The House of the Dead: Remake


E que tal uma viagem ao passado? Sei que ultimamente tenho andado nostálgico, a lembrar-me dos jogos de 1998 até 2010, de quando nos sentávamos em grupo em frente a um velho televisor a jogar velhos clássicos da PlayStation, GameCube ou Dreamcast horas a fio. Tenho imensas boas memórias dos anos 90 e, uma delas, era de quando ia ao Arrábida Shopping em Vila Nova de Gaia ou ao Brasília no Porto, onde encontrávamos lojas de arcade para jogar Daytona USA, King of Fighters 98 ou SEGA Rally. Mas o meu vício estava nos jogos de tiro, desde Virtua Cop a House of the Dead.

Quase 26 anos depois temos The House of the Dead: Remake para a Nintendo Switch, o que para mim tornou-se uma autêntica viagem no tempo e levou-me de novo às arcade, embora agora numa TV e não a jogar em ecrãs com tons verdes ou cinza, e sem precisar de andar com os bolsos cheios com moedas de 50 ou 100 Escudos. Um jogo onde... bem... como o jogo indica, entramos numa mansão onde o mal reside, sendo que o mal são mortos vivos. Não confundindo com outro jogo da mesma época, que também partilha um gosto por habitações infestadas de zombies e ficção científica com teorias incríveis.


Ao manter-se fiel ao jogo original este é um jogo curto, talvez demasiado curto, pois rapidamente dentro de uma hora concluímos o jogo se tivermos continues o suficiente. No entanto o replay value dele é bastante bom, não só pela ânsia de conseguir melhores pontuações, mas por existirem caminhos alternativos dependendo das nossas ações e decisões. São várias as vezes em que temos de salvar humanos das garras (ou bem, maxilares) de zombies ou outras estranhas criaturas, e quando tal acontece além de sermos devidamente recompensados podemos também abrir caminhos alternativos. Caso tal não aconteça, pois foram devorados por zombies ou porque os matamos acidentalmente, o caminho poderá ser outro. Dei por mim a repetir níveis para tentar ver tudo e sei que ainda há muito para descobrir, até porque ainda não consegui concluir o jogo salvando toda a gente.

Para além do modo de jogo Normal, fiel ao que encontrávamos no original, partilhando as mesmas posições dos inimigos e tudo, surge o modo Horde. Tal como o nome indica são multidões de zombies que se dirigem desenfreadamente em direção ao ecrã para nos matar. Mas o que tem de difícil tem de gratificante e, resultando num banho de sangue e membros a voarem ecrã fora, tal como vemos nos filmes. Afinal toda a estética do jogo é baseada nesses mesmos filmes, desde os efeitos da bobina nos filmes ou o ruído provocado pela fita.


Mas a minha maior questão sobre este jogo, quando anunciado para a Nintendo Switch era, afinal, se os controlos por giroscópio estavam bem adaptados. Foram muitas as horas passadas agarrado a The House of the Dead: Overkill na Wii e apontar com o Wii Remote era uma experiência que me levava à infância, nos tempos que jogava Duck Hunt ou Virtua Cop, além de House of the Dead. O pointer do comando funcionava na perfeição e, olhando para trás, sinto que foi algo subvalorizado.

Então que há a dizer do mesmo esquema de controlos na Switch? A Forever Entertainment já tinha praticado em Panzer Dragoon: Remake e este novo remake comprova-o. Infelizmente não chega perto da precisão de controlos na Wii, ou das velhinhas Light Gun da Saturn ou das arcade, mas ainda assim os controlos estão bem adaptados! Nas opções podemos inclusive ajustar a velocidade e sensibilidade da mira e, até mesmo, definir se queremos aumentar a ajuda para quando dispararmos acertar com mais facilidade.

Foi preciso alguma habituação e até mesmo adaptar-me ao melhor modo de usar o Joy-Con, sendo que a predefinição é usar dois comandos, mas é possível escolher para jogar apenas com um. No final dei por mim a usar o comando como se fosse uma pistola, usando o indicador esquerdo para disparar enquanto fazia reload com o polegar. Irrita-me apenas não poder abanar o comando para recarregar a arma. Talvez o meu maior desafio foi quando me armei em pistoleiro e decidi usar dois comandos ao mesmo tempo, como se fosse dois jogadores, e deu-me um nó no cérebro carregar a arma certa. Felizmente o modo “cowboy” estará disponível brevemente, ajudando neste ponto. Também para os que não quiserem apontar para o ecrã, ou estejam a jogar em modo portátil, podem optar por controlar a mira com o analógico.


Um ponto que não deve ser de todo ignorado é a história. É insignificante e até mesmo má, mas não esperaria outra coisa de um jogo inspirado em filmes série B com má interpretação, ou neste caso, um voice acting terrível, mas é isto o que espero, e adoro! Para quem jogou Overkill, não chega lá perto embora esteja dentro do mesmo espírito, ou para quem é fã de maus filmes de terror tem aqui algo que recomendo vivamente. A própria banda sonora, embora não dê para jogar com a original, é cheesy, lembra os jogos dos anos 90 e os filmes da altura também.

Até porque este jogo é uma referência à década de 1990 e, de modo a levar-nos viajar ainda mais no tempo, podemos optar pelo modo de gráficos em Performance, que reduz imenso a quantidade de efeitos ou o aspeto visual do jogo, em prol de o jogar a 60 frames por segundo fluídos. Não que o outro modo seja mau, corre a 30 frames sem soluços, mas dei por mim a jogar em Performance pois lembrava-me melhor dos House of the Dead originais, mas com visuais mais atuais. No entanto, embora fluído, foram várias as ocasiões que vi alguns bugs bizarros, o que me deixava a pensar se eram de propósito. Desde diálogos que não carregavam logo no início, a zonas inteiras dos níveis que não carregavam, levando-me a flutuar num espaço negro sem chão (pois os zombies, quando mortos, desapareciam no abismo). Fora isso não senti muitos problemas, mesmo a jogar no modo Horde quando o ecrã se encontrava cheio de criaturas.


Concluído, The House of the Dead: Remake pode ser um jogo curto, mas voltamos a jogar “só mais uma vez", seja sozinhos ou até dois jogadores. Talvez se tivesse perdido a oportunidade ideal de ser lançado com o segundo jogo, agarrando-me ao mesmo durante bastante tempo, embora acredite que os restantes jogos da série estarão a caminho. Eu cá espero impacientemente por um novo lançamento do Overkill! Ou quem sabe, podia sair o mítico The Typing of the Dead, uma espécie de Wordle com um twist.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Forever Entertainment.

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