Anthem


Quando foi pela primeira vez apresentado, na E3 de 2017, Anthem deixou todos os jogadores a salivar por mais. No entanto, conforme se aproximou o seu lançamento, com as sessões de experimentação e as primeiras impressões, acabou por ser bastante mal recebido de uma forma geral. Embora o exercício de uma análise deva valer por si só, por vezes não dá para o fazer sem levar com o feedback da comunidade, como foi o caso deste jogo e todo o "backlash" em seu redor.

Mas será que estamos de acordo com essa opinião generalizada?

Este jogo "Triple A" dos criadores de Mass Effect é um jogo que vem competir no mesmo mercado de jogos como Destiny. Em termos de jogabilidade, até é muito parecido com um outro jogo, Lost Planet 2, que a Capcom lançou há quase 10 anos e que era também um RPG de ação direcionado para o multiplayer online. Mas um grande problema deste Anthem, ou na percepção em torno do jogo, é ele ser um jogo da BioWare, do qual todos esperariam uma grande história.


Mass Effect ficou conhecido principalmente pela sua densa narrativa e pelas escolhas/decisões a tomar durante a aventura. Ora Anthem não tem nada disso, sendo um jogo pensado com uma narrativa bem mais básica e simplista. As “escolhas” que surgem nos diálogos, são apenas para responder às questões das personagens com duas opções onde, seja qual for a decisão, nenhuma terá qualquer consequência impactante. Ainda assim, não são maus diálogos, embora possam ser cansativos com algumas personagens.

A narrativa fica realmente aquém da expectativa, parece que não há nada na história que puxe o jogador, sendo que o maior foco do jogo está todo no seu gameplay. A aventura passa-se em Bastion, um planeta inóspito repleto de monstros e inimigos de nome Scar, sendo que os humanos vivem num lugar seguro de nome Fort Tarsis. O nosso protagonista não tem nome, é-nos apresentado como o Freelancer, embora todos aqueles que utilizam um Javelin (uma espécie de fato mecha tal como o de Iron Man) sejam tratados por Freelancers. Estes mercenários aceitam contratos/missões para ajudar a civilização a ganhar sabedoria daquilo que se encontra fora dos muros de Fort Tarsis ou simplesmente para fazer a manutenção de satélites e aniquilar os Scar que provocam estragos em Bastion.

O nosso Freelancer tem a ajuda de Owen, que se liga a uma máquina para nos dar a informação de cada uma das missões, no entanto as missões secundárias também contam com ajuda de outras personagens que nos darão indicações. Além destas missões, o jogo tem também um modo Freeplay, que permite explorar Bastion e recolher recursos para melhorar o equipamento do Javelin, e o modo Strongholds, para derrotar bosses, talvez o mais divertido. Os Javelins estão divididos por 4 categorias: Storm, Ranger, Colossus e Interceptor, cada um com as suas características únicas, mas inicialmente o jogador é obrigado a jogar com o Javelin Ranger e só após subir 4 níveis terá a oportunidade de desbloquear outra classe.


As missões são bastante repetitivas. Sempre que se regressa à exploração é fazer o mesmo, proteger satélites, salvar personagens, colecionar itens e lutar constantemente contra os inimigos/monstros, pouco mais há para fazer fora de Fort Tarsis. O mais gratificante destas expedições é a companhia dos Javelin, nunca estamos sós e dificilmente se perde pois os jogadores, ao contrário do habitual em muitos jogos online, apoiam imenso e a equipa luta com vontade - isso, ou fui tendo sorte com quem encontrei. O desafio para a equipa é mesmo derrotar os bosses e, ainda assim, foi um prazer enorme porque Anthem é realmente excelente nesse aspeto.

O jogo dá imenso prazer, a jogabilidade é espetacular, o grafismo é soberbo e agarrou-me ao portátil como já não jogava há muito tempo. Os Javelins estão geniais, voar como se fôssemos o Iron Man é uma sensação esplêndida e mesmo as armas e explosões estão com um brilhantismo único. Temos ao dispor duas armas (primária e secundária) com outros componentes como granadas, lança rockets, melee ataque e escudos, tal como uma barra que vai sendo preenchida ao longo de um determinado tempo para usar a arma especial, que lança uma sucessão de rockets impressionantes que danifica/elimina os inimigos. Os inimigos normalmente são fáceis de eliminar, o melhor mesmo são os mid bosses e bosses que levam realmente tempo. Fora isso, nada como dizimar seja qual for o nível, pois a ajuda de mais três parceiros na equipa faz com que tudo corra sobre rodas.

Por outro lado, quando se joga em Fort Tarsis, o jogador assume uma visão na primeira pessoa, caminha por uma pequena zona pouco movimentada e com alguns colecionáveis, a interação é praticamente feita com X de personagens e é somente com estas personagens que o jogador terá os diálogos. Existem lojas para efetuar as compras de armas novas ou fazer um crafting, mas com algumas horas em cima a jogar Anthem quase que não tive necessidade de o fazer para estar sempre pronto para qualquer missão.


Quanto a problemas, eles existem, mas no meu caso estive longe dos relatos que tenho visto online. Da minha experiência, não tive um único problema de conexão, mas muitas pessoas tiveram o problema e isso é necessário mencionar. Os loadings também são muitas vezes referidos pelos jogadores - no meu portátil de gaming, o mais longo que tive foi de 1 minuto. Longo, sim, mas não achei que fosse demasiado longo para a qualidade gráfica que se tem no jogo.

Anthem pode não ser o jogo que os fãs da Bioware estavam à espera, e certamente que não será lembrado pela sua narrativa. No entanto, a sua jogabilidade é realmente muito boa e sinceramente, com algumas correções, julgo que Anthem poderá vir a tornar-se algo de bem especial, algo a revisitar no futuro. De qualquer forma, a minha experiência foi positiva no que diz respeito ao jogo em geral, por isso não deixo de dizer que Anthem tem qualidade e é realmente um bom jogo.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para PC via Origin, gentilmente cedido pela EA.

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