Hardcore Mecha
O ano ainda agora começou e um dos indies mais espetaculares chega à PlayStation 4 para aquecer os dedos aos gamers. Hardcore Mecha é, como o nome indica, um jogo hardcore de mechas, para fãs hardcore de mechas. Ou seja, um título desafiante e bem ao estilo anime como os famosos robôs gigantes que surgem em séries de nome como Code Geass e Gundam, entre outras.
Hardore Mecha apresenta-se com a promessa de encantar os jogadores com uma ligação ao oriente e para aqueles que desejam um desafio divertido, com um enredo mais interessante do que possa parecer à primeira vista. O jogo começa com o tutorial que ensina os comandos básicos os quais vão ter de ser aperfeiçoados ao longo das duas primeiras horas, pois ele faz literalmente uso de todos os botões do comando, o que a mim me fascina, pois demonstra uma dedicação por parte dos criadores os quais colocaram um esforço em trazer acções pertinentes em todos os botões disponíveis.
É um jogo 2D side scroller que ao princípio dá uma ideia errada de que poderá ser algo aborrecido com os mesmos cenários e efetuar sempre o mesmo tipo de ataque, mas felizmente esta experiência é melhor que o esperado e acaba por ser bastante gratificante. O jogador terá os comandos básicos de tiros, correr, sprint e socos. Estes vão exigir alguma uma habilidade neste género durante a jornada pois vai ficar cada vez mais difícil, embora exista também no início a hipótese de escolha no grau de dificuldade. Tem também um sistema de subida de nível enquanto o jogador desbrava os mechas no modo campanha. Após apanhar-lhe o jeito, não se vai querer mais nada senão fazer um “Dash and Strike” tal como indica o tema musical principal do jogo.
Para além de ter de lutar com dezenas de outros mechas, todos os níveis apresentam bosses finais sem excepção. Uns mais originais que outros, no geral, muito bem conseguido. O fascinante é que para além de desafiante não deixa de ser divertido, o que é importantíssimo para que o jogador não fique frustrado. Para ajudar, terá um grande leque de armas ao seu dispor enquanto progride na aventura. Os mechas inimigos vão deixando as armas caírem as quais podem ser recolhidas e serem usadas apenas com um limite determinado de munições.
Hardcore Mecha não quer ser um jogo limitado e oferece na conclusão de cada missão um menu no qual podem e devem desenvolver novas armas para depois customizar o Mecha e utilizar nas missões seguintes. Para além disso, é possível customizar um ataque especial de nome Ultimate Skill que será tão poderoso ao ponto de provocar danos imesuráveis a bosses ou a uma horda de inimigos. O que se aconselha também é levar saúde (restauro do Mecha) e minas, embora todos os níveis contem com alguns pontos de restauro total da saúde do Mecha, uma máquina bem visível onde o Mecha é reparado dos danos absorvidos em combate. Sendo um Mecha já de si especial em comparação aos que se enfrenta, não há nada como colocar também uns Mods para o tornar ultra resistente e igualmente poderoso.
O mais engraçado neste jogo é que não se joga apenas dentro do Mecha como também fora dele. Existem até níveis de espionagem tática que foram totalmente inspiradas no clássico Metal Gear Solid lançado na Playstation Original, entre os guardas e a própria ventilação para observar uma personagem pelas condutas a qual temos de salvar. Inspiração de MGS até na frase citada por Solid Snake “Love can Bloom on the Battlefield”, um espetáculo. Nestes níveis (ou quando salta fora do cockpit do seu Mecha), o jogador terá apenas uma pistola e faca para os ultrapassar podendo até evitar confrontos diretos e alcançar locais que o Mecha não pode atravessar devido ao seu tamanho, saltando para fora e voltando a entrar no seu cockpit. Todos os níveis contam com uma grande variedade de cenários diferentes uns dos outros, tanto se joga à chuva, ao sol, debaixo do mar, na floresta, bases etc…
Os diálogos estão bons e a narrativa não pára, tendo uma progressão a um bom ritmo sempre com mais e mais conteúdo, seja em termos de acontecimentos como de apresentação de novas personagens que fazem parte do enredo. Sem esquecer os momentos como anteriormente referidos, associados a jogos intemporais, animes e humor japonês acima de tudo.
Talvez o pior neste jogo sejam os constantes loadings (embora curtos) aquando da mudança de cenário em cada nível. Entrando num edifício ou passando para outra zona do nível, há um loading e, quer se queira quer não, quebra sempre um pouco o ritmo acelerado que o jogo tem. Os checkpoints existem mas nunca se sabe ao certo onde ficam, no entanto nunca se encontram muito afastados do objetivo, o que é de aplaudir pois dá espaço a jogadores que não sejam tão habilidosos no género. Existe um mapa ao pressionarem o botão para pausar o jogo onde indica o vosso objetivo, embora seja sempre fácil de encontrar porque é um jogo linear. Existem também missões secundárias pelos níveis que vão dar créditos ao jogador o qual irá poder utilizar para o tal desenvolvimento de novas armas.
Apenas estão disponíveis o modo Single Player que conta com a campanha do jogo (no qual foi inserido o modo treino) e Simulation, este último apenas disponível para o final da campanha onde se pode criar um Mecha de raíz para lutar contra hordas de Mechas. Já o modo multijogador está destinado para lutas uns contra outros. Este modo pode ser jogado online ou local. O modo online tem um Free For All que infelizmente não esteve disponível na altura da análise ao jogo.
A banda sonora conta com o famoso vocalista que deu voz ao primeiro opening de Dragon Ball Z, a música intemporal Cha-la Head Cha-la de Hironobu Kageyama, como também a opening do Saint Seiya conhecido em Portugal por Cavaleiros do Zodíaco entre outros animes da era dourada da animação japonesa. Embora ele só tenha cantando o tema “Dash and Strike”, é de longe o tema mais vibrante do jogo, não que a banda sonora seja má, está bastante boa mas, é impossível não sentir aquele arrepio inicial ao escutar a sua voz. Escusado será perguntar em que idioma se encontra a música, certo?
Assim sendo, o jogo inclui as vozes originais em Japonês, as quais podem ser alteradas mas não recomendo pois todo ele é dedicado à cultura japonesa. Todo o jogo parece um anime, desde o grafismo às suas cut-scenes estrondosas, as cores fortes e uma qualidade tremenda, com um design que só o oriente sabe criar. Neste caso, recomenda-se manter a versão original, até porque vem pré definida com as legendas em inglês.
Conclusão, Hardcore Mecha é um grande jogo indie, mesmo que direcionado a dois tipos de públicos bem específicos. Por um lado, os fãs de animação japonesa, por outro, totalmente aos amantes de desafios e a jogabilidade mais veterana. Hardcore Mecha é numa palavra, espetacular! Sem dúvida uma grande maneira de se começar o ano 2020!
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Plan of Attack.