The Alliance Alive HD Remastered


Agora que penso nisso, ainda bem que perdi este jogo na 3DS. Vai daí, sair numa altura em que a Nintendo Switch já estava a bombar não foi a melhor decisão.

E o que é este The Alliance Alive? É um RPG do mesmo estúdio, Cattle Call, que nos trouxe o The Legend of Legacy, também para a 3DS. Ambos partilham o gosto por títulos sem sentido e o uso da palavra The, mas apenas um teve uma segunda oportunidade de brilhar e ainda bem porque o jogo é fantástico e merece ser jogado por mais pessoas – e a nova cara só lhe fez bem.


Há muito para gostar neste jogo, desde os visuais, passando pelas mecânicas até à própria narrativa – e o que faz de menos bom, não é suficiente para manchar esta experiência. E começamos pelo enredo: quando o jogo começa, encontramos o mundo dividido em quatro continentes, separados por uma Corrente Negra que ninguém consegue trespassar. A humanidade que resistiu a todas as alterações no mundo vive sob o jugo dos Daemon, e dos seus subalternos, as “bestas” que são animais antropomóficos. A motivação inicial passa por libertar os humanos deste controlo, mas como é apanágio destes jogos, o conflicto vai ganhando maiores proporções que, volta e meia, envolvem salvar o mundo.

Se é original? Não é, mas como o que interessa é a viagem e os laços que criamos, tudo está bem quando acaba bem. E o que o jogo insiste em fazer bem é estabelecer o seu elenco, demorando-se a começar nos seus vários pontos narrativos que se unem até o elenco estar todo no mesmo sítio e com um só propósito. Há algo de mágico em trupes disfuncionais, não há? - Ah, a mencionar que o senhor Yoshitaka Murayama, de Suikoden, esteve envolvido na produção deste jogo, portanto fiquem excitados!


O combate é um dos focos principais deste jogo e fiquei a saber que foi imensamente melhorado desde o jogo anterior, mas como não o joguei, terei de abordá-lo cego. E isto tanto foi vantajoso como penoso. A base é simples: é um RPG de combate por turnos e isso ninguém nos tira, mas as nuances que complementam o sistema de batalha são tantas e variadas que nos permitem personalizar quase tudo. Ponto número zero: as personagens podem formar-se em qualquer arma! Agora, devem fazê-lo? Não. Mas se quiserem, quem vos vai impedir? No entanto, terão de fazer bastante grind. Ponto número um: não há um sistema de níveis per se, mas um sistema de evolução que lembra o antigo Final Fantasy II, onde evoluem as habilidades e estatísticas que usarem repetidamente. Isto é, se atacarem bastante com a espada, estarão sempre a aprender ataques novos, melhoram o poder de ataque etc. Se levarem bastante dano, melhoram o HP e respetivas resistências. Até a disposição no mapa de combate melhora a função do guerreiro. Uma personagem que esteja sempre a recorrer ao escudo para safar a equipa, vai ver a sua resistência reforçada. Um mago que esteja sempre como suporte ou a curar vai aumentar estas habilidades de cura, por exemplo. Não há papéis predefinidos ou clichês, há uma caixa de areia para o jogador moldar o jogo à sua medida.

No entanto, esta liberdade e opções podem ser o calcanhar de Aquiles do jogo. É bastante fácil estragarmos o jogo e bloquearmos com uma equipa desequilibrada. E isso será frustrante se só quisermos desfrutar da história. Deus dá com uma mão e tira com a outra. Mas, o próprio Alliance Alive tem um guia interno para explicar estas mecânicas e nada como uma boa leitura. Admito que encravei um bocado, mas umas horas a explorar e a mudar umas coisas, consegui avançar mais. É divertido quando acertamos na mouche e conseguimos uma equipa imbatível. Gostei mesmo de combater e de ver as personagens a evoluir diante dos meus olhos. Mais, com a opção de acelerar o combate, a palavra seca não vai existir no vosso vocabulário.
Depois, o significado do título: Aliança Viva que é outra mecânica engraçada que nos fará viajar bastante para recrutar personagens para formarnos guilds - sociedades de ferreiros, magos, estrategas, bibliotecários etc que nos ajudarão em combate ou com melhor equipamento e habilidades. É um mimo ver a nossa nave cheia de pessoas; portanto, antes de matarem alguém, falem com ele para o recrutar...



Os visuais deste jogo não são para todos. Se não apreciarem aquele estilo mais fofo ou chibi, irão ter problemas aqui. A versão da Nintendo Switch é uma versão limpa, polida e bastante colorida. Acredito que se fosse jogar na 3DS seria bombardeado com gráficos pixelizados, mas aqui foi um deleite para os olhos. A banda sonora deixou-me morno, se gostei do tema de combate contra bosses, ou do tema para cenas mais intensas, as restantes músicas são esquecíveis, o que é uma pena. As personagens não têm voz e se noutros jogos não me importaria, aqui daria mais personalidade aos nossos amigos.

Tenho ainda pena de informar que tive alguns problemas técnicos como slowdowns durante o combate e uma vez que achei que o jogo ia encravar, mas lá passou para a cena seguinte.



O saldo final é positivo. E deixou-me a desejar por mais ports da 3DS na Nintendo Switch porque não queria estar a ligar a consola para aquele RPG que me falhou. Nem preciso de uma versão física: abram uma loja para clássicos da 3DS.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela NIS America.

Latest in Sports