The Crew 2


Liberdade total. Corridas em terra, ar e mar num jogo de mundo aberto onde cada jogador pode fazer o que bem lhe apetecer? A premissa de The Crew 2 é, no mínimo, ambiciosa!

Claramente inspirado na série Forza Horizon, algo notório desde o primeiro jogo, desta vez The Crew 2 não se limitou a fazer parecido. Quem se recorda do jogo Diddy Kong Racing da Nintendo 64 irá certamente lembrar-se de quão divertido era fazer corridas de barco e avião. Na altura, era a única forma de competir com a série Mario Kart, oferecendo experiências muito distintas. Este novo jogo faz o equivalente a isso para os dias de hoje, embora no caso dos simuladores "realistas" a competição seja bem mais apertada.

A ideia é boa, aliás, o trailer é espetacular, mas na prática estamos perante um jogo bastante mediano. Tudo começa com a condução propriamente dita. Seja de carro, barco, ou avioneta, o jogo fica sempre a meio termo entre um simulador mais realista ou uma experiência mais arcade, o que se reflete nos controlos. A maior desilusão foi possivelmente o controlo das avionetas que, por um lado, procura ser mais técnico e, por outro, acaba por ser muito menos preciso do que o que se pode encontrar, por exemplo, em Far Cry 5, um jogo de acção em mundo aberto também pertencente à Ubisoft.


O maior problema do jogo é a forma como parece "não querer saber". A história é simplesmente nada: o jogador é um piloto anónimo que procura a fama e vai fazê-lo ao conduzir e pilotar as viaturas disponíveis, sendo que tudo o que fizer lhe permitirá acumular seguidores nas redes sociais: a fama traz benefícios, como o acesso a viaturas melhores que permitirão obter ainda mais fama. Alternar entre viaturas? Fácil, vai-se ao menu e, de repente, do chão se passou para o ar, ou do ar para a superfície de um lago. Tudo dá pontos, mas nada é propriamente muito divertido. Duas semanas depois do lançamento, o online está vazio, o que parece indicar uma fraca adesão do público.

Nada destes problemas é irreparável tirando, talvez, a história do jogo. Sistemas de colisões, a precisão dos controlos, os próprios menus e a motivação para continuar a jogar, entre outras coisas, podem e irão provavelmente receber melhorias e correções ao longo do tempo, o que poderá tornar The Crew 2 numa experiência muito mais sólida e divertida. Da forma que está, parece apenas um conjunto de sistemas de jogo desconexos, mas que se cruzam num gigantesco e impressionante mundo aberto.

O mundo aberto é realmente o melhor deste título, uma miniatura dos Estados Unidos da América que mesmo assim continua a ser um cenário gigantesco e com uma grande variedade de paisagens. Em algumas partes é mesmo digno de mudar para o photo mode e começar a tirar capturas de ecrã. Noutras partes, porém, os cenários podem revelar-se bastante genéricos.


Há aqui uma ideia que funciona e pode ser bastante apelativa, mas a versão inicial de The Crew 2 ainda não a concretiza. A falta de polimento e coesão pedem um maior investimento da Ubisoft, que tem nas mãos um título com potencial para se tornar um sólido concorrente de Forza Horizon e com a vantagem de ser multiplataformas. Desta forma, é um jogo a pedir que se aguarde por boas atualizações ou uma simples redução de preço.

Nota: esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Ubisoft.

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