Gunman Clive HD Collection


Gunman Clive foi inicialmente pensado para integrar a biblioteca de jogos para telemóvel, tendo entretanto chegado a múltiplas plataformas. Agora, aproveitando a popularidade de jogos de estilo western recentes, é-nos apresentada a versão HD Collection de Gunman Clive, com os dois títulos da série agora na Nintendo Switch. Honestamente, neste sistema é como se estivesse em casa.

Este jogo foi totalmente pensado pelo produtor individual Bertil Hörberg e, a meu ver, é bem explicito seu o amor por jogos de plataformas.

Gunman Clive é um flashback desse género de jogos na velhinha SNES, um jogos de acção e plataformas. Um bom exemplo do que poderemos esperar da jogabilidade é algo parecido com um mix entre o Megaman e o Darwing Duck.

A sua mecânica é executada na perfeição, misturando elementos incrivelmente familiares em arranjos de certa forma novos e desafiantes. Embora abrace o minimalismo a nível gráfico, com uma palete de cores em tons de castanho no primeiro e uma palete de cores mais abrangente na sua sequela, deixa completamente de lado o estilo 8 bits para algo mais contemporâneo, numa combinação de modelos 3D e sombras, talvez mais atraente para a maioria. Poderá tornar-se um pouco cansativo para os olhos passado algum tempo debruçado no mesmo.

A história simplista do protagonista silencioso que salva a rapariga é realmente comum. No entanto consegue ter o seu “quê” de charme, nem que seja pelo ridículo que rapidamente a história e a situação em si se torna. Adicionando mais charme é a inversão feminista amigável da história, onde o próprio Clive interpreta a desafortunada donzela raptada, enquanto a Ms. Johnson terá de enfrentar os inimigos tornando-se assim a heroína do guião.

Relativamente à sua sequela, teremos de acabar de vez com os bandidos aliens/robôs/patos? Yep! Basicamente é derrotar todos os inimigos que encontrarmos pela frente, ou se o conseguir, evitá-los e chegar até ao embate final.


Em termos de jogabilidade, é um jogo de salto e disparo bastante básico, que raramente se desvia deste padrão. Não existe nenhum tipo de habilidade para deslizar ou esquivar, apenas o movimento de corrida através dos níveis. Por outro lado, há momentos em que a reacção rápida dos jogadores é requerida, especialmente à medida que passamos de nível. É suficientemente simples para que qualquer tipo de jogador consiga dominar as suas mecânicas.

Existem três personagens iniciais para escolher e um quarto disponível após terminar o jogo. Dentro destas três personagens disponíveis poderemos equiparar níveis de dificuldade (fácil, normal e difícil), mesmo que dentro destes níveis de dificuldade que enunciei seja possível controlar a dificuldade. Passo a explicar:
  • Gunman Clive (fácil) – É possível manter o movimento continuo enquanto se dispara. Temos ao nosso dispor até 4 armas diferentes que poderemos apanhar após derrubar o inimigo (as armas aparecem de modo aleatório).
  • Ms. Johnson (normal) – É jogada de forma semelhante ao Clive no entanto à medida que dispara a arma não é possível manter o movimento continuo, ou seja, ou se dispara ou se movimenta a personagem.
  • Chieftain Boh (difícil) – Um personagem nativo americano onde o modo de jogo é totalmente diferente. Não usa uma arma de fogo mas sim uma lança, onde só nos é possível atacar o inimigo aproximando do mesmo. 
Há ainda a possibilidade de apanhar upgrades para a arma, de certa forma é como se fosse uma arma diferente. É altamente recomendável apanhá-los, uma vez que irá ajudar bastante a derrubar inimigos. O mais comum é o disparo de três balas de cada vez, similar a um tiro de shotgun. Temos também disponíveis armas de tiro de laser e lançadores de foguetes. Atenção que ao ser atingido o jogador perde o upgrade da arma ficando desta maneira com o revolver inicial.


Considerando as três dificuldades, acabei por jogar em modo normal onde me deparei com desafio equilibrado: não muito difícil, mas também não é super fácil. Os primeiros níveis podem dar uma falsa impressão de pouca dificuldade, mas à medida que avançamos a mesma começa a apertar, muito devido ao posicionamento das plataformas e inimigos, que podem dar um bom teste às capacidades de cada um. Não há checkpoints, portanto cada nível terá de ser terminado sem morrer.

O maior desafio para alguns poderá ser nas batalhas contra os bosses que ocorrem em intervalos regulares. O jogador pode precisar de um bom número de tentativas antes de perceber o padrão de ataque e as mecânicas do “chefão”.

Embora ambos os jogos sejam quase idênticos, vale a pena referir que existe uma mudança significativa a nível de detalhe e construção do nível. Claro está, é aconselhável iniciar a aventura com o primeiro, super divertido e com um óptimo design relativamente ao nível. A sequela, por sua vez faz com que o original pareça um protótipo. Não quero de maneira nenhuma denegrir a imagem do primeiro título, quero sim, ressalvar o bom trabalho exibido na construção do Gunman Clive 2, porque apesar da mecânica ser exactamente a mesma, a ambição e personalidade é elevado a outro nível. Uma coisa que realmente gostei no segundo título foi o facto de o mesmo não se concentrar numa linha de pensamento por muito tempo. Cada nível oferece geralmente um novo desafio ou alguma novidade, o que mostra também o crescimento do seu desenvolvedor.

Enquanto estamos embrenhados nas dificuldades que encontramos nos níveis, uma boa banda sonora pode fazer a diferença. Realmente é o que acontece neste título, uma banda sonora motivadora sempre inspirada no tema faroeste, que consegue ajudar no processo de repetir o nível pela décima primeira vez (falo por experiência de um amigo claro…).


Normalmente não sinto grande apetite de voltar a jogar um jogo, especialmente tão finitos como são os de plataforma, no entanto o charme deste título realmente manteve a chama acesa. Os quatro personagens disponíveis também podem ter contribuído para esse efeito. Diria que realmente vale a pena o tempo investido a tentar terminar esta aventura.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido por Bertil Hörberg.

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