Candle: The Power of the Flame
Candle: The Power of the Flame é um jogo de puzzles em que controlamos uma personagem humanística numa sequência de acontecimentos fantásticos, num cenário pintado à mão em aguarela.
Encarnamos a personagem Teku, um "servo luminoso" ao serviço de Yaqa, o xamã da tribo Tumaykú. Com isto, Teku teve de sofrer um sacrifício, ao trocar uma das suas mãos por uma vela que nunca se deve extinguir. No entanto, a tribo Tumaykú é atacada pelos odiáveis Wakcha, um clã rival de assassinos que acaba por raptar Yaqa, o xamã da tribo. Jurando proteger o seu mestre, embarcamos com Teku na viagem por este mundo encantado para resgatar Yaqa.
Todo o jogo é desenhado à mão em aguarela, replicadas digitalmente e colocadas em camadas, fazendo-nos parecer que estamos a jogar num mundo desenhado, visualmente deslumbrante. A banda sonora é propícia a uma aventura épica. Mas como salvamos Yaqa?
O propósito do jogo é resolver puzzles através de interações muito simples com objetos, com o poder da chama ou com items que recolhemos ao longo do jogo, alguns apenas com o propósito imediato de resolver uma charada. A narrativa da história não é linear, forçando o jogador a estar sempre alerta do ambiente ao seu redor e do que vamos encontrando, pois um objeto que encontrámos no início do jogo pode ser solução de um puzzle, que desbloqueia uma porção de história que desbloqueia outro puzzle.
Não nos deixemos iludir pelo aspeto inócuo de Candle, o jogo é difícil e viciante. Às vezes a solução para os nossos problemas está mesmo à frente dos nossos narizes e nós, jogadores ávidos, habituados a resoluções típicas, não somos capazes de enxergar tal resolução. Outras, porém, são arquitetadas brilhantemente e dão uma satisfação incrível ao serem ultrapassadas. Mas as que eu mais gosto são os problemas que têm que ver com a narrativa da história, em que a história que nos é contada é a solução para um puzzle, requerendo uma apurada capacidade de abstração.
Em termos de jogabilidade, o estúdio indie espanhol Teku fez um ótimo trabalho, não confundindo as personagens com o fundo e não realçando os objetos-chave em cada nível, como é comum em alguns jogos desenhados à mão. A experiência é fluida e prende o jogador. No entanto, alguns menus de interação são restritos a uma zona pequena, tornando difícil a abordagem do jogo. O jogo é exímio em dar apenas a informação que é necessária, deixando o jogador explorar e conhecer os meandros do jogo. Até o mapa é brilhantemente engenhoso, por mostrar as conexões, diretas ou indiretas, de um ecrã para outro.
A minha experiência com o jogo foi com uma Nintendo Switch em modo portátil, realçando uma vez mais as capacidades pick and play do jogo, mas ligada a um grande ecrã é possível apreciar os maravilhosos desenhos aguarela que dão vida ao jogo. A tempo de terminar a análise, e devido ao grande conteúdo de jogo e de puzzles, não me foi possível terminar o jogo. Precisaria de um pouco mais de calma, rever todas as salas e recantos, a fim de poder solucionar o próximo desafio. É um jogo obrigatório para quem gosta de puzzles, que vai estar disponível na PlayStation 4 e na Nintendo Switch no próximo dia 26 de julho de 2018 e com versão física no final de agosto.
Nota: esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a Nintendo Switch, gentilmente cedido pela Merge Games.