Fretless - The Wrath of Riffson
Fretless - The Wrath of Riffson é um RPG desenvolvido pela Ritual Studios e publicado pela Playdigious Originals que mistura dois géneros que não se costumam misturar muitas vezes; deck building e ritmos musicais. Uma mescla entre Guitar Hero e Splay the Spire, se me for permitido fazer essa comparação.
A narrativa é simples, leve, mas eficaz: Rob, o protagonista, tenta chegar e vencer a Battle of the Bands, enquanto a corporação Super Metal Records tenta fazer de tudo para o deter. Pronto, é isto! Pelo caminho vamos derrotando inimigos, fazendo upgrades ao nosso material de combate musical e apreciando um mundo com uma ligação muito próxima com a música, o que traz uma autenticidade e charme que cativa não só quem é amante de música (especialmente rock e metal, neste caso em específico) mas também quem costuma seguir ou é fã de Rob Scallon, o mítico músico e youtuber. Porquê? Para além da sua paixão imensa por música e de ter um canal no youtube super interessante de se seguir, é amante de videojogos, especialmente RPGs. Além de ser ele próprio, a personagem principal do jogo, toda a música foi feita por ele, todo o lore por detrás de Fretless assenta nas suas vivências, amizades, “multiverso” e é a ele que pertence a maior fatia de investimento monetário no desenvolvimento do jogo.
Aproveito para deixar aqui um link de um vídeo bastante interessante que Rob Scallon fez em conjunto com os desenvolvedores e que de certa maneira explica e expõe as agruras e também alegrias de todo o imenso processo que é criar um videojogo. Podem aceder ao vídeo, aqui.
Apesar de toda a narrativa andar muito em volta do "multiverso" de Rob Scallon, mesmo que sejamos completamente alheios a ele, podemos jogar o jogo todo sem que essa falta de conhecimento belisque a experiência. Apenas embeleza a de quem acompanha de perto este youtuber.
Existem muitos pontos positivos em Fretless - The Wrath of Riffson. Uma pixel art com muito charme, uma componente sonora e musical bastante presente e que acompanha com muita competência a viagem da personagem, uma construção de mundo que é capaz de agregar em si todas essas componentes visuais e sonoras e apresenta-las com muita coesão, mas, para mim, o combate foi aquilo que mais me fascinou.
Cada instrumento tem o seu estilo próprio, com riffs (cartas) e habilidades únicas. Temos 4 instrumentos à disposição, que vão sendo desbloqueados à medida que vamos avançando na história. Todos eles têm direito a upgrades e aos seus próprios riffs igualmente desbloqueáveis com a progressão. Começamos com uma guitarra acústica, depois desbloqueamos a guitarra baixo, de seguida um sintetizador e para finalizar uma guitarra "metaleira" de 8 cordas que dá bastante dano, embora não o faça gratuitamente.
Fretless - The Wrath of Riffson não é transcendente nas suas mecânicas e até se rege muito pelos sistemas mais tradicionais de combate por turno, mas adiciona algo de novo. A mecânica do "Crescendo" é a principal percursora da parte mais "Guitar Hero" do jogo. É aí que, ao ritmo da música, ativamos os combos mais poderosos através de QTE (Quick Time Events) e durante um turno vemos o nosso dano amplificado. Excelente para as batalhas com bosses mas também nada fácil de o adquirir.
De modo geral, todas as batalhas com bosses são interessantes, mas os restantes combates, passando algumas horas, começam todos a ficar muito iguais e previsíveis, o que poderá levar a que se instale alguma monotonia mais lá para meio do jogo.
Nada que faça grande mossa pois, por norma, os combates não são muito demorados.
Fretless – The Wrath of Riffson é uma proposta muito original que combina na perfeição “deck building”, combate por turnos e jogos de ritmo. A sua componente musical não está presente apenas na construção do mundo, é parte integrante das mecânicas de combate que, para mim, acabam mesmo por ser o ponto mais alto deste videojogo.
É, claramente, um resultado de uma colaboração entre músicos e desenvolvedores que se dedicaram de corpo e alma à causa, esforço esse que resulta numa experiência coesa e divertida, que acaba por não ser apenas para amantes de música, nem só para amantes de RPGs, é para quem gosta de videojogos.
Além disso, tem um preço bastante acessível à maior parte das carteiras e apesar de ter em si pouco mais de 10 horas de jogo (o que parece pouco tendo em conta que é um RPG), faz jus à conhecida expressão "Menos é mais".
Fretless - The Wrath of Riffson saiu no dia 17 de julho de 2025 para PC (Steam).
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PC, gentilmente cedido pela Playdigious Originals.