Ball x Pit


Sem dúvida que este ano tem sido marcante na consolidação do género roguelite. Títulos que testam a paciência do jogador, onde o principal objetivo é perder, aprender e voltar mais forte, encontram o seu espaço com cada vez mais criatividade e variedade. Ball x Pit surge nesse contexto quase sem aviso, com uma demo lançada discretamente algum tempo antes do seu lançamento oficial, e bastaram-me poucas horas para perceber que estava completamente agarrado ao ecrã.


Com mecânicas simples, jogabilidade viciante e uma inesperada dose de ciência na movimentação da personagem, Ball x Pit consegue algo raro: ser, ao mesmo tempo, familiar e refrescante. É como se Arkanoid e um city builder minimalista se tivessem cruzado. Uma mistura que, em papel, pode parecer absurda, mas que, na prática estimula todos os sentidos do jogador.


Sem qualquer tipo de narrativa, o jogo entrega o essencial: chegar ao último nível do gigantesco poço (pit) que lhe dá nome. Dividido em oito biomas distintos, o jogador enfrenta inimigos de múltiplas formas e comportamentos, entre ataques corpo-a-corpo e à distância. Posicionado na base do ecrã, o objetivo é simples e implacável: destruir tudo antes que os inimigos o alcancem. Quando o fazem, o dano é inevitável, o que incentiva um ritmo de jogo rápido, quase hipnótico, que mistura precisão, reflexo e improviso.

O arsenal de bolas e combinações possíveis é o grande trunfo do jogo. Há algo profundamente satisfatório em experimentar diferentes tipos de ataque e ver as reações em cadeia que se seguem. É aquele tipo de mecânica que faz o jogador pensar “só mais uma partida”, até perceber que já passou mais uma hora.


Mas o que torna Ball x Pit verdadeiramente viciante não é apenas a sua jogabilidade. É o seu sentido de progressão, a constante promessa de desbloquear algo novo. Uma extensa lista de unlockables mantém o jogador curioso, motivado e, acima de tudo, recompensado. Cada tentativa frustrada serve um propósito, cada derrota é um passo rumo à próxima descoberta, já que assegura sempre algo da run perdida: os recursos que são usados para a construção ou upgrade dos mais diversos edifícios na cidade.


Ball x Pit entrega simplicidade bem executada. Não precisa de gráficos exuberantes nem de uma narrativa complexa para prender o jogador. Basta-lhe a pureza do desafio e a satisfação que vem do domínio mecânico. Num panorama de jogos cada vez mais sobrecarregados de camadas e sistemas, Ball x Pit recorda-nos o essencial: jogar continua a ser, acima de tudo, sentir o prazer do controlo, do erro e da superação.


Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a PC, gentilmente cedido pela Cosmocover.

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