Desperados III


Após um interregno de 14 anos sobre o seu antecessor, Desperados III, produzido pelo estúdio da Mimimi Games e publicado pela THQ Nordic, vê finalmente a sua mira a ser aprimorada contra os “badboys” do Faroeste. Seguindo a mesma linha de pensamento relativamente ao género de jogo, este é um título de estratégia em tempo real com a premissa acentuada no lado da furtividade.

Desperados III é apresentado como uma prequela ao jogo original, de maneira que nenhum conhecimento prévio referente ao seu enredo ou personagens é necessário ou tremendamente importante para os jogadores que nunca se tenham aventurado nesta história.

A história começa pela sede de vingança que John Cooper tanto procura, e como todas as personagens se conheceram e se juntam a esta causa. A aventura desenrola-se num vibrante e cativante ambiente, desde Colorado até aos desertos do Novo México.

No total existem cinco Desperados, ou por outras palavras, cinco personagens jogáveis que são atribuídas em cada nível pelo próprio computador. Três personagens já bem conhecidas e dois personagens completamente novos.


John Cooper, que tem servido de personagem principal nos títulos anteriores, aparece com a sua famosa faca e pistolas, que podem ser disparadas em simultâneo para abater dois inimigos de cada vez. Tem também ao seu dispor um infinito número de moedas, que o ajudam a distrair os seus adversários. O doutor McCoy, que serve como o enfermeiro do bando, acompanhado pela sua pistola ao jeito de sniper, bem como a sua mala que contem um gás que deixa qualquer um K.O, até o próprio se estiver muito próximo. Kate O’Hara também reaparece com os seu vestidos compridos, cheios de charme venenoso. Consegue desviar a atenção de qualquer guarda e trás consigo uma pistola e perfume que cega os seus inimigos por breves instantes.

Relativamente aos personagens novos, o primeiro a ser apresentado é o Hector Mendoza. Fã de whiskey, carrega consigo às costas a sua tão amada Bianca a armadilha de ursos, o assobio que funciona como técnica para atrair os inimigos, tanto para a sua armadilha, como para um ataque corpo a corpo com o seu machado e uma shotgun que permite atingir vários inimigos. Por último a personagem mais intrigante e específica do grupo, Isabelle Moreau, a bruxa do pântano. Com os seus poderes supernaturais consegue controlar a mente dos guardas como se uma boneca de voodoo se tratasse. É possível também juntar telepaticamente dois inimigos para realizar um ataque duplo. Parece estranho, mas na prática é muito bem aplicado. Não esquecer do seu gato, que permite criar oportunidades de distração dos guardas.

Toda a ação se desenrola em tempo real. No entanto, existe a possibilidade de usar a habilidade de parar o tempo e traçar uma sequência de movimentos para o bando antes de executá-los todos de uma vez. Com isto é possível abater rapidamente o inimigo e recorrer ao arbusto ou casa mais próxima que possibilite esconder o corpo, para não alertar os guardas para a sua presença. É de facto um conceito interessante que deixa o jogador escolher pormenorizadamente o seu tipo de jogada.


De notar que é possível combinar estas ações a oportunidades que o ambiente proporciona ao jogador. A presença de cavalos ou touros, combinam na perfeição com a habilidade da moeda de John Cooper, ou elementos como rochas ou até sinos das igrejas, que se tornam armas mortíferas e bastante plausíveis de um acontecimento aleatório sem intervenção do bando.

Mesmo com todas estas habilidades e combinações possíveis, a maior parte das missões são passadas a tentar evitar os olhares dos inimigos. Neste caso, os arbustos são o maior ponto de fuga das personagens. É claro que também é possível usar uma parede ou uma rocha como ponto de fuga.

A juntar a esta mecânica de fuga, acrescenta-se a mecânica de pressionar um simples botão para salvar cada progresso na missão. Sim, ao contrário dos filmes de Cowboys onde quem é mais rápido no gatilho ganha, em Desperados III quem é mais rápido a carregar no “save” é o provável vencedor. Até o próprio jogo alerta o jogador a cada 60 segundos para salvar o seu progresso. É claro que esta notificação pode ser desligada, mas acentua toda a premissa de tentativa e erro.

Cada missão pode levar facilmente horas a ser ultrapassada, tanto por serem extensas como por serem complicadas de chegar ao objetivo principal. Os inimigos têm, o que se chama de visão em cone e com a ajuda de uma ferramenta é possível acompanhar o trajeto da mesma. Esta ferramenta também é útil para saber o grau de atenção que os inimigos têm perante cada ação. O tracejado indica que tem visão reduzida sobre o ponto, como por exemplo a grandes distâncias. Neste caso é possível atravessar o caminho numa posição mais baixa, por outras palavras, que não seja a andar normalmente. Dentro desta ideia existem cores, o verde indica que é seguro avançar, o amarelo indica que o inimigo está ciente que algo se passa e o vermelho indica que o inimigo tem mesmo a certeza que a personagem se encontra naquele raio de ação, normalmente é quando o mesmo inicia o ataque. Acontece que normalmente cada “outpost” está recheado de olhos que protegem cada canto, o que torna importante o mapeamento prévio da zona.


No sentido positivo, este título não introduz nenhum movimento surpresa por parte dos inimigos. Cada movimento é cronometrado e certinho, a menos que o jogador os alerte, ou falhe a missão de esconder um corpo devidamente. Neste caso, soa o alarme e todo o outpost será alertado para a presença de inimigos nas imediações. O resultado terá quase sempre o mesmo desfecho fatal. Se um dos elementos do grupo morrer, a missão termina, voltando assim ao ponto de “save” anterior.

Algumas missões introduzem elementos novos, que tornam toda a experiência refrescante. A inclusão de comboios que servem de parede para o outro lado da linha e que força o jogador a ter um timing perfeito para abater os inimigos.

Todo o esquema de teclas apresentado para o comando, neste caso PS4, está bem estruturado, mas por vezes sente-se a falta de um simples deslize de rato para selecionar a equipa toda, ou com o simples toque de uma tecla para abrir, fechar e rodar o mapa. A curva de aprendizagem também está presente neste sentido, no entanto, com o avançar da aventura e experiência acumulada todas estas noções são meras coisas do passado.

        
Desperados III é um jogo divertido e com muita tática à mistura. Há de facto imenso sumo para ser espremido e o facto de se poder embarcar nesta aventura várias vezes e abordar cada situação de maneira diferente é um aliciante tanto para veteranos como para novos jogadores deste género.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Dead Good PR.

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