Scythe: Digital Edition


Lançado através do Kickstarter em 2016 Scythe é um jogo rico em detalhe, com mecânicas que o tornam bastante único e cativou bastante o público após o seu lançamento. As ilustrações de Jakub Rozalski são um convite bastante aliciante para entrar num mundo alternativo após a primeira grande guerra, numa Europa meio steampunk onde o conflito é uma constante.


Surge agora a versão digital para PC pelas mãos da Asmodee Digital, resposável por vários outros jogos de tabuleiro lançados também em dispositivos móveis e consolas, adaptações estas bastante fiéis como podemos ver em Through the Ages. Scythe é um jogo com bastantes regras, algumas que podem causar bastante confusão, mas não é tão complexo como parece. Nesta versão digital o jogo facilita imenso ao nos indicar tudo o que podemos fazer e ainda alertar quando cumprimos certos objetivos. Nesta análise não vamos explicar muito regras ou entrar em detalha nas mecânicas do jogo, para isso esta versão digital conta com um bom (e rápido) tutorial.

Aqui o objetivo é ser o primeiro a cumprir 6 achievements que podemos atingir de vários modos, seja completando uma das missões que recebemos, fazendo deploy dos 4 mechs, construir os 4 edifícios, vencendo combates, etc. Depois temos também 5 fações com habilidades próprias que mudam não só o modo como cada jogador percorre o tabuleiro, mas também ao jogar várias vezes com fações diferentes obriga-nos a adaptar a nossa estratégia a cada novo jogo. No fim ganha quem for o mais rico, pois as moedas que vamos obtendo ao longo da sessão, principalmente as que obtemos na contagem de pontos no final do jogo, são os pontos. A popularidade é um ponto chave, pois quanto mais popular mais moedas ganhamos na contagem dos pontos.


Cada turno é bastante rápido e temos à escolha 4 possíveis ações, sendo elas produção, executar movimentos, troca ou ganhar popularidade e por último reforçar a nossa força militar ou ganhar cartas de combate. Dependendo da ação que escolhemos temos um conjunto de ações extra que podemos fazer se tivermos os recursos para tal, e é nesse momento que podemos construir mechs, edifícios, fazer um upgrade ou enlist, este último que na realidade serve apenas para ganhar dinheiro, força, popularidade ou cartas de combate. Os upgrades não só servem para produzir ou andar mais, por exemplo, como também para reduzir os custos necessários para outras ações.

Scythe lembra-me um pouco os clássicos jogos de estratégia que jogava no PC, em que tudo tem um custo e cada um dos 4 recursos serve para algo específico, que podemos produzir tendo trabalhadores nos hexágonos específicos. Caminhar pelo tabuleiro parece impossível pois não podemos atravessar rios, mas basta criar um mech para desbloquear habilidades como Riverwalk que nos permitem atravessar rios ou outros que facilitam imenso os movimentos no jogo. Mesmo se não chegasse existem ainda túneis que nos permitem percorrer o tabuleiro de uma ponta à outra com poucos movimentos, que juntamente com a Mina que podemos construir (junto à nossa base, por exemplo) permite-nos viajar sem precisar de atravessar a água.


À primeira vista parece que podemos fazer muito pouco em cada um dos nossos turnos, mas à medida que vamos avançando cada vez mais chegamos à conclusão que existem vários meios para atingir os fins. Não conseguimos produzir recursos específicos? Então trocamos 2 recursos à nossa escolha por uma moeda. Construir edifícios é muito caro? Fazemos um upgrade para reduzir o custo. Um adversário controla um hexágono cheio de recursos? Podemos invadir esses espaço, abrindo guerra se necessário e se formos vitoriosos ganhamos os recursos que ficam sempre no tabuleiro, nunca vêm para a nossa mão. Mas embora o aspecto ameaçador dos mechs, o ar agressivo dos nossos heróis (líderes de cada fação) e ainda as cartas com poder de combate, que nos permite reforçar a nossa força nas lutas, Scythe não é um jogo onde o combate tem um papel fundamental.


Após algumas partidas de jogo o que à primeira vista parece um jogo extensivo, confuso e que vão gerar muitas dores de cabeça é na realidade um jogo bem mais simples do que parece. Simplesmente todas as mecânicas diferentes permitem-nos jogar à nossa maneira, construir uma estratégia e sem estar muito dependente do factor sorte, que não é muito decisivo (fora nas cartas que nos saem). Admito que houve regras que compreendi mal enquanto jogava na versão de tabuleiro, regras que são bastante bem explicadas na versão digital, não fosse o jogo alertar para tudo o que podemos ou não fazer. Esta versão digital em ponto algum serve para substituir a versão física, mas sim para ter rápidas sessões online contra amigos, mas digitalmente é complicado ter uma noção geral de tudo o que se está a passar no jogo, ou conseguir prever o que os nossos adversários estão a planear. Por outro lado cada sessão é bastante mais rápida, passado das 2 ou mais horas de jogo para menos de uma hora, e sem precisar de fazer o set-up de jogo que também ele é bastante grande.


Scythe é um jogo de grande sucesso, bastante popular entre os amantes dos jogos de tabuleiro, que ganhou alguns prémios e esta versão digital faz com que ele esteja sempre à mão, sendo ideal para partidas rápidas contra os amigos online. Não vem recheado com modos extra, as opções de cor mudam muito pouco o aspecto do jogo mas é possível admirar as ilustrações do jogo em grande. Por último, de momento o jogo é a versão base apenas, sendo que as 3 expansões do jogo estão a caminho do formato digital, e outras atualizações gráficos poderão estar também a caminho.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para PC via Steam, gentilmente cedido pela Asmodee Digital.

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