Depois de ter feito a review da versão remaster de
Beyond Time and Space há uns tempos, eis que me foi dada a oportunidade de revisitar outro jogo da série, nomeadamente The Devil's Playhouse. Lançado originalmente em 2010, The Devil's Playhouse é o terceiro título da série, produzido pela Telltale Games, e que saiu no iPad, antes de encontrar o seu caminho para o mundo das consolas, nomeadamente a PlayStation 3 e PC. Este ano, mais propriamente no mês passado, saiu a versão remastered do jogo para diferentes plataformas, inclusive aquela para a qual estou a fazer esta review, a Nintendo Switch.
Tal como nos jogos anteriores, também este se apresenta como sendo uma aventura gráfica point-and-click, no qual assumimos controlo de dois protagonistas, o Sam e o Max. Um duo de detectives num mundo bizarro que mistura a ambiência noir com ficção científica dos anos 50, do século XX, Sam e Max descobrem os chamados Toys of Power.
Estes aparentemente inofensivos brinquedos, dão a Max misteriosas habilidades psíquicas, das quais os nossos heróis se iram servir para escapar dos muitos infortúnios que encontrarão pelo caminho. O primeiro uso que o nosso duo heroico dará aos mesmos, passará por impedir uma invasão alienígena levada a cabo pelo general Skun-ka'pe. Este veio à Terra em busca dos Toys, de forma a usar as suas habilidades nos seus planos de conquista. E esta é apenas o primeiro de cinco capítulos. Os restantes quatro veem Sam e Max terem que lidar com clones, possessões demoníacas e cérebros roubados, sempre com Skun-ka'pe à espreita.
Diferindo dos títulos anteriores, aqui Max tem um papel muito mais activo, uma vez que assumimos controlo directo dele aquando do uso das ditas habilidades psíquicas. Um acto que muda a nossa perspectiva de jogo para a primeira pessoa (o jogo, enquanto controlámos o Sam, é sempre na terceira pessoa). Entre as habilidades às quais o Max tem acesso estão o Teleportation Telephone, que permite, como o próprio nome indica, teleportação de curta distância, e o Rhinoplasty Toy, que dá a Max a capacidade de assumir a forma de um objecto à sua escolha. Existem outros Toys of Power, mas estes são os dois primeiros aos quais iremos ter acesso.
Ao contrário do Max, o gameplay do Sam continua igual. É com ele que iremos recolher pistas, itens, explorar o ambiente e questionar outras personagens, sempre com o intuito de resolver um determinado puzzle e garantir com isso o avanço da plot. Pelo meio teremos duas "novas" personagens para jogar na figura de dois antepassados de Sam e Max. Contudo, isso não altera em nada o gameplay ou o feel do jogo, sendo maioritariamente uma mudança cosmética. O jogo não conta com inimigos propriamente ditos, uma vez que se trata de uma aventura gráfica, contudo tanto eles como os restantes NPCs têm uma personalidade e um visual muito próprio.
O ambiente pulp noir e ficção científica mantém-se, agora com toques de Lovecraft. Os cenários variam entre ruas repletas de elfos e neve, o sistema de esgotos citadino e o interior de um dinner, cuja comida tem uma reputação duvidosa, passando ainda por um museu ou um comboio dos finais do século XIX, entre muitos outros. O humor do jogo não é tão datado, como nos jogos anteriores, mantendo-se um dos principais charmes do mesmo.
A nível estético, The Devil's Playhouse sofreu um lift significativo no que à cor, gráficos e definição das personagens. Encontra-se muito mais definido e bonito que a versão de 2010. Igualmente, arranjos a nível da banda sonora também foram feitos. O jogo inclui ainda alguns bónus, apenas disponíveis na versão da PlayStation 3, nomeadamente um Toy of Power adicional para ser encontrado.
Com uma história mais interessante (embora isto dependa muito de jogador para jogador) que em entradas anteriores e capaz de ser jogado como um stand-alone, relactivamente aos mesmos, The Devil's Playhouse é um jogo fundamental não apenas para fãs da série, mas também para fãs do género e de animação cartoonesca.
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Skunkape.