Stories Untold


Três anos depois do seu lançamento para PC, Stories Untold chegou agora para assombrar a Nintendo Switch com a sua história de terror psicológico mergulhada num glorioso revivalismo dos anos 80.

Mas como falar da história quando fazê-lo pode arruinar a experiência de futuros jogadores? Stories Untold é verdadeiramente um daqueles jogos que pede para que os jogadores procurem saber o menos possível sobre aquilo que os espera. Entrar de olhos fechados na sua narrativa é o melhor ponto de partida para viver plenamente a experiência singular que oferece.

Mas espera, não feches já esta página! Existem detalhes que podemos contar e outras especificidades sobre este port. O que podemos então revelar sobre Stories Untold?


Este é um jogo dividido em quatro episódios, cada um com as suas histórias individuais. A cada capítulo desbloqueado entramos em cenários inspirados em contextos clássicos de filmes e livros de terror. As mecânicas e todo o gameplay alteram-se de episódio em episódio, oferecendo experiências que vão desde as tradicionais aventuras de texto a velhos equipamentos de rádio, entre outras possibilidades tecnológicas. A operação de tecnologias datadas é um elemento que reproduz com subtileza e fidelidade uma sensação quase táctil destas interações. O melhor do gameplay de Stories Untold é que cada mecânica está perfeitamente alinhada com a história que quer contar, nunca existindo algo que seja acessório ou decorativo. Tudo é pensado com o objectivo de servir a narrativa.

A nostalgia dos anos 80 está presente em todos os aspectos do jogo, algo que se torna claro logo na introdução com uma música que tem tudo para se encaixar perfeitamente em Stranger Things. Visualmente, Untold Stories tira partido de cenários limitados para criar uma claustrofobia subtil no jogador. Salvo raras excepções, estamos confinados a lugares sem possibilidade de nos movimentarmos e temos apenas ações muito limitadas sobre o que nos rodeia. Este aspecto contribui largamente para a sensação de receio e sufoco crescente que se vai se desenvolvendo ao longo do jogo.


Esta adaptação para a Nintendo Switch levou à revisão do seu sistema de aventuras de texto, um dos elementos-chave do jogo. Na versão PC, os jogadores tinham de escrever as palavras que indicariam acções na aventura de texto, bem ao estilo deste género de jogos. Contudo, isto era algo que não iria funcionar num port para consolas. A utilização do teclado digital é uma experiência habitualmente demorada que iria certamente quebrar o ritmo e imersão dos jogadores. Com isso em mente, a adaptação para a Switch tem botões com as acções e objectos, elementos que vão surgindo e sendo acrescentados à lista de opções à medida que vamos explorando o capítulo. Esta mudança possibilitou a tradução de Stories Untold para outras línguas, incluindo o Português.

Esta parte do jogo apresenta alguns problemas a nível de legibilidade do texto quando jogamos em modo portátil. É possível fazer zoom mas perdemos a visão geral da cena para focar no texto. Outra questão que surgiu em alguns momentos foi o aborrecido “pixel hunting”, ou seja, procurar pelos pixéis exactos num objecto para accionar a interação pretendida. Isto causa sempre alguma irritação quando sabemos exactamente onde clicar mas temos de andar a tentar descobrir quais os pixéis certos para avançar.

Stories Untold consegue ser bastante intenso, graças a uma construção cuidada dos seus mistérios e surpresas, os quais são servidos por efeitos sonoros inseridos estrategicamente. Por isso mesmo, recomendamos jogar com headphones para maior imersão e uma experiência com impacto significativo.


Este é um jogo com um tempo de duração curto e será difícil encontrar motivos para o jogar uma segunda vez. Contudo, para os apreciadores de boas histórias de terror e thrillers, este jogo oferece uma excelente experiência narrativa com a capacidade de subverter expectativas. É uma fantástica peça de storytelling experimental que mostra como os jogos podem contar histórias de formas apenas possíveis a este meio. Stories Untold causa desconforto, confusão e leva frequentemente o jogador a olhar por cima do ombro, não vá alguém estar a observar-nos... Afinal, nunca se sabe o que pode saltar do ecrã para a realidade.

Seja lá o que for isso de “realidade”.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Devolver Digital.

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