Drag x Drive
ARMS surgia como um título de destaque na Nintendo Switch, na janela de lançamento da consola, um jogo que voltava a explorar o gimmick dos controlos por movimento embora não fizesse nada de revolucionário. Foi um jogo da altura, que não viveu muito mais além disso embora o recomende bem para sessões em casa com amigos. Quando vi pela primeira vez Drag x Drive tracei logo paralelismos com ARMS, por ser um jogo inspirado num desporto, pelos controlos por movimento e não tradicionais, por sair também na janela de lançamento da consola.
Assim que arranquei Drag x Drive preparei tudo à minha volta. Sentei-me na secretária, sabendo que este jogo ia pedir algum espaço para jogar devidamente, pois ia estar a arrastar os Joy-Con 2 na secretária o tempo todo. Sim, ainda testei usando os comandos nas calças, mas... não recomendo. Funciona? Sim, mas é desconfortável. Tive uma boa sessão de tutoriais no início, explicando-me bem todos os movimentos e alguns truques, preparando-me com tempo para o jogo a sério uns bons minutos depois. Quando terminei as explicações estava pronto para o jogo em si, largado num ginásio cheio de coisas para fazer!
O grande foco do jogo é, sem qualquer dúvida, as partidas de basquetebol em cadeira de rodas, um desporto olímpico que medalha muitos ateltas a cada 4 anos, nos Jogos Paralímpicos. Usando cada um dos comandos controlamos a nossa personagem, simulando os movimentos na cadeira de rodas tal como é espetável que, com a vibração dos comandos e a coordenação de ambos os braços, torna o jogo numa experiência relativamente imersiva. Para marcar pontos temos de atirar a bola para o cesto, usando sempre os movimentos do comando como se estivéssemos a atirar a bola, esta que vai numa trajetória mais ou menos guiada, sem precisar de apontar exatamente para o cesto. Pelo meio temos de nos desviar dos adversários, roubar-lhes a bola embatendo neles, fintando ao passar a bola para os companheiros de equipa ou posicionar-nos no melhor local à espera que nos passem a bola.
E é isto, o jogo são essencialmente estas partidas rápidas de breves minutos, com alguns truques que podemos fazer como pequenos saltos, mudanças rápidas de direção ou aproveitar os half-pipe perto dos cestos para fazer grandes afundanços! Há alguma mestria em praticar todos estes movimentos, que dependem muito da nossa destreza e não o quão rápidos somos a premir combinações de botões, pois tudo aqui se resume a usar ambos os comandos como ratos e os movimentos dos mesmos. Há também algum exercício físico à mistura, ao fim das minhas sessões com o jogo que duravam algumas horas, sentia-me cansado de estar ali constantemente a mover os comandos na secretária. Se calhar foi o jogo a dizer-me que preciso de exercitar-me mais.
Embora o jogo nos convide a ir online para partidas com outros jogadores, algo que não pude experimentar durante esta análise, temos partidas contra bots com diferentes níveis de dificuldade que se tornam bem mais desafiantes, com saltos grandes de dificuldade assim que experimentava o grau acima. Mas... é isto. Não há muito mais a acrescentar nestas partidas de jogo, não se compara a ARMS onde tinha mesmo um incentivo para continuar a jogar contra o CPU, este jogo aproxima-se mais de um Rocket League ou mais recentemente um Rematch, onde temos partidas rápidas como uma espécie de jogo arcade, só pela diversão do jogo. Contudo, não senti que o jogo fosse assim tão viciante e divertido como podia ser, mesmo explorando o gimmick dos comandos nestas partidas.
Felizmente há mais a explorar além do jogo principal, como disse, quando entramos no ginásio temos uma carrada de ícones brilhantes a flutuar à nossa volta, sendo mini-jogos a explorar sozinhos. Muitos deles se baseiam em partidas contra-relógio, onde passamos por checkpoints para tentar obter o melhor tempo, desviando-nos de obstáculos, usando as rampas para ganhar velocidade, fazer curvas apertadas que exigem movimentos rápidos de braços. Honestamente? Senti precisar mais destes mini-jogos, algo mais complexo em pistas cheias de obstáculos contra adversários, ou até mesmo aproveitando o estilo meio sci-fi do jogo para coisas bem futuristas. O jogo podia mesmo ser uma coleção de pequenos jogos, algo mais próximo de um Nintendo Switch Sports de escala bem menor, que explorasse o gimmick dos comandos em diferentes atividades, desportos ou jogos competitivos diferentes.
Pois, não é um jogo que nos vá "roubar" assim tanto tempo, rapidamente fiquei sem atividades para explorar assim que fiz os mini-jogos e já não tinha assim tanto incentivo para as partidas contra os bots, algo que poderá mudar ao jogar contra outros jogadores, no entanto. Há desbloqueáveis para mostrar o nosso estilo, equipando diferentes capacetes e mudando a nossa cor, mas é extremamente limitado e não dá ali para mostrar o nosso look de forma a destacar-nos no meio do campo, é só mesmo o estilo de capacete, as cores e se temos materiais mais ou menos brilhantes no equipamento. Falando em edição das personagens, temos ainda três estilos de jogo semelhantes, mas, que se podem adaptar ao nosso estilo de jogo, que cria também alguma estratégia e variedade nas equipas.
Vejo aqui um jogo que tinha um bom potencial se fosse como parte de um pacote maior de atividades. O seu preço reduzido face a um jogo completo pode ser um incentivo para muitos abraçarem o gimmick dos controlos, mas, gostava mesmo que tivessem ido um pouco mais além, tornar este jogo numa experiência completa que nos ia pôr a mexer os braços freneticamente na secretária, no sofá ou até nas calças (novamente, não recomendo), entre diferentes desportos. É divertido durante algum tempo, e tenho curiosidade para ver se o jogo pega ou não online, embora sinta que pode ser rapidamente esquecido.