Pokémon Legends: Z-A — Nintendo Switch 2 Edition
Parece que foi há pouco tempo, mas já se passaram 12 anos desde o lançamento de Pokémon X e Y, o que me deixa a pensar como é que passou tudo tão rápido. Na altura foi um jogo importante, pois não foi o primeiro lançamento em simultâneo globalmente, como foi a primeira vez que eu e o Telmo recebemos um Pokémon para cobertura. Levou-nos à região de Kalos, cuja principal inspiração é a França cosmopolita, com a desculpa de partir para mais uma demanda em apanhar umas quantas criaturas. Voltamos agora à região, mais especificamente à sua capital Lumiose City, para uma nova aventura!
Pokémon Legends: Z-A foi um dos jogos que mais aguardei este ano, não só pela desculpa de poder voltar a Kalos, mas também, por continuar o que foi feito em Pokémon Legends: Arceus, que há três anos destacou-se por apostar numa forma algo diferente da que já conhecíamos na série. Agora, que finalmente chegou a altura mergulhar em mais um jogo Pokémon disse adeus ao mundo, fechei-me em casa e mergulhei por completo em tudo o que este novo lançamento tinha à espera. Isto enquanto dei um total blackout a tudo o que era conteúdo relacionado com o jogo, fora os anúncios oficiais, e sem entrar em grandes detalhes: ainda bem que o fiz, valeu bem a pena!
Somos recém-chegados à cidade e, como bons turistas, não temos propriamente um grande plano para como passar o tempo. Rapidamente temos a importante escolha de qual o Pokémon parceiro que vamos treinar, um trio composto por Chicorita, Tepig e Totodile, que à semelhança de Legends: Arceus pede emprestado os starter Pokémon para nos lançar para a aventura. Demanda esta bem mais tranquila que o jogo que nos lançou em Hisui, nesse que foi um isekai (estilo de história onde o protagonista é transportado para outra realidade), que agora em Legends: Z-A somos simplesmente alguém de visita.
Lumiose City surge como uma metrópole bem diferente daquela que explorei em Pokémon Y, não só por ser agora uma enorme cidade para visitar, como está a decorrer um plano de desenvolvimento urbano, tornando-a um sítio onde pessoas e Pokémon podem coexistir. O resultado disso são as Wild Zones, áreas específicas por toda a cidade onde capturamos Pokémon diferentes, como se fossem as tradicionais Routes que a série tão bem nos deu a conhecer. Criaturas que o jogo faz questão de dizer se já apanhamos todos de cada Wild Zone ou não, caso queiramos completar tudo antes de continuar com a história, algo que agradeço imenso! E apanhar tudo o que é criatura, à semelhança do jogo anterior, podemos logo atirar com uma Poké Ball e rezar que apanhe. Mas, preferia sempre derrotar um Pokémon e, no curto espaço de tempo entre eles estarem atordoados e desaparecerem, era quando os tentava capturar, geralmente com sucesso.
É uma espécie de um open-world, pois podemos explorar livremente toda a cidade com um ou outro pequeno bloqueio, mas o mapa é bem reduzido quando comparando com Pokémon Scarlet e Violet. No entanto, há muito para fazer pela cidade sejam pelas missões principais como as dezenas de missões secundárias que vão aparecendo, ao que ignorei grande parte delas, pois o meu foco era mesmo chegar ao fim do jogo primeiro. Digamos que, ficando apenas na história principal e um ou outro desvio, foram cerca de trinta horas de jogo, que se vão multiplicar por muitas mais agora que o meu foco está em ir concluindo tudo o que é missão e apanhar todos os Pokémon. Hei de completar tudo o que é missão, a seu tempo, agora que dei por concluída a minha aventura.
Dando já a nota, esta análise foi feita através da Nintendo Switch 2, que tira partido de loadings mais rápidos, da maior resolução, mais detalhe e mais frames por segundo, estes que estão constantemente fluídos no decorrer do jogo, independentemente se caia o Carmo e a Trindade durante os combates. Acreditem, há momentos em que parece que nos atiram com tudo. Estou curioso de ver como será o desempenho na Nintendo Switch original, embora acredite que esteja ao nível do que foi feito com Legends: Arceus, mas, se são fãs de Pokémon talvez seja esta a oportunidade de saltar para a sucessora. Ignorando as melhorias feitas para Scarlet e Violet na nova consola, há muito que não jogava um Pokémon assim tão fluído, basicamente desde a Game Boy Advance (e mesmo esse tinha quebras).
