Visita à Comic Con Portugal 2018
Quem
privou comigo durante este evento repetiu o que muitos disseram: espaço
engraçado, mas que não estava bem organizado. Acenei e concordei. A impressão
que esta edição do (NOS apresenta) Comic Con Portugal 2018 me deu é que era um Rock in Rio, mas
sem concertos. Minto, assisti ao concerto da grande Lisbon Film Orchestra que
me valeu um sábado!
Portugal
tem tantos centros comerciais por cidade como festivais de verão e começamos a
reparar que estes estão a deixar os concertos para serem eventos
multi-culturais ou celebrações à cultura POP, dizem. Há pouco interesse em
reter os fãs, mas sim as marcas. E agora roubo o lema do novo Super Smash Bros.
quando digo que estão todas presentes! Sem dúvida que havia imenso para ver e
experimentar e fotos para tirar, mas parecia que era para o inglês ver, ao
passo que o sumo do evento estava bastante aguado.
Olha
lá, André, é apenas o primeiro evento (em Lisboa). Só podem melhorar! Errado, é
a quarta edição do evento, mas a primeira em Lisboa. Uma mudança que deixou os
fãs revoltados, confusos, mas que lá vieram. O porquê era a ordem do dia, mas
porquê a mudança? Porquê a centralização de mais um evento que estava bem q.b.
na Exponor, no Porto. Que, apesar das
queixas, até tinha um espaço fechado, mas amplo para receber os visitantes
durante os quatro dias do evento. Trocou-se o frio do dezembro pelo quente de
setembro; trocaram-se as salas pelas sobras do Alive. A céu aberto? Como é que
é? Calma, há pavilhões, tendas, casas de banho portáteis e alguma sombrinha
para descansar. Assim foi a logística da coisa.
Para mim: um downgrade. Isto sem falar nas faltas de respeito aos artistas e
convidados. Se os fãs viram as entradas mais caras, os artistas pagaram muito
mais para exporem a sua arte e o trabalho de vida e se isto iria traduzir-se em
melhores condições, errado. A ordem de ocupação era pelo mais rápido, mas foram
todos enfiados numa tenda sem luz e sem condições climatéricas para estarem
confortáveis durante quatro dias. Às tantas lá ganharam terreno e conseguiram
algumas condições, mas se andar pelos corredores já era sufocante, imaginem
estar lá o dia todo…
Os
autógrafos tinham filas longas, que não eram culpa do evento, mas estavam
mal-organizadas com os fãs a aguentarem horas de calor ou de frio. E aqui
sublinho que o evento não tem culpa da meteorologia, mas sim pela organização
amadora. A disposição das tendas era esquizofrénica e ouvi muitas pessoas a
queixarem-se de que estavam perdidas. Ir de um lado para o outro era uma aventura,
mas para não me perder, usava a zona Gaming como referência porque era o último
pavilhão e o resto ficava para a frente. Se quisesse ir a algum lado tomava
este ponto inicial como referência. Assistir a painéis também era engraçado
devido à falta de informação. Não fossem as mensagens dos próprios convidados
nas suas redes sociais não sabia para onde ir ou quando ir.
E em termos de convidados? Bem,
quando temos um humorista a encher chouriços durante os quatro dias, algo se
passa. De resto, havia presenças para todos os gostos: desde actores a
ilustradores, passando por argumentistas, músicos e cosplayers. É certo que não
dá para agradar a todos, mas aqui foi uma missão cumprida!
Se
estivesse a analisar um jogo diria que os gráficos e a música estavam on point, ao passo que a jogabilidade era
tosca e nada intuitiva. O local da história era mau, mas esta nem era má, com
as melhores personagens que uma pessoa pode pedir e partilhar bons momentos. E
já que estamos em jogos, vamos a isso: os pavilhões eram grandes e estavam
recheados de bombons para os dedos mais gulosos dos jogadores. A Nintendo tinha
trunfos como o novo Super Smash Bros., Dark Souls, Dragon Ball e mesas com o
Labo para as famílias. A Sony reconstruiu uma mini Nova Iorque e trouxe o
aranhiço em força para o pessoal não se esquecer de que o jogo saiu há dias. A
Microsoft esteve mais modesta, mas nem por isso esteve esquecida. O Fortnite, o
CSGO e os demais eSports eram mel para os muitos visitantes que vieram ocupar
computadores ou só assistir.
Ao ver as horas a passar, vi vários
mundos num universo Comic Con e heróis para os representar. Não houve um Thanos
a estalar os dedos, limpando os sorrisos dos visitantes, mas sinto que a luta
não terminou. Há muito para fazer e muito para melhorar; há que voltar aos
esboços e pensar num melhor evento para 2019 porque se não estivermos felizes,
a organização não fica feliz. No fundo, queremos todas as pessoas felizes, não
é?
Até para o ano!