Hi-Fi RUSH


Com uma entrada rompante no mercado, Hi-Fi RUSH é todo ele uma surpresa! Surpreendeu ao aparecer do nada e foi surpreendentemente desenvolvido pelo estúdio Tango Gameworks que até à data apenas tinha apenas lançado experiências mais viradas para o terror tais como a saga Evil Within ou Ghostwire: Tokio.

Trata-se de um jogo de ação rítmico onde Chai, um aspirante a estrela de Rock mas já com toda a confiança de uma, vai substituir o seu braço magoado por um cibernético e após alguns percalços acaba por ser considerado um produto com defeito e segundo a política da empresa onde efetuou esse procedimento, tem de ser eliminado. A partir daí Chai em conjunto com uma série de aliados que vai conhecendo pelo caminho vai tentar ao mesmo tempo, evitar ser eliminado e acabar com o secreto plano maléfico de controlo de mentes que está a ser planeado por essa mesma corporação.

Com uma história bastante simples e direta, são os seus intervenientes que se tornam no elemento catalisador do sucesso da mesma. Chai, Pepermint, o gato cibernético 808 e companhia são interessantes, divertidos e muito diferenciados em termos de personalidade o que ajuda a criar diálogos e oportunidades de brincadeira que nos fazem ter um sorriso constante ao longo de toda a experiência. Uma das personagens que mais gostei foi CNMN, um robot que durante as conversas, pinta a cara com expressões faciais como se de um emoji de tratasse de modo a associar uma emoção adequada à conversa que está a ter no momento. Mas a vertente cómica inerente a este jogo não se limita aos diálogos, a comédia física tem uma parte muito importante no jogo, não fosse Hi-Fi RUSH uma autêntica banda desenhada em forma de videojogo. De maneirismos exagerados a momentos à la “looney tunes”, a arte de fazer rir sem palavras está bem presente e é bem complementada pela a arte visual escolhida, o “toon shading”, técnica utilizada para conferir ao jogo um aspecto mais abonecado ao ambiente 3D do jogo.



Se é verdade que os diálogos descontraídos e a sua matriz visual são muitos bons e se complementam, parafraseando o rapper português Gutto, “a cola que mantém a cena junta” é a sua jogabilidade e as mecânicas associadas a ela. O jogo visualmente faz lembrar algo como o Jet Set Radio, mecanicamente mas vai buscar elementos a jogos hack´n slash tais como Devil may Cry ou Bayonetta e injeta-lhe a fórmula dos jogos rítmicos.

Durante as 10 horas que demorei a terminar o jogo nunca me senti aborrecido com o combate, muito pelo contrário. Parece que há sempre alguma mecânica nova a aprender e que nos é apresentada de forma periódica, sejam através de mini-jogos, quick time events, novos combos, ou transições de ambiente 3D para 2D que aqui e ali permitem relaxar o jogador nos intervalos dos combates energéticos que Hi-Fi RUSH nos proporciona. Existem muitas subcamadas no que toca ao combate que aparecem progressivamente durante o jogo e que diversificam a maneira de o executar tais como o teleporte momentâneo dos nossos companheiros que que cada um deles tem uma característica inerente a deles que nos ajudam a derrotar inimigos com diferentes escudos ou fraquezas além de acrescentar ainda mais opções de combos, movimentos especiais ou ultrapassar obstáculos ambientais.



Todo este “carregar de botões” desenfreado acontece ao som e ritmo de músicas rock. Temos que sentir a música, vibrar com o pulsar do ambiente que nos rodeia para podermos fazer combos sucessivamente e com sucesso de forma a podermos dar mais dano aos nossos oponentes.

Certo que este jogo não é nenhum Metal: Hellsinger nesse campo, é muito mais perdulário em relação a acertar nos tempos corretos ou na quebra de momentum salvo uma situação ou outra mais específica. A sensação que dá é de que existe uma harmonia inerente entre a velocidade dos movimentos da Chai e o ritmo da música que toca do qual o jogador beneficia sem ter que fazer muito por isso. Aqui é a Tango Gameworks a apelar às massas e jogadores mais casuais o que na minha opinião só enaltece a natureza “fell-good” do jogo e alivia a jogabilidade dos menos experienciados em jogos desta natureza.

Mesmos aqueles que possam ter o ouvido duro poderão utilizar uma espécie de metrônomo aqui aparece no UI do jogo para ajudar visualmente essas pessoas a encontrar as batida certa para músicas de bandas como Black Keys, Prodigy, Nine Inch Nails ou as várias músicas originais que acompanham a batida do nosso herói improvável.

Contam-se pelos dedos das mãos as vezes em que um jogo é lançado na hora em que é anunciado, evento conhecido “shadow drop” ou “stealth drop” na indústria dos videojogos. Por norma temos meses e meses de antecipação e criação de hype até chegar ao dia em que o mundo finalmente pode experienciar o videojogo. Com Hi-Fi RUSH foi o que aconteceu e a grande confiança que o estúdio tinha no produto que desenvolveu ao ponto de o “lançar às feras” sem qualquer tipo de aviso num evento tão mediático como foi o Xbox Developer_direct, transfere-se de forma imediata para o jogador logo a partir dos primeiros minutos do jogo. Só assim este tipo de lançamentos resulta na minha opinião pois o jogo terá que corresponder a um pico de expectativa muito alto gerado em muito pouco tempo. 



Hi-Fi RUSH é vibrante e divertido. Uma lufada de ar fresco numa indústria por vezes muito resistente a tentar criar novas experiências com medo de retornos financeiros que possam defraudar expectativas (muitas vezes irrealistas). Combina na perfeição as suas mecânicas rítmicas com um combate frenético e recompensador que é assente numa narrativa leve e carregada de momentos cómicos. Conta com protagonistas com personalidades fortes e divertidas que, sem esforço, nos acompanham durante toda uma viagem que nos faz bater o pezinho e abanar o capacete. Este jogo, além de ser o primeiro grande lançamento de 2023, pode muito vir a ter um lugar à mesa dos melhores jogos deste ano. O tempo o dirá.

Hi-Fi RUSH saiu no dia 25 de janeiro de 2022 para Xbox Series X|S e PC e está também disponível no Xbox Game Pass.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PC, adquirido pelo autor do artigo.


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