Legends: Z-A surge, principalmente, como uma evolução do seu antecessor. Legends: Arceus levou-nos a um passado remoto, que se focava nos primórdios daquilo que se vinha tornar no Pokédex, com a principal premissa de apanhar tudo o que era Pokémon para ir-mos descobrindo mais sobre eles. Legends: Z-A foca-se noutra das principais mecânicas que marcam a série, sendo o combate contra tudo o que é treinador e ainda alguns Pokémon mais importantes. Isto reflete-se naquele que é o Z-A Royale, uma competição onde vamos subindo de rank, começando na letra Z até chegar ao topo, o rank A, sagrando-nos o mais forte treinador de Lumiose City!
Para treinar? Todas as noites em Lumiose City surgem áreas onde todos os treinadores se juntam para combates, onde encontramos ainda uns objetivos especiais como usar ataques de determinados elementos ou apanhando os nossos adversários desprevenidos. É importante apanhar o máximo de pontos possíveis para conseguir ter acesso aos combates de promoção, avançando na história, como também é vital apanhar umas medalhas que se transformam depois em dinheiro. E, acreditem, vão querer ter muito dinheiro, não só para comprar tudo o que é item de cura, Poké Balls ou itens para evoluir Pokémon, como comprar a muita roupa disponível para poder vestir a nossa personagem a rigor, com inúmeras combinações possíveis, naquilo que gostaria que fosse um standard para a série a partir de agora.
Esta é também uma evolução notória naquilo que foi o combate em Legends: Arceus, que apesar do controlo mais livre da personagem e exploração, o jogo acabava muito por seguir os padrões tradicionais da série. Pokémon Legends: Z-A aposta num sistema de combate mais de ação, onde os turnos são trocados por ataques que demoram o seu tempo a poderem ser usados novamente, sem limite do número de vezes que os podemos usar. Estava cético, mas admito que foi uma transição que adorei muito porque o jogo cria desafios e estratégias para tirar partido do sistema. Pela aventura surgem combates contra Pokémon selvagens que atingiram a Mega Evolution, resultando num autêntico combate contra bosses.
Cada um destes combates tem estratégias e mecânicas diferentes, onde lidamos com ataques e padrões de movimentos próprios, que ora temos de nos desviar, proteger, evitar zonas perigosas ou até mesmo enfrentar Pokémon que surgem do nada, tudo com mecânicas que me lembram dos RPGs online que tanto jogo. Isto porque a nossa personagem não pode ser atingida, pois se recebe dano o suficiente (que nem é preciso muito) é game over. Há desafio e gostei dele, não é demasiado e, mesmo em caso de derrota, podem continuar com algumas ajudas caso fiquem presos num ou noutro boss destes. Quanto aos combates contra os treinadores estes usam também ataques que moldam as zonas de combate, usam muitos ataques que nos dão Poison, Paralysis ou Sleep, aqui também muito bem adaptados ao novo estilo de combate mais movimentado.
Um dos temas principais do jogo é a Mega Evolution, melhor explorada que na geração onde ela surgiu, até. Muito relevante para a história, tal como para colecionar todas as pedras que permitem os nossos Pokémon atingir esta evolução, ao que podemos construir uma equipa dedicada só a estes Pokémon. Só é possível ter um transformado neste estado, algo possível após encher uma barra de energia comum a toda a equipa, o que leva a alguma (ligeira) estratégia para combates onde somos praticamente obrigados a usar a Mega Evolution, se não quisermos ser derrotados facilmente. É também tema recorrente contra tudo o que são personagens importantes, com animações próprias quando a usam nos seus Pokémon de destaque, como se tivessem usado a série de animação como referência.
Destacando as personagens, esta não é uma aventura que avançamos sozinhos. Logo no início somos membros oficiais da Team MZ, protetores da Lumiose City cujo propósito é lidar com os Pokémon selvagens que nos colocam em perigo. Legends: Z-A dá um foco enorme às personagens que nos acompanham, sejam elas companheiros como rivais que enfrentamos no Z-A Royale, a outros como a investigadora Emma, ou Mable, que assume aqui o papel de Pokémon Professor, depois do seu passado conturbado em Pokémon X e Y. São personagens importantes bem presentes no decorrer da aventura, o que me leva a sentir falta de algo que seria a oportunidade perfeita de o fazer: voice acting.
