The Spectrum Retreat


Análise por Pedro M. Macedo

Com apenas 18 anos, Dan Smith foi um dos vencedores do prémio BAFTA em 2016 com o primeiro protótipo de “The Spectrum Retreat”. A versão final chega agora às consolas e PC graças à publicadora Ripstone Games, responsável por trazer jogos como Stick it to the Man.

“The Spectrum Retreat” é uma narrativa com puzzles na primeira pessoa que se passa num futuro próximo, no Penrose Hotel, um estabelecimento “art-deco” refugiado do mundo exterior. Rodeado pelos funcionários de Inteligência Artificial, o jogador sente-se acomodado pela tranquilidade, luxúria e serviços do hotel. Até que uma chamada de Cooper revela que fomos levados para aquele hotel contra a nossa vontade e fará de tudo para nos tirar de lá. Após nos pedir para usarmos o elevador para chegar ao telhado, rapidamente descobre que o sistema se encontra protegido e só o jogador poderá, internamente, desbloqueá-lo.

Para isso, o jogador deve descobrir algumas pistas pelo hotel para desvender o código das portas “challenge”, portas essas que dão acesso aos puzzles e, por conseguinte, ao piso superior. Pelo caminho vamos encontrando objetos que nos dão informações sobre o hotel, a IA e a própria personagem que controlamos.


O conceito dos puzzles é simples: o jogador deve localizar a saída e usar um dispositivo que absorve e expele as cores de algumas superfícies para passar, estrategicamente, por barreiras da mesma tonalidade. Ou seja, ao encontrar uma cor laranja, o jogador deve absorver essa cor para poder passar pelas barreiras laranja. Durante os dois primeiros pisos começamos a implementar este conceito e experimentar algumas alternativas como atravessar pontes – usar uma cor diferente sobre uma barreira horizontal; ou usar geradores de cores que permitem eliminar cores desnecessárias para a prova. Mas o mais importante de tudo é a perspetiva do jogador, pois, às vezes, aproveitar uma frincha na parede permite-nos aceder a objetos mais longínquos. Por isso, é recomendado que se analise o cenário antes de tomar uma decisão e saber onde cada cor deve ficar no final de cada sequência, senão acabamos encurralados.

Todos os dias temos acesso a um novo piso e, com ele, uma nova técnica. Por mais difícil que o jogo se vá tornando, nunca me senti injustiçado como aconteceu com o The Witness. Isto porque, no referido, sempre que descobrimos uma lógica, logo a seguir temos que descobrir uma exceção para um tabuleiro semelhante e nunca nos dão indicações de nada. Aqui o jogo implementa uma nova técnica, deixa-nos descobrir o que podemos fazer com ela e só depois incrementa a dificuldade ao que foi aprendido anteriormente. Aliás esta dificuldade não aumenta porque os criadores decidiram adicionar objetos aleatórios ao cenário: tudo o que nos é dado é fundamental para a resolução. Mas claro está que se colocarmos uma cor essencial num sítio inatingível ou eliminada num gerador, o jogo penaliza-nos por esses erros e obriga-nos a recomeçar.


Embora não se notasse tanto durante os pisos de puzzles (provavelmente por ter menos detalhes e cores que o resto do hotel), senti falta de algumas opções no jogo. Para começar, o jogo corre a 30fps numa PS4 Pro. Como não corre em HDR, seria interessante haver a opção que permitisse dar prioridade a Fotogramas sobre a Resolução.

Como não podemos andar num triciclo como o Danny no Overlook Hotel, um botão para andar mais depressa não fazia mal a ninguém. Enquanto procurava as pistas para desbloquear a porta “challenge”, vou para uma divisão num canto do hotel e, sem nada, tenho que voltar para a segunda hipótese a um passo lento porque alguém se esqueceu de adicionar um botão para andar a passo acelerado.

Mas atenção: nenhum destes dois pontos é realmente prejudicial. Acontece que quando estamos desorientados, estes detalhes acabam por ganhar destaque e causam algum desconforto ou aborrecimento.

[E sim, vamos ignorar o facto do hotel ter um elevador no primeiro piso – carreguem vocês as malas pela escadaria, se quiserem.]

Podem ver uma curta amostra de dois puzzles do segundo piso, capturados pela nossa equipa numa PS4 Pro.

“The Spectrum Retreat” estará disponível nas consolas e PC na próxima sexta-feira 13, embora os jogadores Nintendo tenham que aguardar até ao final do ano. Para os jogadores da PS4, está disponível uma lista de troféus que envolve completar o jogo duas vezes com finais alternativos, mas não inclui platina.

Acima de tudo, o jogo tem imenso valor pela narrativa e pelo trabalho do elenco que lhe dá voz. Vale a pena jogar esta tão aguardada experiência do jovem vencedor Smith, porém o jogo peca por ter aproximadamente 50 puzzles que, para um jogador acostumado, conseguirá concluir em pouco mais de 4 horas. Ainda assim, quem quiser introduzir-se no género e considerando o preço, “The Spectrum Retreat” é um bom ponto de partida.

Nota: Esta análise foi efetuada com base em código final do jogo para a PlayStation 4, gentilmente cedido pela Plan of Attack.

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