Intruders - Hide and Seek

A PlayStation Talents tem dado aos pequenos programadores/estúdios que desejam iniciar a sua carreira profissional no mundo dos videojogos uma oportunidade de se destacarem. Este Intruders – Hide and Seek é um desses exemplos, criado por um pequeno estúdio espanhol e grande vencedor de uma das edições do concurso no país vizinho.

Foi um jogo especificamente desenvolvido com o PlayStation VR em mente, feito para ser jogado com os óculos da realidade virtual, mas também pode ser jogado perfeitamente com apenas o comando DualShock 4. Não havendo ninguém no Meus Jogos com acesso ao equipamento de VR da consola, a velhinha TV e comando foram os equipamentos utilizados para esta análise. Será que, mesmo assim, o jogo esteve à altura?


A premissa é realmente interessante, o protagonista é uma criança que vai de férias com a sua família. O jogo começa com a ida até à casa de férias que fica localizada num lugar cercado de árvores, isolado da cidade e do seu ruído, um lugar que o pai do nosso rapaz escolheu para descansar. Após a chegada tudo está bem, até que na primeira noite a família é assaltada. O problema é que estes larápios não são flor que se cheire e fazem dos pais das duas crianças reféns, eles procuram um código para um laboratório que existe nesta casa. Há realmente um motivo muito forte de cada um destes 3 ladrões para este assalto, o qual eu não irei revelar.

A irmã Irene fica trancada numa cave onde tem acesso às câmaras situadas pela casa, enquanto nós temos como missão arranjar alguma forma de comunicar com alguém que esteja do lado de fora para vir salvar a família, no entanto todas as ligações foram cortadas, o desespero aumenta e a tensão igualmente. Estas 3 pessoas querem respostas e vão fazer de tudo para encontrar os filhos para chantagear e obter aquilo que procuram, tal como é costume de assistir nos filmes, o que não deixa de ser interessante.


Passando a história ao lado e falando no resto do jogo em si. A jogabilidade tem os seus quês, há coisas que podiam ter sido simplificadas para quem joga com o comando. A questão de correr, é necessário premir o analógico para dentro e manter premido, o que pode cansar o dedo. Terá sido propositado? O nosso herói terá de se esconder uma data de vezes. A primeira vez que o jogador se esconde, é apresentado um comando para acalmar o rapaz. É necessário abanar o comando conforme a barra vital é apresentada, o pior é que isso aconteceu uma única vez durante o jogo todo.

Outro aspeto menos positivo é o mapa, extremamente confuso. Tanto se percebe onde nos localizamos como já não sabemos sequer de que lado da casa no encontramos e se estamos a dirigir-nos para o caminho certo, chega mesmo a irritar. E para ajudar a esta frustração, só mesmo o backtracking “infinito”. Era de esperar, visto que o jogo todo se passa numa casa e a longevidade que já de si é curta, era obrigação criar alguma diversão para o jogo não ser terminado em 15 minutos.

Pelo menos, a questão do backtracking está bem realista. Cada vez que o jogador progride no jogo, está escondido a escutar a história por detrás deste assalto pela boca dos mauzões, uma forma clara de narrar o que se está a passar e as respostas a todos os porquês que o jogador colocará inicialmente. Agora fugir destes 3 malandros é que não é tarefa fácil, além de que praticamente cada vez que o jogador for visto, mal terá hipótese de fugir. Até aí tudo bem, jogamos com uma criança, claro que 3 adultos tomam conta do recado com facilidade mas, os checkpoints estão bastante distanciados para um jogo em que passamos 80 por cento de cócoras que em pé ou a correr.


O melhor deste jogo é indubitavelmente o seu voice acting, está excelente, da qualidade de qualquer jogo "triple A". Fiquei extremamente satisfeito com o que assisti, deu uma vida enorme ao jogo, é de longe o ponto mais positivo e impressionante. Depois existem uns colecionáveis para os mais pacientes, que andam espalhados pela casa. O que também está espalhado pela casa são alguns itens que não têm qualquer relevância, apenas decorativos mas, de qualquer das formas, um detalhe saltou-me à vista e tinha de partilhar com os leitores: um póster do Vinho do Porto Sandman, em grande destaque na arrecadação onde… Não vou contar mais, a experiência tem de ser vivida.

A história é mesmo muito interessante quando os motivos reais são revelados, incluindo um final que fica à escolha do jogador. Intruders – Hide and Seek é interessante, nota-se perfeitamente que é um jogo indie, até ao nível do grafismo, que com isto não quero dizer que está mau, para um indie está bastante bom, mas nota-se sim. O maior problema é a pouca rejogabilidade, pois naturalmente depois de se conhecer toda a história já não será a mesma coisa.


Um bom jogo, sim, mas que provavelmente será muito melhor quando experienciado com o PlayStation VR. Com uma história muito interessante mas uma jogabilidade algo cansativa por causa do imenso backtracking e os checkpoints distanciados, além de se ter de andar imenso de cócoras, não é um jogo para todos certamente.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela PlayStation Portugal.

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