Earthworms
Eu sei que me queixo bastante dos point ‘n’ click na Switch, mas caramba que este estava quase, quase a ser bom, senão um dos melhores na consola. E agora que terminei a análise, vamos voltar ao início.
Quando pesquisamos o nome deste jogo, é normal termos vários resultados para o Earthworm Jim, mas tirando as minhocas não têm muito a ver. Este é uma aventura gráfica interactiva e o outro é um side scroller demente. Bem, este jogo também tem uns laivos de demência, mas devem-se mais ao facto de os controlos serem estranhos e passarmos grande parte do jogo a coçar a cabeça e a perguntar o que raio estamos a fazer.
Consigo
apontar-lhe coisas boas, mas mais no departamento artístico. Cada cenário é um
quadro e, aqui, o estúdio inspirou-se na arte de Edward Hopper. Se guardarem o
nome para mais tarde irem à procura, verão que os seus quadros capturam
cenários de um quotidiano americano. O que acontece aqui, mas com um toque de
estranheza que depois perceberão. A banda sonora é sombria e envolve-nos
rapidamente no ambiente do jogo. Piotr
Surmacz criou uma sonoridade onírica que mistura vários instrumentos, alguns
pouco usuais. Passamos de sintetizadores a músicas tribais de um cenário para o
outro, mas de uma forma tão fluída que não se estranha.
E se
Earthworms fosse apenas uma curta ou um projecto de animação, seria um mimo.
Como jogo de vídeo? Nem por isso. Aqui jogamos com Daniel White, um detective
privado saído das revistas Pulp
americanas, atirado para uma localidade povoada por personagens caricatas. Olá,
Twin Peaks. E se a história é cliché por se tratar do desaparecimento de uma
moça, capítulos mais tarde estamos a questionar o ecrã da Switch e a indagar o
que raio se passa. O título do jogo é flagrante e vão logo dar de caras com as
minhocas gigantes que se espalham pela cidade. Terá o desaparecimento da miúda
alguma coisa a ver? O que raio são aquelas minhocas e que importância terão na
história? Não percam as cenas dos próximos capítulos e se entenderem a
história, expliquem-ma porque fiquei confuso. Quando acabo um jogo e sinto que
nadei no éter, vou à Internet ler sobre a história e ver se mais gente está
como eu. Descobri que há três finais: o mau, o neutro e o bom. Tive o neutro,
já agora e os créditos acabaram comigo a coçar o queixo. Certo…
E agora
a queixa da primeira frase! Earthworms! Porquê? Tu, que tens várias opções de
controlo, porque não funcionas bem naquela que vou usar? Ou eu tenho um azar
brutal. Joguei sempre em modo portátil, testei os controlos tácteis e os
analógicos. Os tácteis funcionam como esperado, nada a apontar, mas com os
analógicos? Parecia que tinha a consola possuída pelo demónio porque o cursor
não parava quieto e quando queria clicar em algo mais pequeno, suava em bica para
lá chegar ou desistia e tocava no ecrã. Talvez algum problema de calibração do
jogo? Se fosse dos meus comandos, teria este problema noutros jogos e não
escrevia aqui.
Fora
isto, a jogabilidade é o que se espera deste tipo de jogos: clicar em tudo no
ecrã, falar com as pessoas até esgotar os diálogos e apanhar itens para
combinar e usar em tudo até mais não. Volta e meia temos uns puzzles para
resolver, mas estes são (e perdoem-me o francês), parvos. Resolvi 80% desses
puzzles ao calhas de tão aleatórios que eram. Depois, havia coisas que não
funcionavam e um salto rápido aos fóruns do Steam mostrou vários tópicos de
pessoas a queixarem-se do mesmo. E aqui cedo porque o pessoal da All Those
Moments respondia a ajudar ou a resolver problemas ou bugs.
Earthworms
é um jogo que vale a pena se o apanharem numa promoção jeitosa. Não é um mau
jogo, mas também não é bom. Safa-se e como quero mais jogos do género na
Switch, vou bater o pé até lançarem algo bom, mas mesmo bom! Não diverte, mas
também não aborrece porque não é longo. Não é previsível, mas se gostam dos
filmes do Lynch, então estão em casa porque também não entendo nada dele.