Never Alone: Arctic Collection

Um jogo sobre as lendas do ártico que é jogado com o calor das tradições de uma cultura.

Logo pelo menu principal, sabemos que estamos perante algo diferente. O nome do jogo aparece, não na tradução e que é o nome deste artigo, mas sim na linguagem da cultura que lhe dá inspiração, a Inupiaq. O ambiente cinzento e branco, paletes que se vão repetindo ao longo do jogo estão também imediatamente presentes, juntamente com um estilo muito particular do desenho. Com isto, começamos a nossa aventura, com uma descrição do início da lenda que vamos jogar e apresentação dos nossos personagens: uma rapariga (Nuna) e uma raposa.


Perdidas no nevão, encontram-se e iniciam o seu regresso a casa (a par, podendo ser jogado por dois jogadores cada um controlando um dos personagens). Na sua essência é um side scroller, onde vamos viajando pelo gelo e neve à procura de casa (e depois muito mais que isso). Pelo caminho, têm que se entre ajudar para enfrentarem não só a tempestade eterna, como também os puzzles e os bloqueios mais mundanos. Têm capacidades diferentes, podendo a raposa saltar mais alto e interagir com espíritos enquanto que a Nuna tem outras capacidades mais humanas.


Os puzzles são desafiantes sem serem cansativos e as partes de plataformas igualmente, sendo incrível partilhar esta aventura com alguém. Todo o background é permeado de detalhes referentes à cultura e ao ártico, as cutscenes são desenhadas no mesmo estilo onde há milénios este povo grava em marfim ou madeira as histórias que fazem deles o que são. Os conceitos de espiritualidade e ligação à natureza permeiam todo o caminho, e a narração é toda feita por um membro da tribo no dialeto original.

Uma carta de amor a esta cultura, à medida que vamos avançando na história vamos desbloqueando pequenos filmes que contextualizam a simbologia e os conceitos inerentes. Estes filmes parecem retirados de um excelente documentário da BBC, sendo todos os interlocutores apresentados com o seu nome na nossa linguagem e na da tribo. Para além do contexto cultural, são contadas muitas histórias pessoais, trazendo um carinho e uma ternura que só quem vive e respira estas culturas pode trazer. A experiência e a aventura de aprendizagem é assim, partilhada com o jogador e pelos personagens no decurso da história.


A banda sonora é muito suave e os efeitos sonoros ajudam na execução dos puzzles, sendo a tempestade sempre anunciada por um som característico. A voz do narrador é soberba o uso da linguagem da tribo traz uma magia única ao contar da história. Os controlos são simples e intuitivos e caso não haja um amigo por perto a aventura faz-se sozinho trocando entre ambos os personagens. Todos os episódios culturais estão também disponíveis no menu principal caso não queiramos interromper o gameplay. Ainda incluída na coleção está o DLC Foxtales, que nos leva numa nova história repleta de novos ambientes e aventuras (e com mais contexto ainda).


Um jogo simples, divertido e repleto por uma cultura fascinante.

Nota: Análise efetuada com base em código final do jogo, gentilmente cedido pela Dead Good PR.

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