Street Fighter 6 (Nintendo Switch 2)
Antes de chegar à versão lançada agora numa consola Nintendo, recordemos um pouco o jogo em si: este foi o regresso de Street Fighter, após um atribulado Street Fighter V mal recebido no seu lançamento, que melhorou iteração após iteração, adicionando personagens e coisas que deviam ter sido incluídas logo no início, como o típico modo Arcade. Street Fighter 6 teve um lançamento mais certeiro, pensando num jogo quer para as lutas online como os combates contra amigos no mesmo sofá. Um jogo também pensado para jogadores veteranos como os estreantes, com métodos de controlo com atalhos e mais acessíveis.
A Capcom também pensou numa experiência para um jogador a solo, através do modo World Tour onde criamos a nossa própria personagem, avançando lutadores icónicos da série como Ryu e Chun-Li, entre outros recém-chegados onde até temos a colaboração com a SNK, ao trazerem-nos Terry Bogard e Mai de Fatal Fury ou King of Fighters. Foi um modo bem interessante, trazendo algum conteúdo para um jogador muito além da história de cada personagem no modo Arcade, criando ainda uma história no mundo do jogo que englobou tudo o que é lutador conhecido. Depositei imenso tempo neste modo quando joguei Street Fighter 6 originalmente, estando agora curioso por ter a desculpa perfeita para o poder jogar novamente, agora num novo sistema.
Street Fighter voltou às suas raízes, trouxe uma evolução nas suas personagens e atualiza o jogo a cada trimestre, com a adição de novas personagens onde, também, já conhecemos os rostos dos próximos quatro até ao ano que vem. É neste embalo que surge a versão da Nintendo Switch 2 ao que tenho dedicado bastante tempo, seja a treinar com as minhas personagens favoritas, entre as oito que estão incluídas neste Years 1-2 Fighters Edition, ou a jogar o modo de história com a minha personagem criada de raiz, com outros olhos e experiência.
De forma resumida, Street Fighter 6 corre tal como esperava: lutas fluídas entre dois jogadores com os efeitos dos combates, cenários e nas personagens tal e qual como estava habituado ao jogo noutras edições. Nota-se que há alguma perda de detalhe ao nível de texturas e até mesmo resolução, mas, no meio do combate muito passava despercebido, até porque passava mais tempo a reagir aos ataques dos adversários do que a olhar para o detalhe dos seus cabelos, ponto onde sentimos mais os sacrifícios da resolução.
Lembro-me bem da última grande entrada assim de um Street Fighter a acompanhar o lançamento de uma consola Nintendo, sendo Super Street Fighter IV lançado na Nintendo 3DS, jogo este que viciei completamente muito porque o efeito 3D fazia parecer ter ali uma espécie de mini diorama com figuras à bulha, só que… bem, os cenários eram estáticos, criando uma experiência um quanto bizarra. O mesmo não acontece agora em Street Fighter 6, onde foi feito um muito bom trabalho de otimização do jogo, oferecendo a experiência na íntegra, com tudo o que temos direito das restantes edições e não só! Como novidade para a Nintendo Switch 2 temos o modo Gyro Battle onde usamos os movimentos dos Joy-Con para fazer os movimentos e golpes tudo à base do movimento dos comandos que, por falar em movimentos, há ainda o modo Calorie Contest onde queimamos calorias (supostamente) usando os comandos, também. São brincadeiras, extras que não revolucionam o jogo tal como o conjunto de amiibo em figuras ou pequenos cartões. O seu uso é meio que supérfluo, serve apenas para carregar uma configuração de cores e fatos como uma espécie de atalho a escolher as personagens e… nada mais.
Há, no entanto, um ponto onde sentimos os compromissos desta edição para a consola híbrida. O modo World Tour onde vamos passar dezenas de horas, corre a 30 frames por segundo (com variações) o que se torna extremamente chato durante os combates. Certo, entendo que não há ali uma arena e o jogo carrega o mapa tal como é (ou assim parece), mas, aqui podiam ter feito um esforço adicional de criar níveis genéricos para que os combates fossem tal e qual como são tanto nas lutas contra amigos, desconhecidos ou contra o CPU nos modos fora este World Tour. E torna-se bastante penoso nos combates, que na exploração nem incomoda tanto honestamente, mas quando estamos perante a porrada em si, não é bom.
Pois, de resto não tenho grandes críticas a apontar, a nível técnico. O jogo porta-se tal e qual como esperava, onde agora posso levar Street Fighter 6 para qualquer lado, levando-o até mesmo para as ruas tendo… lutas de rua… Enfim. É um jogo de porrada em formato portátil onde a qualquer momento podemos pegar nos comandos e ter uma luta ali com colegas de trabalho numa pausa para almoço, para desanuviar. Há coisas que me chateiam com o jogo, algo transversal a todas as edições, que é a forte monetização onde praticamente tudo temos que comprar à parte e longe vão os tempos em que desbloqueamos fatos alternativos simplesmente por acabar o jogo. É particularmente triste quando esta Years 1-2 Fighters Edition não inclui os fatos adicionais que foram acrescentados ao longo dos anos, em que ainda nos atiram à cara colaborações com marcas que temos de pagar dinheiro a sério para obter essas roupas, pois aqui transformamos o nosso dinheiro numa moeda no próprio jogo. Sim, há níveis que foram adicionados, só que darem apenas as cores para todos os fatos principais com algumas especiais é um desconsolo.
Pondo de parte esta monetização "agressiva", mesmo que seja para fins cosméticos e sem impacto na jogabilidade em si, temos aqui um Street Fighter 6 ao nível das restantes consolas e PC, com crossplay incluído sempre nos estáveis 60 frames por segundo, independentemente de contra quem jogarem. Só recomendo que liguem sempre a vossa Nintendo Switch 2 por cabo ethernet caso estejam a planear ter umas lutas online, recomendação essa que dou para qualquer outra plataforma onde o joguem, porque nada bate a internet por cabo. Não temos cross-save ou poder partilhar os nossos feitos entre sistemas diferentes, o que é uma pena, pois ter uma versão portátil do jogo a acompanhar outra seria incrível, mas, tal não é o caso.
Se procuram um grande jogo de luta para ter na vossa Nintendo Switch 2 sempre disponível, Street Fighter 6 é uma excelente recomendação! Um jogo com rostos familiares, presonagens de outros universos dos jogos de luta e ainda algumas novidades bem interessantes onde poderão reviver as memórias a jogar Street Fighter II na Super Nintendo, ou longas tardes de verão a jogar Street Fighter Alpha 3 como foi o meu caso. Não se acanhem a pensar que têm aqui uma versão inferior do jogo comparada com as restantes, apesar da menor fluidez no modo World Tour, naquilo que mais importa este é um jogo muito bem otimizado!
Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch 2, gentilmente cedido pela EcoPlay.
Eis as personagens que nos vão acompanhar no terceiro ano de Street Fighter 6!