Todas as personagens que nos acompanham estão muito bem animadas, as sequências de história tal como as que espero de muitos RPGs, são vivas, que só pecam pelo silêncio constante que acompanham as falas. Sendo este uma espécie de fuga ao padrão da série principal, era perfeito apostarem também nas vozes das personagens, dando vivacidade à história do jogo e podendo, quem sabe, marcar um novo rumo para a série. E sublinho, várias das sequências de história estão incríveis, da animação às surpresas que acontecem, até mesmo à interação entre personagens nos momentos mais calmos, que mereciam também falas.
Pegando na história, ou na própria progressão, este é um jogo sem qualquer enchimento de chouriço. Rapidamente nos coloca a avançar de missão em missão, surgindo novas personagens pelo meio com os seus dramas, que não demoram muito a ser resolvidos. Honestamente, mesmo com horas extensas de jogo queria que Legends: Z-A se estendesse um pouco mais, que explorasse ainda mais as personagens ou nos levasse a mais missões com elas, apesar delas serem uma constante no jogo a partir do momento em que surgem. Adorei o leque de personagens, sem entrar em detalhe há umas três que se tornaram nas minhas favoritas da série, que só tenho pena acabarem esquecidas nos próximo jogos, como é costume. Mas… quem sabe se não voltam um dia?
Visualmente este não é um jogo incrível, embora as personagens estejam bem detalhadas ao nível do que encontramos em Scarlet e Violet, com os Pokémon ali com um estilo semelhante a Legends: Arceus, embora algo mais detalhados. Ainda assim Lumiose City encanta, seja a explorar as avenidas, ruas ou becos escondidos, seja a saltar de telhado em telhado podendo explorar uma cidade por completo, que rapidamente podemos transportar, ajudando imenso a viajar rapidamente. Aqui senti falta dos patins de Pokémon X e Y, ou até mesmo usar determinados Pokémon para viajar rapidamente, pois gostava de explorar a cidade sem ter de estar constantemente a usar o mapa.
Aquilo que mais me surpreendeu no jogo foi, sem dúvida, a banda sonora. Parece que deram tudo, das músicas de combate viciantes com temas dedicados para as personagens que enfrentamos, aos Pokémon boss com uma música acelerada que dava adrenalina enquanto lidávamos com o caos. Houve momentos com músicas diferentes em que pensei "espera, estou a jogar Persona 5?" muito graças ao estilo e a maneira como se enquadrava na Lumiose City, à medida que a exploramos. E tudo isto entre temas que são remixes ou vão buscar apontamentos que tivemos em Pokémon X e Y, que agora só estou à espera que disponibilizem estas músicas para as poder ouvir casualmente.
Estiquei-me, eu sei, mas houve muito neste jogo que me agarrou por completo e faz-me querer mais. Embora não seja nada fã de DLCs anunciados antes do lançamento dos jogos, estou mesmo ansioso que lancem o Mega Dimension, um conteúdo novo que será lançado algures no tempo, apostando em 2026. Esta foi uma muito boa evolução de Pokémon Legends: Arceus, apesar de descartar a exploração numa região, por aventuras numa cidade apenas, que apesar de tudo tem um muito bom equilíbrio entre zonas para apanhar Pokémon, combates contra treinadores e missões para fazer, que vão de entregar coisas, resolver um problema local ou mostrar que apanhamos um ou outro Pokémon.
Não há dúvidas que Pokémon Legends: Z-A é um jogo obrigatório para os fãs, dando aqui um bom jogo para explorar enquanto esperamos pelo próximo lançamento da série, que provavelmente irá marcar e celebrar o trigésimo aniversário de Pokémon para o ano. É também uma boa desculpa para darem o salto para a nova consola com a Nintendo Switch 2 Edition, quem sabe aproveitar o pack que inclui já o jogo, mas se a performance não vos chatear, acredito que se vão divertir com o jogo na Nintendo Switch original.
Terminando, e com uma nota mais pessoal, foi uma aventura onde criei um protagonista em homenagem a Telmo, com o nome que outrora usava noutros jogos. De certo modo foi como avançar no jogo como se estivesse a partilhar a aventura com ele, pois sei o quão importante foi Pokémon X e Y, que descobrimos em conjunto à medida que o exploramos. Legends: Z-A seria um jogo que ele iria aguardar impacientemente, muito por Legends: Arceus ter sido dos seus favoritos.
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch 2, gentilmente cedido pela The Pokémon Company.