que, ainda assim, nos entregou bastante para explorar. Mas pouco se justifica que nas plataformas atuais tenhamos áreas que demoramos breves segundos a percorrer e, quando habitados, contam com um número muito reduzido de personagens. Aqui as ruas de Midgar são populadas por 3 ou 4 pessoas, por exemplo, dando mais a sensação que estamos em becos soturnos. Outro ponto é a missões, centenas de missões repetitivas com objetivos semelhantes e com meia dúzia de cenários distintos. É certo que a visão foi recriar o original, com missões rápidas para fazer durante as nossas viagens no autocarro, mas estas missões mereciam ser refinadas, até porque grande parte do grind é feito através delas, tal como obter Materia específicas fundamentais para enfrentar as missões mais difíceis.

Até porque além dos visuais totalmente refeitos contamos com voice-acting o jogo todo, este que foi também gravado de novo com novos atores, o que para quem jogou o original é estranho no início, mas rapidamente nos habituamos e, para quem quiser, pode agora jogar com as vozes em japonês. Ainda no ponto de vista técnico, embora tenha feito esta análise com base na versão Xbox, passei umas horas na versão da Nintendo Switch e o jogo corre sem quaisquer problemas, tanto na dock como em modo portátil.


Em suma, Crisis Core (Final Fantasy VII) Reunion mantém-se o incrível jogo que devorei em 2008, não o largando até o ter completado o mais possível e derrotar o ultra boss opcional, desbloqueado após uma combinação de coisas a fazer. Mesmo sem ligação a Final Fantasy VII Remake, é uma ótima preparação para os eventos que surgirão em Rebirth, a segunda parte da trilogia, quase que obrigatório a jogar até.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Xbox, gentilmente cedido pela Play Nxt.

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