The Plucky Squire

 

Em The Plucky Squire somos Jot, um pequeno e destemido escudeiro que vive num reino chamado Mojo, que é governado pela rainha Chroma a partir do seu castelo na cidade de Artia. Neste reino, onde tudo aparenta ser colorido e festivo, nem tudo é pacifico pois Humgrump, um feiticeiro com muito mau feitio quer conquistá-lo e sempre que acontece a derradeira luta entre Jot e Humgrump, Jot sai sempre vitorioso! E digo sempre, porque nem Jot, nem nenhuma das personagens deste jogo, tem ideia de que na realidade faz parte de um livro de crianças chamado The Plucky Squire onde, invariavelmente, a história começa e acaba sempre da mesma maneira, pois é assim que ela está escrita.

Farto de ser sempre derrotado e com um enorme desejo de ser a personagem principal desta história, Humgrump descobre uma maneira de expulsar Jot da sua própria história e do livro (literalmente), reescrevê-la e causar o caos no reino.

É com esta premissa que o jogo começa, dando início a uma aventura que vai acontecendo página a página mas também fora do livro visto que Jot, com a ajuda do seu amigo feiticeiro/DJ Moonbeard, ganha a habilidade de poder saltar da sua realidade 2D para a realidade 3D do escritório onde o autor do mesmo vai escrevendo e desenhando as suas histórias.

Como em qualquer livro de crianças, The Splucky Squire é simples no enredo, mas sempre com algo para ensinar. A história vai sendo contada pelo narrador, simultaneamente escrita no livro à medida que vamos progredindo no jogo e este poder das palavras acaba muitas vezes por fazer parte dos puzzles mais cerebrais.

Abastado mecanicamente, The Plucky Squire é bastante diverso em termos de puzzles e mecânicas. Os puzzles mais cerebrais e ambientais estão quase sempre associados ao que se passa em 2D enquanto que no "mundo real" do 3D tudo é mais cinético a nível da jogabilidade. Apesar dessa diferença, os dois mundos não vivem um sem o outro, complementam-se e a progressão da história quase sempre implica uma viagem à outra dimensão ou vice-versa. Tudo o que fazemos dentro do livro tem repercussões no "mundo real" e muito do que fazemos no "mundo real" com o livro, desbloqueia algo na história.

Dentro do livro o ambiente que se sente faz lembrar os clássicos Zelda da era 2D em toda a sua glória, desde o combate até ao layout dos mapas é bastante óbvio que houve uma grande inspiração nessa franquia. No "mundo real" se tivéssemos que traçar algum tipo de comparação em termos de jogabilidade essa recairia para jogos 3D do Super Mario. O interessante aqui em termos de combate é que embora seja um combate que não se estica muito na dificuldade, mantem-se constante nos dois mundos. Quer em 2D, quer em 3D, as sensações são iguais em termos de movimentos e nota-se que é uma decisão pensada de modo que não se corresse o risco de haver inconstância entre os dois mundos sendo que é a mesma personagem que os habita.

Existem muitos mini-jogos inspirados em videojogos retro muito conhecidos da nossa praça que, juntamente com os puzzles, oferecem ao jogador sempre algo de novo ao longo das cerca de 9 horas que demora este jogo a ser terminado. Temos sempre algo de novo para fazer, algo de novo para descobrir e isso é recorrente e válido até mesmo chegando à derradeira fase final do jogo.

Costuma-se dizer que os olhos comem primeiro que a boca e The Plucky Squire tem na sua arte visual um grande aperitivo. Os desenhos são apelativos e as cores são bastante vivas (não seria de esperar outra coisa de um videojogo sobre um livro para crianças) e o "mundo real" do 3D transmite sensações de estarmos numa aventura do Toy Story onde os objetos mais pequenos e mundanos tem proporções gigantes dado a tamanho da nossa pequena personagem. Os cenários 3D deste jogo, aqui e ali, também davam uma bela pista de corridas de Micro Machines...

Esta palete de cores entra muito em sintonia com a banda sonora do jogo, toda ela também muito dentro de uma temática infantil.


The Plucky Squire é rico em tudo! É um buffet de criatividade e de originalidade que nunca parou de me surpreender durante todo o tempo que passei com ele. Tem um encanto muito próprio que transcende até a badalada mecânica de passar de ambiente 2D para 3D que encantou o mundo em 2022, aquando da apresentação do seu primeiro trailer no Summer Game Fest desse ano. Obviamente que essa habilidade é o prato principal e é através dela que vivemos muitos dos momentos mais marcantes do jogo mas The Plucky Squire é muito mais do que um veículo que transporta consigo essa mecânica. 

As personagens têm charme, a história embora algo infantil é narrada com um humor perspicaz e dotada de uma escrita inteligente que aproveita o ambiente meta que a rodeia. A resolução de puzzles é variada e desafiante quanto baste para que em nenhum momento exista frustração e se tivesse que apontar algo seria em relação ao combate, todo muito simples e isento de dificuldade, embora case bem com a vibe casual do jogo.

The Plucky Squire é facilmente recomendável e é sem dúvida um dos grandes videojogos de 2024.

The Plucky Squire sai no dia 17 de setembro de 2024 para Playstation 5, Xbox Series X|S, Switch e PC.

Nota: Análise efetuada com base no código final do jogo para PC, gentilmente cedido pela Cosmocover.

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