V-Rally 4


Quantos anos se passaram desde V-Rally 3? Melhor ainda, quantos anos se passaram desde os dois primeiros da PS One? Se bem me recordo, o terceiro não foi muito bem recebido pelas críticas, mas os anteriores foram jogos que agarraram os jogadores ao comando, mesmo com o seu rival Colin McRae na concorrência. Algo que também está alojado na minha memoria desde criança era o facto de comentar com amigos o que significava V-Rally, V de Verdadeiro Rally ou V de Virtual Rally? Pois bem, eu ficava-me muitas vezes pelo V de verdadeiro Rally por adorar tanto esta série. Eis que, após todos estes anos, volto a pegar num novo V-Rally e posso dizer que me fez esboçar um enorme sorriso!

V-Rally 4 chega amanhã à PlayStation 4 e Xbox (com uma versão para Nintendo Switch também a caminho), mas quando foi anunciado esta foi uma grande surpresa, após tanto tempo surge um novo jogo V-Rally. Assim que comecei a jogar senti que o espírito da série está bem patente e de que maneira, pois a maneira de jogar (sem ter noção de como está no terceiro jogo) está exatamente igual à dos velhos títulos, o que significa que é difícil de controlar mas viciante e divertido.

A primeira corrida serve como tutorial e fez-me tremer de emoção porque a jogabilidade é praticamente igual ao que me recordo, embora um pouco mais realista. A condução stressante onde qualquer toque em falso fará o carro capotar ou qualquer pedra que esteja no caminho fará com que o carro “voe” ou tenha um acidente contra rochas ou mesmo caindo de um penhasco. Cá está o V de verdadeiro rally, que faz com que o jogador tenha de ter “mãos” para os carros mesmo que se trate de um Mini Cooper S, carros que estão sempre preparados para as piores condições climatéricas possíveis. Mas o primeiro contacto é com um Volkswagen Polo R que conta com uma condução e aceleração fantásticas, não se trata de um carro antigo por isso mesmo podemos dizer que este “bufa” e de que maneira. A minha primeira experiência de condução foi surpreendente e fez-me sentir um verdadeiro piloto. Como seria de esperar, bati com o carro um par de vezes até “afinar” o meu motor e começar a conduzir como um profissional.


Após o tutorial somos direcionados para o modo V-Rally, que é o modo mais interessante e onde tudo se passa realmente, desde torneios e competições a contratos com empresas e compra de veículos novos. Assim que somos atirados ao “mundo”, a primeira coisa a fazer é comprar um veículo de Rally, isto porque existem 4 categorias diferentes. A minha primeira escolha foi o Mini Cooper S, após receber um pouco mais de dinheiro a escolha ainda foi mais fácil e desde então tenho corrido sempre com o meu adorável e apaixonante Volkswagen Golf 1 GTI 16 válvulas, isto porque tenho em casa um Golf II GTI praticamente igual e é impossível não sentir um enorme desejo em jogar com uma máquina intemporal como esta. Depois da compra do veículo é necessário contratar mecânicos para ajudarem na performance do veículo e a consertar os estragos que vai sofrendo durante as competições. Para além destes mecânicos é preciso contratar igualmente pessoal do departamento de recursos. Está ao nosso dispor também um agente que está encarregue dos contratos e de gerir os contactos, os quais precisamos para obter mais prémios. Todas estas pessoas vão subindo de nível mas também podem ser dispensadas e é possível contratar pessoal com mais qualificações para o trabalho, no entanto também vão exigir mais dinheiro. Convém correr com bons resultados nas competições pois o dinheiro também terá de chegar não só para as reparações como também para pagar os salários de toda esta gente no final de cada semana, eles não trabalham a pão e água como devem calcular.

