Atelier Ryza: Ever Darkness and the Secret Hideout


Artigo por Bruno Santos

A nova entrada na série Atelier é animada e voluptuosa, escondendo uma série de sistemas interessantes e com muito para explorar, sob a sua apresentação jovial.

A série Atelier (que com esta conta 21 entradas) trata maioritariamente das aventuras da alquimista que lhe dá o nome e do uso da alquimia para interagir com o mundo e com os diversos inimigos. Atelier Ryza não foge à fórmula, a história começa (e continua) a seguir as aventuras e desventuras da jovem Ryza e dos amigos enquanto explora o mundo proibido fora da pequena ilha onde cresceu. Claro que aquilo que começa como apenas uma exploração acaba numa aventura para salvar o mundo (tal como qualquer bom JRPG) e nesse sentido a história é bastante genérica. No entanto, retrata muito bem o crescimento de adolescentes para adultos e as interações tanto com adultos como uns com os outros. Há imensas cutscenes tanto com os membros da equipa como com outros personagens o que torna a exploração da cidade mais dinâmica e os personagens mais palpáveis. Os personagens são na sua maioria também eles genéricos, mas bem retratados e com algumas surpresas interessantes. É uma aventura de verão, leve e bem-disposta, mas que também oferece conteúdo significativo após o fim da história, sempre uma mais valia.


Os subsistemas deste jogo são aquilo que o destaca da concorrência. Apesar de em tudo o resto ser mais um JRPG como tantos outros, tem uma série de melhorias de qualidade de vida e de acesso que sentiremos a falta a jogar outros mais antigos e mesmo alguns mais recentes. A história passada e o que temos de fazer está não só marcado no mapa como tem todo um diário sempre disponível para consulta facilitando imenso voltar após uma pausa. Tutoriais compreensivos e simples de tudo, guias e bestiário para conseguirmos encontrar o que procuramos num ápice e um menu dedicado a quests com requerimentos claros.

O sistema de alquimia é sublime, tem toda uma série de nuances e truques que só se aprendem experimentando (apesar de os tutoriais nos ensinarem tudo que é preciso) e dá vontade de fazer cada vez coisas melhores e muitas vezes de ir explorar só com o intuito de encontrar um novo ingrediente para descobrir uma nova receita. Há imensos materiais diferentes para recolher e várias ferramentas, que não só permitem a recolha de materiais diferentes como explorar o ambiente de maneiras que não podíamos antes, com a remoção de obstáculos. Há ingredientes não só nos diversos pontos de recolha como nos próprios inimigos, cuja variedade não é grande (há um por espécie, as variantes mais fortes são simplesmente cores diferentes) mas que oferecem o seu próprio desafio.


Depois de obtermos o atelier em si, para além da customização do mesmo (que oferece benefícios diferentes conforme a decoração escolhida), os personagens vão adicionando os seus toques pessoais e permite eventualmente plantarmos ingredientes e inclusive criar minimundos para recolha de ingredientes específicos. Toda uma série de opções novas, referentes à alquimia, vão aparecendo no decurso do jogo, desde poder multiplicar um item que nos deu muito trabalho a conseguir, como reforçar items sem ter que os reconstruir do zero para temos efeitos melhores.

Toda esta alquimia ajuda não só com as sidequests e requisitos da história principal, mas também com o combate, que é também uma agradável surpresa. Apesar de ser o clássico por turnos, está sempre em modo ativo tornando-o mais rápido, e tem uma série de opções que podemos utilizar tendo claro as clássicas habilidades (diferentes para cada personagem) e o ataque, o interessante está nas interações entre personagens durante a batalha. Os aliados podem pedir que utilizemos um elemento específico, para curar, ou simplesmente usar itens, ao qual respondem usando habilidades especiais. Temos outra opção que implica usar pontos de habilidade que adquirimos ao atacar, para termos o nosso turno imediatamente permitindo o uso de um item para curar ou de um ataque específico para lidar com o inimigo à nossa frente (quando os inimigos usam os seus ataques especiais esta habilidade permite responder com os nossos). As várias mecânicas vão sendo adicionadas lentamente, permitindo habituar-nos ao sistema com tempo e descobrindo as melhores maneiras de interagir com ele.


A banda sonora é muito agradável e alegre, mantendo sempre uma leveza mesmo nas cenas de maior tensão. Os ambientes são bastante diversos: passamos por vulcões, castelos e florestas todos com muito para ver e com monumentos ou paisagens específicas que ficam marcadas no mapa em especial destaque. Há um ciclo de dia e noite e o tempo também varia, proporcionado que mesmo os esmos ambientes (na procura daquele super ingrediente) não sejam sempre iguais.

Como não podia deixar de ser, sendo a Switch a nossa bela híbrida, referir que tanto ligada à televisão como em modo portátil o jogo flui lindamente. Há alguma perda de resolução em portátil, mas nada de transcendente ou que impacte a experiência de forma negativa, pelo contrário é exatamente o tipo de aventura leve que favorece o modo portátil. Sempre possível aproveitar aquela pausa no trabalho para criar um item novo ou dar uma corrida à floresta a recolher uns metais novos para fazer aquela arma que tanto queríamos.


Para quem é fã de JRPGs, Atelier Ryza demonstra ser uma opção interessante, apesar da história e personagens genéricos, com sistemas de combate e alquimia profundos e muito divertidos.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Ecoplay.

Latest in Sports