Wargroove


Desenvolvido pela Chucklefish Games, o mesmo estúdio por trás de Stardew Valley, Wargroove é um RPG de estratégia com um estilo muito similar a uma das mais antigas IPS da Nintendo, Advance Wars.

Tal como nesse clássico da Nintendo, também aqui assumimos o controlo de um general e de um inicialmente parco exército tentando guiar ambos à vitória no campo de batalha. Contudo, e sem querer adiantar-me em demasia, vamos primeiramente dar uma vista de olhos na história sobre a qual se alicerça este promisor título e quais os modos de jogo disponíveis no mesmo.

Wargroove começa de uma forma bastante macabra. O monarca de um dos quatro reinos do jogo, Mercival II de Cherrystone Kingdom, é assassinado no interior do seu próprio castelo por uma poderosa vampira de nome Sigrid. Esta, uma general dentro do exército da Felheim Legion (os antagonistas do jogo), procurava um artefacto chamado simplesmente Key. Todavia, não o irá encontrar. Na verdade, as consequências dos seus actos resultam no início de uma violenta guerra entre ambos os reinos, com Cherrystone a ser invadida pelas forças de Felheim. Sem alternativa que não a fuga, a recém coroada rainha Mercia (filha de Mercival II) terá que fugir, procurando aliados para combater a seu lado contra Felheim. Ao mesmo tempo, procurará descobrir a verdade por detrás da misteriosa Key que Sigrid tanto procurava...


É sobre esta premissa que assenta o modo história de Wargroove (aqui chamado de Campaign). Será através deles que iremos conhecer os restantes reinos do continente de Aurania, numa história que nos será relatada através de pequenas cutscenes (com pixel art do jogo). Para além dos já mencionados reinos de Cherrystone e de Felheim, temos ainda os Floran e o Império de Heavensong. A história divide-se em capítulos e subcapítulos que vão sendo desbloqueados à medida que formos vencendo as batalhas que nos surgirem pela frente. Novos aliados e inimigos irão também surgir no nosso caminho, assim como novas unidades de combate para usarmos nos nossos exércitos.

Será ainda neste modo que serão desbloqueados outros modos de jogo, novos generais para serem usados nos mesmos, info acerca das personagens, música, entre muitas outras coisas. De igual maneira, e porque falo de desbloqueáveis, a artwork do jogo pode ser também ela disponibilizada através da obtenção de estrelas atribuídas pelo desempenho no campo de batalha (o jogador pode obter três no total no nível de dificuldade regular e apenas uma no fácil).

Para além do modo Campaign, Wargroove dispõe ainda do modo Arcade, Puzzle e Multiplayer. O Arcade permite-nos escolher um dos muitos generais desbloqueados no modo história e através dele ou dela obter uma misteriosa arma. O Puzzle nada mais é que batalhas com condições específicas de vitória, nomeadamente conseguir atingir o sucesso em um turno apenas. O Multiplayer permite-nos defrontar outros jogadores online ou batalhar localmente com outros três amigos. A juntar a esta panóplia de modos temos ainda o sempre divertido editor. Aqui é possível ao jogador criar os seus próprios mapas ou jogar o de outros jogadores. Praticamente conteúdo que nunca mais acaba.


Contudo, o suco de Wargroove não está na sua história, personagens ou modos, mas antes no seu gameplay imersivo e extremamente viciante.

Como já referi acima, Wargroove retira muita influência de Advance Wars. É certo que altera o setting na aventura ao estabelecer-se num mundo medieval fantasioso ao estilo de Fire Emblem, ao contrário do estilo militar moderno de Advance Wars, mas o gameplay é basicamente o mesmo. Também aqui temos como objectivo a destruição do quartel-general do inimigo ou a derrota do seu líder, de forma a conseguirmos a vitória no cenário. Num jogo sem tempo limite (excecção feita ao modo Puzzle), tal vitória será alcançada por aquele que conseguir gerir melhor os recursos que tiver à mão.

Primeiro que tudo, é necessário fazer uma boa gestão do capital disponível no início de cada campanha. Bastante curto, mais dinheiro para o exército pode ser obtido através da conquista das inúmeras vilas existentes no mapa de jogo. Quantas mais tivermos, mais será o imposto recolhido. Este será usado, por sua vez, para a compra de novas e melhores unidades para o nosso exército. Outra coisa importante passa pela captura de fortes, torres e portos. Estes edifícios permitem-nos recrutar novas classes para o nosso exército. Os fortes dão-nos acesso às unidades terrenas como cavaleiros, cães de guerra, infantaria ou soldados rasos, golens e catapultas. As torres concedem-nos unidade aéreas como dragões, bruxas, harpias ou mulheres morcego. Os portos permite-nos aceder a frotas navais com as quais podemos dominar as águas.


Cada unidade tem diferentes características que, a serem exploradas de forma adequada, poderão fazer pender a batalha para o nosso lado. Cada unidade tem uma barra de energia que uma vez extinguida levará à destruição da mesma. Estacionar um contingente ferido junto de um mago ou de uma vila aliada pode ajudar a restaurar a vitalidade do mesmo.

Para além destas inúmeras unidades colocadas ao dispor do jogador, temos ainda as unidades mais poderosas do jogo representadas pelos generais. Para além de serem mais resilientes e fortes fisicamente, os generais são dotados de uma barra especial chamada de Groove. Uma vez cheia esta permite ao general servir-se do seu golpe especial, que pode ser ofensivo ou defensivo dependendo da personagem. O Groove pode muitas vez mudar o rumo da batalha, se for usado na hora adequada.
Para além das unidades adversárias e às defesas presentes nas vilas inimigas, o jogador deve estar atento às especificidades do terreno no qual a batalha se passa e o tempo que faz. Tanto um como o outro têm consequências, positivas ou negativas, na prestação das nossas tropas na batalha.


Como podem ver, Wargroove tem muito que se lhe diga. Cada batalha poderá demorar pelo menos uma hora, se for jogada na dificuldade normal e mais ainda numa dificuldade mais elevada. Talvez por esse motivo, e evitando assim afastar aqueles jogadores sem paciência para jogos com uma elevada curva de aprendizagem, os programadores permitiram que a dificuldade do jogo possa ser alterada antes do início de cada capítulo. Aumentar o capital, reduzir o dano provocado às nossas unidades ou ter o Groove disponível de início são os meios de suavizar a dificuldade de Wargroove.

Dotado de uma pixel art fenomenal e que dá vida às suas personagens, o jogo dispõe ainda de um arsenal de belas melodias e um diálogo bastante humorístico e sério ao mesmo tempo.  As batalhas são mostradas através de pequenas cutscenes maravilhosamente animadas. Estes quatro elementos servem para embelezar, e de que maneira, este título. 

Um dos mais promissores jogos deste ano, Wargroove conta com uma longevidade incrível (fruto dos seus múltiplos modos de jogo), arte e diálogo chamativos e um gameplay bastante desafiante que agradará sobretudo aos fãs de Advance Wars. Contudo, o multiplayer, a redução de dificuldade e o editor agradará também a casuais e iniciantes a este género de jogos de estratégia.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela Evolve PR.

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