The Hundred Line: Last Defense Academy
Uma invasão súbita destrói a realidade e força ao confronto com tudo que sabemos em função da sobrevivência. O que sobrará ao fim de 100 dias?
Começa com mais um dia normal, como todos os outros. É tudo sempre igual na vida do protagonista, mesmo o ocasional alarme é apenas uma ligeira inconveniência. São tão comuns que já ninguém sabe porque soam sequer. Após um desses, em que o regresso ao normal é garantido, uma corrida atrás de um cão perdido leva a um encontro destinado. Após o encontro com uma criatura que nos diz que somos cruciais para prevenir o fim do mundo, o céu desfaz-se literalmente e começa uma invasão mortífera ao nosso redor. Forçados a lutar, conseguimos vencer este primeiro desafio e sem qualquer espaço para respirar somos arrancados para um mundo diferente. A regra? Sobreviver 100 dias no outro mundo, para podermos voltar ao aborrecido normal.
Acordamos numa sala com uma série de outros estudantes de secundário tal como nós, cada um uma personalidade bem diferente. Após uma breve explicação do mundo e de umas apresentações, começa o caos. Há quem queira lutar e seguir as regras, quem queira fugir, quem queira só ver o que acontece. Começam as discussões, as intrigas e tudo que vem de um grupo de pessoas fechado, isolado e a ter que lutar pela sobrevivência. A cada esquina mais uma pista, a cada conversa mais uma conclusão e mais ou menos um aliado, mas tudo progride em função das lutas constantes contra os invasores cujo único objetivo é ocupar a escola onde residimos estes 100 dias. A experiência diária muda e à medida que a história expande, também as opções de atividades dentro e fora da escola vão mudando. Cada uma nos leva a revelações mais e menos importantes, mas a cada pista e a cada avanço surgem mais dúvidas, impossibilidades a tensão é crescente.
É igualmente dividido em diálogos/exploração e sequências de combate. O combate acaba por ser mais uma resolução de puzzles, o que o torna sempre divertido e com muitas soluções possíveis. As mecânicas da história imiscuam-se perfeitamente no combate, a vida e a morte, sacrificar ou não personagens temporariamente apenas mais uma decisão, mais uma desumanização necessária à sobrevivência. O diálogo não tem muitas opções (pelo menos não na primeira volta e já lá vamos), mas a exploração sim, e nos dias livres as escolhas que fazemos condicionam as nossas relações, aptidão em combate e melhorias que podemos aplicar aos nossos heróis. Algumas destas opções implicam também mini jogos, a exploração do mundo destruído que nos rodeia em particular um jogo de tabuleiro muito bem conseguido.
A exploração da escola é num sistema 2D com algum CGI, as batalhas em vista tática 3D com CGI e ainda temos cutscenes à mistura. Tudo num estilo animesco muito particular, com a violência patente de todos os acontecimentos a permear a palete de cores. As expressões e a individualidade de cada personagem nota-se muito nisto fazendo com que até imagens paradas onde estamos a escolher com quem falar já nos digam muito sobre o ambiente geral. Tanto o voice acting como a banda sonora estão bem conseguidos e acrescentam a tudo que o jogo faz.
Um pormenor importante, a primeira volta ao jogo apresenta-nos uma história linear, no entanto... Há mais de uma centena de finais e são todos visíveis após essa primeira volta. Aconselho vivamente a experimentarem ganharem o controlo de uma história que parece prevísivel, mas que tem sempre mais uma surpresa.
Um jogo que faz tudo e tudo muito bem, a quem gosta de pensar taticamente, com uma história que nos absorve não há como enganar.