Summer in Mara


O lançamento de Summer in Mara, do estúdio espanhol Chibig não poderia ter vindo em melhor altura. Toda a aventura é desenrolada num conjunto de ilhas paradisíacas e dadas as circunstâncias atuais em que o mundo está embrenhado, nada melhor que mergulhar num ambiente descontraído, sem violência e com a devida distância de segurança. Este projeto foi apoiado através da campanha Kickstarter e quase arrecadou os estonteantes 300,000€. 

O jogador interpreta o papel de Koa, uma rapariga que foi abandonada pelos seus pais e adotada pela sua avó, uma senhora peixe da espécie qüido, chamada Yaya Haku. Acontece que Yaya Haku é uma personagem bastante restritiva, de maneira que nunca deixou Koa viajar para fora da sua ilha. Nesta ilha existe um portal envolto em mistério que se encontra fechado e que guarda um segredo que apenas Yaya Haku sabe.

Infelizmente, um certo dia a vida de Koa recebe uma má notícia. A sua avó embarca numa misteriosa missão e não regressou à ilha. Agora o Oceano Mara está em perigo uma vez que uma corporação misteriosa chegou ao planeta Qü, atraída por uma energia estranha emergente dos oceanos. Querem assim dominar e explorar todos os recursos de Mara. 


Ao início Summer in Mara consegue imprimir o espírito aventureiro e gráfico de títulos como por exemplo Zelda. No entanto, neste caso a sensação de progressão não é tão satisfatória, mas ainda assim funciona. Este é um título que mistura humanos, peixes, felinos, alienígenas e outros seres sem ninguém questionar ou se sentir menos bem por isso.

A jogabilidade é centrada numa mistura de aventura e um simulador agrícola. O vasto oceano tem espaço para várias ilhas que podem ser visitadas, com itens e disposições diferentes. Ainda assim fica uma sensação de vazio, muito por culpa do ambiente meio despido.

A ilha de Koa serve como ponto principal para cultivar, criar animais, pescar, criar novas ferramentas e até cozinhar alimentos que a ajudam a recuperar a barra de “stamina”, que, diga-se de passagem, é consumida bastante rapidamente, e a matar a fome. Se a barra de “stamina” for completamente consumida, Koa desmaia e começa imediatamente no dia seguinte, apenas com uma porção desta barra disponível. Cada alimento, ou prato cozinhado equivale a valores diferentes de recuperação destas duas premissas.

Toda a ideia de Summer in Mara passa por tentar relaxar o jogador com uma jogabilidade calma. Embora em papel pareça ser um conceito bastante promissor, na prática deixa muito a desejar. Todas as missões apresentadas ao jogador dão a ideia que Koa é uma rapariga de recados e facto de se ter de subir para o barco, navegar de ilha em ilha num oceano inexpressivo toda a vez que um NPC pede um fruto ou um vegetal que necessita de ser cultivado, é de facto um ponto bastante frustrante.



Ainda tocando neste ponto, todos os produtos plantados, excetuando os frutos e as árvores, apresentam um número por cima da plantação indicando quantos dias serão necessários até que seja possível fazer a sua colheita. Ainda assim é possível usar elementos como fertilizantes ou água que acelerará todo este processo. É também possível acelerar todo o processo se se dormir, isto faz com que se avance o dia atual. Não existem meses ou estações do ano, de maneira que não existem alimentos específicos.   

Posto isto, o problema é não existir qualquer tipo de significado durante os “dias” perdidos no loop entre ilhas e espera prolongadas durante a gestação dos produtos plantados. 

Indepentemente do tempo em que se passa fora da ilha, não existe nenhum sentimento de perda. Os animais continuaram a viver e toda a plantação não passará do prazo, mesmo que esteja pronta a ser colhida. Este título não incentiva o jogador a jogar de maneira otimizada, entre recursos, custos de ações e os benefícios que estes lhe poderiam trazer. 

Relativamente à história, não tem qualquer ritmo ou emoção e é facilmente esquecida. Enquanto os desenhos 2D apresentam-se bastante vividos e expressivos, todos os modelos 3D das personagens não têm qualquer tipo de expressão. O mundo em si, é talvez o ponto a favor. Embora muitas vezes se apresente despido de NPC’s, os ambientes tropicais conseguem transportar uma sensação de serenidade. 


Infelizmente Summer in Mara não apresenta nada de novo ao já imenso catálogo de jogos deste género. A sua mecânica de missões super repetitivas, jogabilidade bastante simplista e uma história com pouco peso conseguem transportar momentos de alguma frustração.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para o PC, gentilmente cedido pela Chibig.

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