Dragon's Lair Trilogy


Se tudo e todos nos dias de hoje têm lançado versões remastered dos seus jogos com 20 anos nas costas, o famoso Dragon’s Lair também decidiu chegar às mãos de todos numa versão HD para reviver a aventura ou simplesmente jogar pela primeira vez. Agora disponível na Nintendo Switch, a aventura animada surgiu em 1983 e foi, como é evidente, um espanto para todos. Mas se nessa altura foi surpreendente, a sua jogabilidade nos dias de hoje já é outra questão.

Mesmo sendo uma trilogia onde Dragon’s Lair I e Dragon’s Lair II: Time Warp têm o mesmo protagonista, o terceiro, Space Ace, ocorre num cenário completamente diferente com protagonistas diferentes, embora a jogabilidade seja exatamente a mesma. Podemos dizer que Dragon’s Lair foi o fundador do Quick Time Events (QTE), popularizados mais tarde em jogos como Shenmue e os primeiros God of War.


Dragon’s Lair nasceu nas arcades e chegou a várias plataformas, oferecendo uma nova experiência fora do que era normal para os jogadores, com a apresentação de um cartoon com aquele estilo americano bastante old school e até cómico. A ideia é pressionar os botões correctos no tempo correcto quando surgem na parte inferior do ecrã para que a aventura avance, caso o jogador falhe ou se engane no botão que é apresentado no ecrã, receberá uma animaçao do protagonista a falecer. O que é de destacar nesta trilogia é mesmo a qualidade da animação, comparável a qualquer filme lançado nesta época.

Agora falando por capítulos, começando com o primeiro jogo da trilogia. Dragon’s Lair é inequivocamente o mais simples de todos e até diria o mais difícil. A aventura começa com a entrada no castelo onde a princesa Daphne foi raptada e está a ser mantida como refém por um Dragão, daí o título Dragon’s Lair. O nosso protagonista é Dirk, um soldado vulgar que vai numa missão perigosa para resgatar a princesa. Este castelo onde a princesa se encontra está carregado de monstros, fantasmas, animais e imensas armadilhas para derrotar Dirk.

O jogador irá entrar numa quantidade pequena de salas, em cada uma destas irá enfrentar estes inimigos acima mencionados. Entre armadilhas e batalhas na luta contra o mal, o jogador terá de pressionar os botões apresentados para seguir em frente e passar para a próxima sala, até chegar à caverna onde o Dragão se encontra juntamente com a princesa. Ao derrotar o dragão salvamos a princesa e damos por terminado o jogo.


Deverá de levar cerca de 15 minutos para terminar o primeiro jogo, que obriga o jogador a ultrapassar todas as salas do castelo, mas cada uma leva cerca de um minuto, se tanto. De referir que se irá perder vezes sem conta, pois neste primeiro título os QTE são extremamente rápidos.

O segundo título foi Dragon’s Lair II: Time Warp. Neste já se nota uma diferença grande em relação ao primeiro e aqui será mais fácil ter noção dos QTE, pois no próprio ecrã surgem de forma clara e os botões a premir contam com um tempo de decisão um pouco mais longo. Além disso, a história está muito melhor. Neste capítulo, Dirk já tem voz e existe uma grande variedade de personagens, o que acaba por ser mais divertido, pois no anterior a única personagem com voz era a princesa Daphne.

As animações deste segundo jogo estão soberbas e aqui, tal como o título indica, Dirk viaja no tempo, passando por cenários como Alice no País das Maravilhas e até um que me marcou imenso, com Beethoven a tocar no piano uma das suas sinfonias mais famosas. Aqui a aventura é realmente muito superior e mais enriquecedora que a do seu antecessor.


Por fim, Space Ace, como o nome indica, conta com a ação no espaço. Aqui o protagonista é Ace, juntamente com a sua companheira, numa demanda para derrotar o malvado Borf que usou um raio especial para tornar Ace numa criança. O objetivo é voltar ao estado normal e defender a terra desta ameaça. Este deu-me a entender ser o jogo mais curto de todos e além disso o mais fácil. A qualidade está lá e marca pela diferença de tema, mas que os jogadores podem estranhar um pouco.

Agora para referir a pior parte do jogo e que o torna pouco jogável por assim dizer. A ideia, como acima referido, é muito boa sem dúvida alguma, mas jogar esta trilogia implica não poder olhar atentamente, quase não prestar qualquer atenção ao que se está a passar. Ou se vê a animação, ou se joga, pois se estivermos atentos à animação será impossível premir os botões corretamente a tempo, a não ser que se saiba de cor os botões a ser pressionados. Por causa disso a experiência torna-se um pouco negativa nestes títulos, pois apreciar as animações significa perder. O que vale é a possibilidade de assistir à animação como um filme, antes ou depois de jogarem os jogos.

Algo positivo mas que não preenche muito do tempo é assistir à entrevista dos criadores e aos tais vídeos/filmes de cada jogo. Além disso, não há muito mais a fazer porque o jogo não tem alternativas pelo caminho, a história será sempre a mesma e é mesmo uma experiência que o jogador irá ter a curto prazo, pois os jogos são bastante pequenos.


No geral, o jogo é bom porque é algo refrescante, mas o facto de nos impossibilitar estar atento a ambos os acontecimentos (pressionar os botões e apreciar a animação) estraga a experiência da qual se quer tirar proveito. Ainda pior é o facto de ter sido colocado à venda por 19.99 euros, com o conteúdo escasso que tem, o que acaba por torná-lo apenas em algo para ter na biblioteca como um clássico que fascinou os jogadores na altura do seu lançamento.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Digital Leisure.

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