Na aba Infoboard é possível encontrar toda a informação disponível, desde mensagens como contratos a cumprir. Se os requisitos forem cumpridos, mais dinheiro entra na nossa conta e é disso que precisamos, tanto para comprar novos carros como também para pagar a fiança nas competições. A aba da Garagem serve para espreitar os veículos que adquirimos, é aqui que podemos fazer um upgrade aos carros adquiridos e ler a sua ficha informática, ou seja, todos os detalhes de cada um dos carros. Estes upgrades só estão disponíveis sempre que se façam várias corridas com o veículo que se pretende melhorar. Dependendo dos carros, os upgrades têm um limite, pois não é possível “kitar” um Golf I GTI até ficar como um Mistibishi Lancer ou um Subaru Impreza, mas mesmo assim pode-se aumentar bastante a performance.

Depois de tudo isto, o importante é competir e bem. Todas as corridas, seja a que competição estas pertencerem, conta com uma barra de dificuldade ajustável. Eu mantive-a no médio e achei confortável, no entanto não deixei de sentir uma pura adrenalina nas curvas mais apertadas onde, no fundo, a dificuldade não interfere em nada mas sim as habilidades do jogador. Esta serve apenas para as corridas V-Rally Cross e restantes competições quando se joga em contra-relógio. Antes de iniciar as corridas há também a ficha de cada veículo e claro a sua preparação para o terreno, coisa que não é novidade para quem jogou os primeiros títulos da série ou até qualquer outro jogo de rally. No caso de o carro receber danos durante uma corrida e ser uma competição que inclui mais do que um percurso, o jogador tem a possibilidade de reparar o carro, dentro de um tempo limitado até à próxima corrida. É também possível ver o ranking dos melhores pilotos em cada um destes stages. Algo que mudou e facilita imenso qualquer jogador é a função de reiniciar qualquer corrida, o que antes, numa competição com mais do que uma corrida, obrigaria a reinicar o torneio por inteiro. Há também uma opção de reconhecimento de pista, mas que se torna um pouco inútil com a funcionalidade de reiniciar.


O modo online não estava disponível a tempo desta análise, mas suponho que seja espetacular competir com outros em contra relógio ou então competir no modo V-Rally Cross. Por falar em modos, existem 5 diferentes ao todo. Destes, o Rally é o que mais gosto e é algo que desde o primeiro jogo existe, competir com outros carros em pista. Os outros 3 modos são o Hill Climb, que se pode comparar à Rampa da Penha ou à Rampa da Falperra, em que escolhemos carros velozes para subir montanhas com estradas em alcatrão até chegar ao topo. O que menos gostei foi o Extreme Khana, que se foca a executar a corrida com perfeição sem tocar em qualquer cone ou parede, não que isso não seja engraçado mas uma das pistas em que joguei no Kenya com curvas irrealistas fizeram-me perder o interesse em competir nesse modo. Por fim o Buggy que, como o nome indica, são competições entre buggys, não tenho muito conhecimento mas do que joguei foi engraçado e a diversão também está presente. Existe uma pista específica no Canadá que serve para fazer uns test drives com os veículos que comprarmos.

Quanto ao multijogador, existe o modo ecrã dividido e o modo online, não testei nenhum dos dois pois não tive essa oportunidade. E claro, como qualquer outro videojogo, existe o modo opções onde podem ser alterados o estilo de condução (travagens automáticas e mudanças), controlos, audio e vídeo. Algo curioso é que neste jogo toda a música desapareceu, seja qual for o modo escolhido. Por um lado é uma pena pois a música era excelente nos jogos V-rally, por outro lado um jogo deste género pede perícia e por isso mesmo é preferível não existir música para não desconcentrar. Existe ainda uma opção de nome Extras onde é possível verificar os troféus, estatísticas e créditos do jogo.


V-Rally 4 é realmente um mimo para os fãs da série. Sente-se adrenalina, stress, os rateres pelo escape, as pedras a bater no guarda lamas, a condução perigosa e estonteante, a lama e a poeira a saltar pela banda de rodagem do pneu... O jogo tem a nostalgia dos antigos combinada com o que se faz na atualidade, é caso para eu voltar a dizer que este V é um V de Verdadeiro-Rally.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Upload Distribution.

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