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Eis que chego à minha centésima contribuição aqui no Meus Jogos! Não é nenhum acontecimento especial, é mais uma efeméride que pus na cabeça que iria de alguma forma assinalar se chegasse a esse momento. Aproveito então para arrumar aquilo que ficou para trás no baú das recordações e ganhar espaço para aquilo que de novo há de vir.

Lembro-me perfeitamente do dia em que comecei a colaborar para esta publicação.

Através do convite do muito saudoso Telmo Couto, este desafiou-me a escrever um artigo onde pudesse dar a conhecer ao mundo a minha opinião escrita sobre a segunda parte do The Last of Us. Já careca (literalmente!) de saber quais eram os meus pensamentos sobre este assunto em particular, estranhei o pedido, mas decidi pôr mãos à obra. Dois dias depois envio um email com o texto e a resposta foi: “Não concordo com o que escreveste, mas gostei do que li.” O sentimento que tive foi o de passar no teste à rasquinha, mas hey… passei! Certo é que o texto viu a luz do dia e certo é que horas depois já o Telmo me estava a mandar uma mensagem a dizer que já tinha recebido feedback a mostrar algum desagrado, escrevo a palavra "algum" para ser simpático, e porque já não me lembro. A minha habilidade para fazer amigos e “amigos” é de uma eficácia que por vezes assusta. Eu sou assim… A partir daí veio a minha primeira análise que foi ao espetacular Metal Hellsinger, mais um artigo de opinião em relação ao Cyberpunk 2077 e o resto é história.

Antes de fazer um grande fast forward para os “três anos depois”, não queria deixar de escrever aqui o meu agradecimento ao Telmo por ter-me dado a oportunidade de realizar o sonho de jovem que era escrever sobre videojogos. Máxima gratidão e amizade. Tenho muitas saudades tuas, Telmo.

OK! Três anos depois, muita coisa mudou no mundo e na minha pessoa também. Embora o pouco tempo e a parca disponibilidade mental ao final do dia por vezes já não permita que tenha grandes devaneios escritos, o bichinho dos videojogos ainda por cá anda e assim permanecerá. Escrever sobre esta nossa paixão continua a dar-me prazer, tem um efeito terapêutico em mim e enquanto o “patrão” Nuno Mendes tiver capacidade de me aturar, cá estarei.

Tal como eu (e a fazer bem mais do que eu), existem dezenas de pessoas aqui em Portugal que, por carolice, ajudam a manter publicações online sobre videojogos no ativo. Ninguém é remunerado nem ninguém é obrigado a fazer isto, cada um veste a sua camisola e faz o melhor que pode com o que tem. Aqui em terras lusitanas diz-se (e bem) que quem faz o que pode, a mais não obrigado. Também se diz que “A cavalo dado, não se olha o dente” e que “Em abril, águas mil”, mas isto sou eu já a perder a concentração. FOCA-TE GONÇALO, FOCA-TE!

Muito obrigado a todos os meus camaradas que não deixam os sites amadores de videojogos deste país caírem no esquecimento e que diariamente nos informam sobre o que se passa no mundo da indústria, nos dão a conhecer novos jogos e também o que de bom se faz por cá.

Aproveitando o facto de este texto rapidamente se ter tornado retrospetivo, não posso deixar de falar sobre algo que ajudei a criar e a nutrir desde há muitos anos e que está intrinsecamente ligado ao meu crescimento enquanto pessoa que comenta e escreve regularmente sobre videojogos, o Glitch Gamecast.

Durante anos dediquei-me de corpo e alma a este projeto ao ponto de o considerar uma espécie de outro filho meu. Todo o meu tempo livre durante anos foi direcionado ao seu crescimento e isso deu frutos, mas trouxe também um desgaste que achava que nunca iria acontecer e que culminou na minha saída dos episódios semanais do Glitch no final do ano passado. Foi difícil fazer o luto da minha própria decisão, mas ele está feito e muito por culpa de umas quantas premissas de que gosto muito; nunca nada é verdadeiramente nosso, nada é imutável, nada é eterno. 

Também não fugi para muito longe... Continuo presente no multiverso do Glitch, em controlo do meu próprio tempo e disponibilidade, com as rubricas do Game Dev Lisbon e do REMAZTAAH!. Bumba! Aquele plug fofinho… agora basta dizer para botar like e subscrever ao canal e sinto que tenho a minha carreira de youtuber pronta a arrancar.

Rodrigo, Pedro, Diogo, Telmo e Sofia… muito grato por, lado a lado e durante diferentes fases deste podcast, o termos construído juntos.

Fica aqui esta maravilhosa pérola que representa bem todos os grandes momentos que passamos juntos. Obrigado Carlos Duarte, por este trabalho maravilhoso!

E é com a palavra construção que este devaneio escrito termina, comemorando uma efeméride nada importante e que só serviu de desculpa para mandar coisas cá para fora.

Desafio todos a construir pontes ao invés de muros ou barreiras, eu também vou-me esforçar para fazer o mesmo. Este mundo, nos dias que correm, parece uma cacofonia esquizofrénica amplificada por redes sociais que pouco já servem o seu propósito inicial que era de nos juntar a todos. Isto vale tanto para o mundo dos videojogos, como para tudo o resto. Andamos todos mais preocupados em arranjar coisas que nos dividem por ser mais fácil e de rápida satisfação, do que tentar encontrar aquilo que nos junta, algo que dá muito mais trabalho, mas que leva a um sentimento de realização muito mais duradouro e honesto.

Fica a dica e fica o meu obrigado a todos os que, direta ou indiretamente, têm feito e continuarão a fazer comigo esta jornada pessoal pelo mundo dos media de videojogos. Vamo-nos vendo por aí!

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