Alentejo: The Tinto & the Ugly


¡Buenas tardes, forasteros! Andei uns tempos por Espanha, mais concretamente numa pequena aldeia algures ali perto do Alentejo, que faz fronteira com a região. Há uns largos meses havia-me aventurado por Alentejo: Tinto's Law com a promessa que a aventura iria regressar, maior e melhor, com mais tiros, referências e muita ação. A espera terminou agora, num jogo com algumas horas apenas, mas que o tenho repetido porque há ali coisas que ainda não encontrei. Eis Alentejo: The Tinto & the Ugly!


Logo a seguir aos acontecimentos de Tinto's Law, Gildo, Dolores e Pepe, o trio maravilha alentejano que se opôs à tirania de Barão Tinto, tenta reforçar a sua força para conseguir derrubar o grande vilão, cujo principal crime é deixar a população à sede. Isso e a sua grande tirania, mas o vinho é mais importante. Tiveram uns tempos atribulados, entre muitos tiroteios, ter a simpatia da população e ganhar a sua confiança, ou até mesmo enfrentar o Barão Tinto frente a frente, preparam-se agora para abraçar novos horizontes perigosos, com situações de vida ou morte: visitar Espanha.

É esta a premissa de The Tinto & the Ugly, logo na missão inicial é-nos pedido para ir a Espanha pedir um favor ao irmão do Zé da tasca, pois precisamos de reforços para lidar contra o grande vilão. Curiosamente, há alguma exploração possível antes de avançar na aventura, podendo explorar os perigos do primeiro jogo, com cavernas agora conhecidas que podemos matar saudades, se assim quisermos. Se não, avançamos para Espanha sem as benesses da nossa exploração pelo Alentejo, que nem demora assim tanto.

Acompanhando Gildo temos Dolores, a Bonnie para o Clyde lá do sítio, que após uma breve adversidade conseguem passar fronteira e chegar a Espanha, com um plano em mente. Com algum portunhol à mistura e muito risco, rapidamente o duo encontra-se a explorar além fronteira, seguindo entre objetivos para ganhar a confiança de quem os pode ajudar. Espanha é na realidade também uma pequena aldeia, cheia de peripécias e bem habitada por um bom grupo de personagens diferentes com os seus quotidianos.


The Tinto & the Ugly é uma grande evolução do seu antecessor, ganhando algumas mecânicas com novos estilos de jogo, entre um bom sistema de missões! Há uma boa dose de side-quests a fazer, várias personagens têm algumas necessidades que vão de recuperar material roubado a encontra uma bola de futebol, porque o desporto rei não pode parar. Cumprir estas missões dá-nos reputação, tornando-nos em notórios forasteiros, uma mecânica, obrigatória pois temos de ter esse reconhecimento para continuar o jogo. Gostei, andei entretido tanto pelo Alentejo como por Espanha a ajudar os aldeões de ambos os lados com os seus problemas. Uma nova aventura, mais extensa e que agora podemos gravar em qualquer momento, bastando falar com qualquer fogueira como Dark Souls nos habituou.

Outro modo de ganhar reputação, aliado a uma outra novidade, são os duelos típicos dos westerns, onde ambos os cowboys aguardam pelo fim da contagem para disparar. Há muito mais um toque de cowboyada nestes duelos, tal como noutras mecânicas como andar a cavalo a saltar ou agachar para não levar dano, dependendo do tipo de perigo que surge. Outros tiroteio-os colocam Gildo numa espécie de on-rails shooter onde vamos disparando contra os inimigos, tudo coisas possíveis devido a uma melhor direção artística nesta sequela, resultado do aumento da equipa responsável pelo jogo. Visualmente há muito mais detalhe, ecrãs de game over detalhados, ilustrações, momentos de ação que nos colocam melhor na cena.

Tudo isto num formato compacto, aliando o conhecimento que temos hoje em dia ao desenvolvimento possível no bem portátil formato da Nintendo Game Boy original, e todas as suas limitações, que a Loading Studios teve como objetivo cumprir à regra! Continua a ser um estilo artístico que adoro, tanto a consola sucessora já com cores como a Game Boy Advance que surgia a seguir continuam, ainda hoje, a ser o meu estilo visual retro favorito, deixando-me curioso como seriam estes jogos no Alentejo já com alguma cor, nessas outras consolas da Nintendo. À semelhança de Tinto's Law, esta sequela fez-me viajar no tempo, o que me deixou bem feliz!


Certo que há alguns pontos menos positivos, de bugs visuais a alguns slowdowns sem qualquer motivo, tornando o jogo lento sem o parar totalmente, contudo. A ação podia também ser um bocado refinada, embora ganhemos algumas vantagens como poder ter duas pistolas em simultâneo (como um bom forasteiro), mas às vezes mal nos mexemos e já estamos a levar um tiro, sem grande capacidade de resposta pelas limitações dos tiros ortogonais, contra tiros de todas as direções vindo dos inimigos. Felizmente, os puzzles estão melhorados e não há tanta exploração subterrânea, facilitando a nossa aventura mesmo quando os inimigos parecem ter sempre vantagem.

Existem ainda segredos espalhados pelo jogo, algo que embora já o tenha recomeçado, ainda não consegui encontrar tudo, ao que não vou descansar até completar tudo a 100%, algo que até somos convidados a fazer porque, após o concluir, podemos passar algum do progresso obtido nesta nova visita ao jogo. Visita ajudada por personagens secundárias cheias de referências da minha infância, que juntamente ao Alentejo sem Lei juntam-se referências da década de 90, com o toque humorístico de Herman Enciclopédia, entre outros.


Talvez ainda não me tenha conformado com o final do jogo, ao ponto que me leva a querer acabar tudo, todas as missões na esperança que haja ali algum segredo extra, pois terminamos num novo cliffhanger, que nos levará a um terceiro jogo. Já o primeiro havia seguido esta estrutura, mas teve um final mais composto, enquanto que este acaba mais repentinamente sem grande conclusão. Cá estarei para as novas aventuras de Gildo, Dolores e dos seus novos aliados, e principalmente de Pepe que não teve grande presença neste jogo.


Terminando, valeu bem a espera por Alentejo: The Tinto & the Ugly, mais aventuras de Gildo são muito bem-vindas! Um jogo que evoluiu o que Tinto's Law nos trouxe, muito do resultado do crescimento da equipa da Loading Studios, que destaco em seguida:

  • Game Designer: Ivan Barroso;
  • Level Designer: Vasco Oliveira;
  • Lead Game Developer: Daniel Penão;
  • Artista: Marta Vaz;
  • Artista concetual: Raquel Neves;
  • Artist de animação: Rui Barata;
  • Compositor: Rui Rodrigues;
  • Estagiários: Ana Júlia e Rui Correia;
  • Game Developer (versão PC): Rúben Sousa;
  • Com agradecimentos especiais a Marta Arnaldo, João Canelo e Tiago Pimentel.


Nota: Análise efetuada com acesso à versão final do jogo para PC, gentilmente cedido pela Loading Studios.

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